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“Weekend” e o relacionamento de todos nós

Por Vitor Angelo
Cartaz brasileiro de "Weekend" (Divulgação)

“Weekend”, longa-metragem britânico, dirigido por Andrew Haigh, em cartaz em diversas cidades brasileiras, é um filme que vai além do que poderíamos chamar de um relacionamento homossexual, ele tem todos os ingredientes das relações amorosas contemporâneas.

Estão ali a questão da velocidade, da diferença e da frugalidade. Os romances hoje parecem mais velozes e fugazes que os que idealizamos como “os de antigamente”. Também parecem mais complexos, pois com a individualidade mais desenvolvida, as diferenças entre as pessoas soam mais estridentes.

Uma coisa porém universaliza todas as relações em todos os tempos, a ideia de fim, seja por separação ou a morte de um dos companheiros (o que não deixa de ser uma separação também).

Esta ideia de fim, que é a amargura e é a beleza de todas as relações  (“Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure”, como poetizou Vinicius de Moraes) é algo dado no filme, aliás o título em inglês, que significa fim de semana em português é a sua primeira pista.

No melhor estilo cinema falado, o cinema das ideias,  temos a caracterização dos excelentes atores Tom Cullen (Russell) e Chris New (Glen) dadas em pequenas gestos. Se Russell é a pessoa que tem o mundo separado e compartimentado em caixas de tênis – não existe organicidade entre seus amigos héteros, seus colegas de trabalho e o fato de ser gay, Glen é a pessoa que tem dificuldade olhar pra trás quando ocorre uma despedida, apesar do passado ter um peso, ele tenta relegar – nem sempre com sucesso – a segundo plano as memórias, aquilo que foi vivido, talvez por isto gravar em um gravador as impressões  de suas transas.

Mas apesar de tudo isto, há o encontro, aquilo que a gente nem entende que faz parte da magia da vida.  Mas como todo encontro há também as despedidas e como lidar com cada uma delas é um dos pontos altos do filme. A profundidade e a frugalidade de todas as relações – sejam elas hétero, homo ou bi – se encontram neste filme.

Porém, sem perder a especificidade de ser uma relação homossexual dentro de um contexto histórico e geográfico. Conseguir este encontro entre dialogar sobre todas as relações e ao mesmo tempo ser muito claro sobre um relacionamento gay hoje faz com que seja difícil nos despedirmos do filme. Ele está na minha cabeça por dias.

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