“Por mais que haja quem tente ‘desconstruir a família tradicional’, continua sendo biologicamente impossível ser filho de 20 freiras ou dois barbados. Uma certidão em que constem dois ‘pais’ e nenhuma mãe – ou 20 ‘mães’ e nenhum pai – é um absurdo patente, um abuso de autoridade por parte do Estado”, diz um trecho da coluna “A Perversão da Adoção”, de Carlos Ramalhete, no jornal “Gazeta do Povo”, no final de agosto.
O texto tenta a tese que a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) – de que casais do mesmo sexo podem ter o direito de adotar crianças – é autoritária e arbitrária para o colunista. A construção textual toda diz que família só existe biologicamente, desprezando que família também pode ser construída dentro da questão de laços emocionais e afetivos. Sem falar que confunde direito com autoritarismo, nem todos os casais gay irão adotar crianças, mas o que assim quiserem poderão fazê-lo. Estamos na área do direito, não do abuso. Distorcer algo que é um direito de alguém é, aí sim, fazer uma perversão.
Um leitor deste blog, Rômulo Zanotto, ao ler um artigo sobre como uma certa mídia está usando os homossexuais para consolidar uma mentalidade conservadora, me chamou a atenção de que não tinha citado a coluna “A Perversão da Adoção”. Eu não o conhecia. Ele então me enviou uma petição com quase de 4 mil assinaturas contra o colunista.
Além disso, ele fez uma carta aberta ao jornal gazeta do Povo e ao colunista chamado “Com Quantos Ramalhetes se Faz um Buquê de Flores!?”
“Uma criança criada por ‘dois barbados’ aprenderá a compaixão, a tolerância e o respeito muito mais que qualquer um dos netos deste Sr. Ramalhete”, diz Zanotto na carta aberta.