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Manifestação pede criminalização da homofobia depois de mais um ataque a gay na região da Paulista

Por Vitor Angelo

Depois do depoimento no Facebook do blogueiro Evertton Henrique, 24, sobre a agressão que sofreu na região da Paulista nos últimos dias de junho,  militantes, simpatizantes e pessoas indignadas com a violência resolveram fazer uma manifestação contra a homofobia. Ela acontece neste sábado, 14, às 23h, na esquina de Frei Caneca com a Peixoto Gomide, na região central de São Paulo.

O relato de Henrique em nas redes sociais dá uma ideia da violência gratuita que ele sofreu.

Evertton Henrique logo após a agressão (Reprodução / Facebook Evertton Henrique)

“Não existe homofobia no Brasil! Essa é a frase que o deputado Jair Bolsonaro já disse muitas vezes por onde passa. Mas a homofobia existe sim no Brasil. E está literalmente na minha cara. Essa é uma foto que tirei agora a pouco depois que fui atacado por quatro adolescentes ontem na Frei Caneca. Me atacaram de surpresa e sem eu poder reagir. Me bateram muito, me humilharam, quebraram meu celular e depois o jogaram junto com minha carteira no bueiro. Mas eu tive sorte, nessa mesma semana um garoto no Rio de Janeiro foi morto com requintes de crueldade. Eu só fui mais uma bichinha que apanhou na Paulista. O pior é que não fui a primeira e não serei a última. O policiamento é ineficiente e a prefeitura está cagando e andando pra gente, esta é a verdade. Meu corpo inteiro dói, mas nada dói mais do que minha alma. Eu estava apenas andando, sozinho, saindo de uma balada. Eles me disseram que viram eu saindo da “balada de viado sozinho” e resolveram “brincar” comigo. Já chorei muito, já pensei muito, e não existe nada que me tire o medo que estou sentindo. Medo e raiva, muita raiva. Quando você vê algo assim na televisão, você nunca imagina que vai acontecer com você. Um me enforcou por trás, enquanto outros dois se revezavam em dar socos no meu estômago, depois me jogaram no chão e começaram a me chutar e pisar na minha cabeça. Por um milagre, ou coisa que o valha, um segurança de um prédio próximo, apareceu e espantou os marginais. Não olhei para o rosto deles. Eu só sentia medo. Tinha certeza que iria morrer. Algumas pessoas passaram por ali e me viram no chão apanhando e não fizeram nada. Agora a pouco falei com minha mãe pelo telefone e dói muito ouvir sua mãe chorar de preocupação por você. Eu não paro de chorar desde então. Eu sei que isso que aconteceu comigo é horrível, mas poderia ser bem pior. Eu poderia estar morto. Mas agora tenho a chance de contar o que aconteceu comigo e tentar alertar a todos. As providências legais serão tomadas e tomara que alguma coisa aconteça com esses marginais. […] O meu sangue está nas mãos desses bandidos e nas mãos de Malafaia, Bolsonaro, Apolinário, Papa, e de tantos outros que pregam seu ódio aos homossexuais. Agora estou por baixo, mas quando eu levantar, estarei mais forte e com mais gana do que nunca de lutar para que esse mundo seja um lugar onde os gays, lésbicas, travestis, transexuais, homens, mulheres, crianças e todos aqueles que mereçam, sejam respeitados pelo simples fato de existir. Foram só alguns arranhões que em alguns dias vão sumir da minha pele, mas as marcas profundas que deixaram na minha alma nunca serão cicatrizadas, ficarão abertas e expostas e isso me ajudará a fazer o certo sempre. Desculpe-me pelo desabafo, mas precisa colocar para fora todo o sentimento que está dentro do meu peito. E por favor, tomem cuidado, eu tive sorte ontem, e espero que ninguém passe pelo o que eu passei, mas sabemos que eu poderia estar morto agora. Se protejam, não façam igual eu que estava sozinho de madrugada na rua, vamos nos proteger, nos unir… Eu tenho fé que um dia essa minha experiência vá parecer algo tão irracional quanto a escravidão é hoje. Mas sinto que esse dia ainda está muito distante”.

Os manifestantes pedem para que levem velas.

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