Blogaymachismo – Blogay http://blogay.blogfolha.uol.com.br A contribuição dos gays, lésbicas e travestis para o mundo Wed, 18 Nov 2015 02:07:18 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 ‘A reação anti-homofobia foi a mais surpreendente’, diz produtora de Praia do Futuro sobre polêmica dos ingressos http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2014/05/23/a-reacao-anti-homofobia-foi-a-mais-surpreendente-diz-produtora-de-praia-do-futuro-sobre-polemica-dos-ingressos/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2014/05/23/a-reacao-anti-homofobia-foi-a-mais-surpreendente-diz-produtora-de-praia-do-futuro-sobre-polemica-dos-ingressos/#comments Fri, 23 May 2014 22:30:05 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1703 O longa de Karim Aïnouz, estrelado por Wagner Moura, “Praia do Futuro”, tem cenas de sexo e tem nu frontal. Hoje muitos filmes, minisséries televisivas e novelas têm. Então, por que muitas pessoas saem indignadas da sala do cinema, a ponto de um professor em João Pessoa postar que perguntaram para ele, na bilheteria, se ele sabia que tinha cenas de sexo gay e depois carimbaram um “avisado” em letras garrafais em seu ingresso?

Sim, a resposta pode estar no fato do sexo ser entre dois homens e também por ter nu frontal masculino. “É claro que escancara a homofobia e o machismo destas pessoas, porque sexo heterossexual e nu feminino tem a rodo no cinema e na TV brasileira e ninguém fica indignado assim como as cenas brutais de violência que invadem nossas mentes através das imagens de muitos filmes”, diz a produtora do filme, Geórgia Costa Araújo, 44, em conversa por telefone para o Blogay.

“A relação do público com um filme é sempre imprevisível, e eu imaginava que poderia ter algum tipo de ação contra as cenas de sexo (que afinal são cenas de amor), mas a reação anti-homofobia foi o mais surpreendente”, conta Araújo.  “Surgiram Tumblrs com brincadeiras com o carimbo ‘avisado’, restaurante em Curitiba brincou com a palavra, avisando que lá tinha sushi, filme da Globo Filmes apoiou  o nosso…”

A produtora Coração da Selva, que Araújo é uma das sócias, também se posicionou na página do filme no Facebook e lançou a campanha #HomofobiaNãoÉANossaPraia! Wagner Moura, nesta sexta-feira, 23, entrou na campanha.

Wagner Moura contra a homofobia (Reprodução/Facebook)
Wagner Moura contra a homofobia (Reprodução/Facebook)

Quando a produtora foi noticiada sobre o caso dos ingressos carimbados, ela imediatamente ligou para a direção do cinema que disse que nenhuma orientação foi dada para que houvesse qualquer advertência na bilheteria.  “Estou muito mais interessada nas pessoas que saíram da sessão do que o mecanismo que fez o gerente ou o bilheteiro acreditarem que deveria ter um aviso prévio”, reflete.

Para além da estética, da discussão formal ou de conteúdo, o filme vai além dele mesmo em um debate que o país está travando atualmente. Praia do Futuro é um dos retratados mais expressivos do Brasil atual em que forças opostas estão em constante embate. Surge um ato homofóbico e machista e logo uma resposta contrária rebate este ato. A polêmica envolvendo o filme mostra que as contradições do país não estão mais no campo da convivência pacífica, como por séculos estiveram, elas agora estão em atrito. Praia do Futuro, neste sentido, é um filme de seu tempo, por provocar algo tão latente e urgente em nossa sociedade, e para além dele também.

Veja abaixo trailer em primeira mão realizado pela Coração da Selva com as cenas do relacionamento entre os personagens de Wagner Moura e Clemens Schick. Está avisado que contém cenas de amor!

 

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Vigiar e punir: o caso Ronald http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/07/18/vigiar-e-punir-o-caso-ronald/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/07/18/vigiar-e-punir-o-caso-ronald/#comments Fri, 19 Jul 2013 02:45:56 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1318 No começo desta semana circularam fotos do filho do ex-jogador Ronaldo Nazário, Ronald, 13, abraçado com um amigo da mesma faixa etária no aeroporto, embarcando para Ibiza, na Espanha – com a família (mas que não aparecia nas fotos). Logo iniciaram piadinhas dizendo que o adolescente era gay.

Ronald com amigo no aeroporto (Reprodução/Instagram)

Para além da homofobia internalizada de muitos homossexuais (e sites gays) que aderiram na vigilância da sexualidade alheia (reproduzindo a cultura machista que todos estamos inseridos), e também para longe da intromissão da vida privada de forma grosseira, o que é mais interessante deste episódio é como os mecanismos de controle ainda estão afiados para que, tudo que sair fora de uma certa conduta normativa, seja punido. Isto é, dentro do patriarcalismo temos regras de como se monta a masculinidade e como ela deve se comportar para estar no comando. As mulheres e os LGBTs conhecem bem – mesmo que de forma inconsciente – a mão pesada desta patrulha.

Mas engana-se quem acha que os homens heterossexuais também não sofrem com ela, claro que de uma forma muito  mais sutil. Também é violento não poder demonstrar a afetividade fraternal de forma plena, disfarçadas em soquinhos e tapinhas. É uma sociedade triste aquela que o pai ao abraçar o filho recebe o selo de homossexual e este, como “ser inferior” dentro do patriarcalismo/machismo, merece a violência física mais pura, talvez com uma orelha sendo arrancada. Que nem o surto mais louco de Van Gogh imaginaria.

É bom beijar um amigo, mostrar seu afeto a ele sem que isto tenha alguma conotação sexual. E talvez nos dias de hoje seja libertador fazer tal ato. Deixem os meninos, deixem os homens se abraçarem, chorarem, se beijarem, sem que isto ponha em questão suas orientações sexuais, com certeza o mundo será mais saudável.

Deixem Ronald em paz e vão cuidar de suas afetividades que devem estar em frangalhos pois não conseguem conceber que amizade e carinho ainda é possível, nesta sociedade ultrasexualizada e totalmente carente.

 

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Vadias de todo o mundo, uni-vos http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/05/25/vadias-de-todo-o-mundo-uni-vos/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/05/25/vadias-de-todo-o-mundo-uni-vos/#comments Sat, 25 May 2013 21:00:27 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1284 Neste sábado, 25, diversas cidades no mundo fizeram a chamada Marcha das Vadias.  A passeata surgiu quando um policial em uma palestra sugeriu que as mulheres não deveriam se vestir como vadias se não quisessem ser estupradas. Estava flagrado a vigilância pesada que elas, e por extensão as minorias, ainda sofrem. O medo de expressar afetividade (com direito a beijo na boca) entre pessoas do mesmo sexo em lugares públicos é da mesma ordem da que vigia as roupas que as mulheres devem vestir para estarem “adequadas”.

Marcha das Vadias, em São Paulo (Facebook/Clara Averbuck)

O machismo mata mulheres e LGBTs e já escrevi aqui que a luta contra a cultura machista é tanto das mulheres quanto dos gays. A cultura que crê na superioridade do homem é uma cultura que despreza a igualdade.

Não por acaso tinha muitos homossexuais na marcha e muito héteros que gostariam de se ver livre do machismo, pois ele é também opressor para muitos deles. Nem todos querem ter comportamentos escrotos para ganharem o selo de qualidade do “macho man”. E estavam todos usando saias, maquiados, abraçando suas namoradas, mostrando que é possível ser homem sem ser machista.

Esta dimensão de ter tanto homens héteros como gays em uma marcha feminista mostra esta nova fase que a luta pelos direitos humanos ganha no país. Graças a todo o movimento contra o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) acusado de racista e homofóbico, ficou evidente que a luta contra o racismo é a mesma que a contra homofobia e a que quer ver o machismo sepultado. Começamos olhar para cadeirantes e pessoas especiais sem termos mais distanciamento, afinal percebemos que para quem está no poder, as minorias são todas vadias. E nós gritamos na rua que sim, com muito orgulho.

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A homofobia nossa de cada dia http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/05/17/a-homofobia-nossa-de-cada-dia-2/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/05/17/a-homofobia-nossa-de-cada-dia-2/#comments Fri, 17 May 2013 17:30:33 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1271 A data de 17 de maio, considerado o Dia Internacional de Combate à Homofobia, ganha importância maior em nosso país em tempos que a Comissão dos Direitos Humanos e Minoria da Câmara quer aprovar um projeto de lei de “cura gay”.  Exatamente há 23 anos, a Organização Mundial de Saúde retirou a homossexualidade de seu catálogo de doenças.

O projeto do deputado João Campos (PSDB-GO), líder da bancada fundamentalista no Congresso Nacional, quer permitir que psicólogos voltem a fazer tratamentos reversivos em pacientes homossexuais.

A farsa é clara, os interessados querem arrancar mais dinheiro de pessoas que sofrem com os ataques homofóbicos incentivados por estes mesmos que dizem quererem curá-las. Mas a sabedoria popular que pergunta: “Você já viu cabeça de bacalhau, enterro de anão e ex-gay?” é a resposta a tanto obscurantismo. Algo no próprio senso comum percebe o engodo. Homossexuais bem resolvidos não precisam de tratamento, precisam apenas que tenham direitos iguais aos dos héteros, nem mais nem menos.

Protesto contra a homofobia e a transfobia convocado pela Comunidade Athos em frente ao Congresso Nacional (Divulgação/Facebook)

Sim, no dia de combate à homofobia – e não só nele – temos que perceber a homofobia institucionalizada no nosso Congresso ao propor que um projeto deste porte tramite com vigor pela casa. Mas não só o Legislativo transborda intolerâncias, talvez tão perigoso quanto é o silêncio nada inocente do Executivo. Dilma Rousseff, presa política, torturada e que teve apoio dos defensores dos direitos humanos, agora se cala. Os avanços dos direitos LGBT parecem só encontrar eco no Judiciário com a aprovação recente de que todos os cartórios devem realizar o casamento igualitário.

Mas esta briga entre os poderes mostra com clareza o Brasil que vivemos hoje. Um país que faz estudantes – de todas as orientações sexuais – vestirem saia em apoio ao colega que recebeu ofensas de cunho homofóbico e machista em rede social e os que enxergam nestes estudantes os desocupados. Este é o retrato de um país que balança entre o solidário e o mais mesquinho, que vomita picuinhas reacionárias. O Brasil que grita ‘viado’ como ofensa e o que fala ‘ô viado’ para o amigo como camaradagem.

É um momento delicado, os LGBTs não têm muito o que comemorar, mas sabemos que estamos no centro e no desenho do que no futuro poderá ser os cidadãos deste país.

Enquanto isso, na ONU:

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Gilberto Gil, 70 http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/06/26/gilberto-gil-70/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/06/26/gilberto-gil-70/#comments Tue, 26 Jun 2012 14:30:08 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=523
Gilberto Gil (Mastrangelo Reino/Folhapress)

Uma vez tropicalista, sempre tropicalista. Gilberto Gil completa 70 anos nesta terça-feira, 26, e com a mesma verve dos anos 60 ele fez elucidações para a TV Folha sobre o bem que a maconha fez para a bossa nova e o reggae ou o aperto de mão entre Lula e Maluf.

Esta capacidade de ir além da música é uma das conquistas do tropicalismo que tirou a música popular de seu eixo propriamente musical e a levou ao do pensamento. Não que a música não fizesse isto antes dos jovens baianos e paulistas, mas com eles se tornou muito explícito. A música popular como forma de pensar o mundo.

Considerado por muitos como o primeiro movimento pós-moderno brasileiro, os próprios participantes do tropicalismo localizam que foi muito mais uma renovação comportamental que musical.

E como mudança de comportamento estava a ruptura com o ancestral machismo brasileiro. A extravagância dos cabelos compridos e das roupas coloridas, mais do que uma cópia de um modelo internacional hippie, também era uma forma de protesto ao provincianismo do país.

Mesmo depois dos anos históricos do tropicalismo, a questão comportamental esteve forte em muitas atitudes e canções de Gil. É claro que as questões da orientação sexual, da identidade de gênero, da androgenia não estariam de fora deste cardápio

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Em “Pai e Mãe”, do álbum Refazenda (1974), está o discurso sobre uma maior afetividade entre os homens, independente de sua orientação sexual. Gil faz soar com certa antecedência o que o ator Alexandre Nero pediu recentemente, uma maior homoafetividade entre os heterossexuais.

Gil mesmo diz que “passou muito tempo aprendendo a beijar outros homens” como beija o seu pai. O baiano percebe o quanto as estruturas de comportamento do macho são meras construções, por isto o aprendizado de uma relação mais carinhosa com outros homens.

Uma curiosidade: Gil compôs esta música no dia de seu aniversário de 33 anos. Então esta reinvindicação, que ainda não foi alcançada em sua totalidade na sociedade brasileira, tem mais de 35 anos.

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Já “Super-Homem – a Canção”, do álbum Realce (1979), é um manifesto para as mulheres, da afirmação do feminino. É também uma reverência e uma demonstração da força do elemento feminino, repudiado em nossa sociedade misógina e homofóbica e visto por ela como fraco e indefeso.

Os homossexuais são classificados, até entre eles, em quanto mais femininos pior, pois assim estariam mais expostos ao elemento feminino, tido como inferior no mundo masculino. Gil responde com: “Que nada / Minha porção mulher, que até então se resguardara / É a porção melhor que trago em mim agora”. Este é um novo homem que surge, um super-homem que a assimilação do feminino é vital.

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Com “O Veado”, do álbum Extra (1983), o assunto fica explícito.  Para além da preocupação politicamente correta que ainda não existia na época, Gil faz o trabalho de transformar algo visto como negativo (o termo veado) – mesmo entre os homossexuais – em totalmente positivo. Algo com garbo e poesia.

O músico explica a canção no livro ‘Gilberto Gil: Todas as Letras’, organizado por Carlos Rennó.

“Naquele momento o tema estava muito associado a nós, artistas que fazíamos a defesa da estética do androginismo – incorporando inclusive a ornamentália feminina em princípio proibida ao homem mas enfim assumida por nossa geração como forma de afirmação de autonomia de ideia, proposta, gosto, de contestação do conservadorismo – e que nos colocávamos contra a histórica perseguição policial e a matança de homossexuais no Rio, em São Paulo, nas grandes cidades, como resultado de uma intolerância social em relação a eles. Por tudo isso, ‘O Veado’ é uma música ideológica”. Parece que Gil fez a canção para os dias de hoje.

E continua: “É também a expressão da necessidade que eu sentia de aproximação e compreensão da homossexualidade, e de participação nela. Não sou homossexual (poderia ser, mas não sou), não foi algo necessário na minha vida; mas da veadagem eu faço questão: é o que eu tenho reivindicado sempre para mim. Nesse aspecto, a música é aquilo que o Haroldo de Campos falou muito bem: o ‘veado viável’. É como nós podemos ser veados.

O interessante é que a letra faz a defesa disso com isso, quer dizer, com uma elaboração que tem a ver com a veadagem mesmo (e que, desse modo, participa dela): com a costura, o bordado, o brocado, o barroco. O encadeamento sonoro é melífluo; as palavras brotam com volúpia, com tempero, condimento, pimenta. E com garbo – de Greta Garbo, ela mesma uma figura andrógina, uma das grandes deusas da veadagem planetária (uma vez eu fiquei hospedado numa casa em Estocolmo onde ela tinha morado).

Se você é artista, tem que aprender a ser veado. É o meu caso: eu sou aprendiz.”

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Travestis e transexuais protestam contra Parada Gay: “É machista e misógina” http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/06/09/travestis-e-transexuais-protestam-contra-parada-gay-e-machista-e-misogina/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/06/09/travestis-e-transexuais-protestam-contra-parada-gay-e-machista-e-misogina/#comments Sat, 09 Jun 2012 22:30:08 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=457 Neste sábado, 9, foi lançado nas redes sociais um protesto da Frente Paulista de Travestis e Transexuais contra a organização da Parada Gay de São Paulo.

Em conversa por telefone com o Blogay,  a travesti Janaína Lima, 36, esclarece o que está acontecendo. “Este ano não temos o nosso tradicional trio nem conseguimos colocar nossos cartazes. Mas acordamos com a Parada que iríamos no trio oficial de abertura e algumas outras no trio da Paz que encerra o evento. Depois vieram nos anunciar que iríamos no sétimo carro e no último. Por fim, ontem (sexta-feira) avisaram que seria só no sétimo carro e que não adiantava nem reclamar porque não tinha acordo.”

As travestis e transexuais iriam vestidas de professora, enfermeiras, advogadas. “Eles [os organizadores] pediram que nós não fossemos peladas ou de vestido curto. Mesmo a gente achando que no fundo tinha algum preconceito porque boy de sunga branca sem camisa iria ter aos montes, nós concordamos porque era uma maneira de dar visibilidade aos transgêneros.”

Toda esta situação escancara um certo desdém, mesmo que implícito, pelas vítimas mais visíveis da homofobia. “Com esta gestão não conseguimos diálogo algum, existe uma invisibilidade para as travestis e transgênros. A Parada Gay hoje é uma parada machista e misógina”, desabafa Janaína.

Esta situação levou a Frente a divulgar a seguinte nota:

“Nós, travestis e transexuais reunidas no dia 09 de junho de 2012 após discussão pelo conjunto de pessoas presentes na reunião ordinária, como consta registrado em ATA, vimos por esse intermédio protestar pela forma como foram tratadas as travestis e transexuais desse estado na 16ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. Não concordamos com os argumentos usados nas discussões para as nossas participações limitando e impondo o modo de nos vestir e se comportar durante a parada, ainda assim concordamos.  Porém, nem com esse acordo fora disponibilizado para nós o trio como de costume, mais espanto causou ainda quando fomos informadas que nem as nossas participações nos demais trios fora garantida como um acordo prévio com os organizadores da mesma. Nesse sentido não nos cabe outra atitude senão PROTESTAR pela forma transfóbica dos organizadores da 16ª Parada e esperar que a gente possa ser incluída não somente nos discursos, mais nas ações e atitudes que tenham a ver com a população LGBT de São Paulo, pois também fazemos parte dessa cidade e estado.

Travestis e Transexuais já esta na hora de sermos respeitadas e não apenas usada”

Protesto de trans contra a Parada neste sábado, 9 (Divulgação/Facebook)

O OUTRO LADO

Em conversa com o Blogay, o assessor de imprensa da Parada de São Paulo, Leandro Rodrigues, explicou que “existem 40 pulseiras reservadas para as travestis e transexuais. 20 para o sétimo carro e 20 para o último carro que será um trio da diversidade, voltada a grupos vulneráveis, além da questão do casamento igualitário.”

Segundo Rodrigues, o trio oficial da Parada, o chamado carro oficial acabou ficando apertado para o grupo de travestis pois terá a presença de políticos como Marta Suplicy, Jean Wyllys e o governador Geraldo Alckmin que virá com uma comitiva de oito pessoas.

Ele também afirma que “em nenhum momento a Parada resolveu impor uma certa vestimenta para as travestis. E que cada um vá vestido como bem entender. Importante frisar é que a orientação para se vestirem como profissionais de várias áreas atende a uma demanda levantada por nosso grupo quinzenal de TTs [travestis e transexuais], que é a inserção delas no mercado de trabalho. Portanto, virem fantasiadas de médica, comissária de bordo, professora etc é um protesto alegórico pelo o reconhecimento das TTs como capazes de executar qualquer função. Porém, nenhuma delas é obrigada a acatar essa orientação e podem se vestir da forma que quiserem.”

Sobre uma posição  de transfobia da Parada , ele alega que em seus quadros têm as travestis Greta Star, tesoureira do evento, e Adriana da Silva.

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Mademoiselle é a primeira rapper travesti do Brasil http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/05/03/mademoiselle-e-a-primeira-rapper-travesti-do-brasil/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/05/03/mademoiselle-e-a-primeira-rapper-travesti-do-brasil/#comments Thu, 03 May 2012 22:00:14 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=297
A rapper Mademoiselle (Divulgação)

Quando o rap nasceu, nas profundidades do Bronx, já surgia ali dois elementos que parecem estar em sua essência: a diversidade e a contestação. Estavam ali, no “Planet Rock”, o globo terrestre musical que poderia unir os alemães do Kraftwerk com jamaicanos como Kool Herc e seus sound systems. Do que era diverso, saiu toda uma poética de protesto e uma ação afirmativa ao retratar a vida de uma minoria que, mesmo depois de mais de um século de abolição, ainda vivia em condições quase escravas.

O rap une periferias do mundo e é a música que rima com excluídos. Então não seria estranho outras minorias excluídas sentirem-se atraídas por esta forma de poesia e ritmo. É por esta e outras razões que Mademoiselle Lulu Mon’Amour, de Goiânia, é a primeira rapper travesti do Brasil.

Claro que, assim como o rap é uma espécie de documentário musical de uma certa realidade, a vivência de Mademoiselle como travesti não poderia estar de fora de suas composições. Temas como a homofobia e o preconceito fazem parte de sua “diss” (canção de insatisfação).

“O movimento [hip hop] ainda carrega o machismo e os rappers ainda são sim muito machistas. Acho lastimável!” diz ela em sua página do Soundcloud. “Se para as mulheres em cena no movimento já era difícil serem ouvidas pra mim é apenas uma etapa a ser vencida! Meu som é pra todas as manas, mulheres guerreiras e batalhadoras, gays, lésbicas ou qualquer pessoa que já sentiu desconforto, desprezo ou humilhação com qualquer preconceito seja de teor racial ou sexual imposto pela sociedade.”

Solta a poesia, Mademoiselle!

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Polícia Federal prende autores de site que incitava crimes de ódio e intolerância http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/22/policia-federal-prende-os-autores-de-site-que-incitava-crimes-de-odio-e-intolerancia/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/22/policia-federal-prende-os-autores-de-site-que-incitava-crimes-de-odio-e-intolerancia/#comments Thu, 22 Mar 2012 21:00:09 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=185 “Matem um gay, eu já fiz isso e a polícia não me prendeu”, “lésbicas merecem a penetração corretiva”. Frases como estas, além de textos contra negros, judeus, nordestinos, crianças e animais eram fartamente encontradas no site “Silvio Koerich”. Seus autores, Emerson Eduardo Rodrigues e Marcelo Valle Silveira Mello, foram presos nesta quinta-feira, 22, pela Polícia Federal na chamada Operação Intolerância.

Polícia Federal vasculha casa de um dos autores do site (Divulgação/PF)

Os dois atuam há tempos nas redes sociais e já tinham ameaçado de morte tanto a presidente Dilma Rousseff como o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ). “Eu fiz duas representações contra o site na PF e mobilizei os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Maria do Rosário (Direitos Humanos). E me mobilizei contra o site criminoso não só porque ele planejava me matar, mas sobretudo porque ofendia a dignidade de minorias”, postou o político no Twitter ao saber da prisão dos autores do site.

Trechos do site (Divulgação/PF)

A indignação, porém, não era só dos homossexuais, ela veio de diversos segmentos da sociedade. Grupos ligados à defesa dos animais já tinham se pronunciado sobre um texto que o título era: “Cão imundo que se ferrou foi tarde”, assim como o movimento negro já tinha se manifestado contra texto que dizia que a raça negra era inferior à branca.

Trechos do site (Divulgação/PF)

“O nome Sílvio Koerich foi apropriado indevidamente por Rodrigues em represália a uma terceira pessoa que rejeitou as declarações preconceituosas, homofóbicas e intolerantes postadas em um fórum de debates feminista”, explica a agência de notícias da Polícia Federal.

O site pregava, além de ideias intolerantes, práticas de violência. Os criminosos estão sendo ainda investigados por uma possível ligação com Wellington Menezes de Oliveira, que praticou a chacina de alunos na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na cidade do Rio de Janeiro, em 2011. Oliveira teria procurado os dois antes de cometer os assassinatos, mas nada ainda está provado.

De acordo com o jornal “A Tribuna do Paraná”, nas buscas feitas nos apartamentos do dois, um em Curitiba e o outro em Brasília, foram achados mapas de uma casa perto do campus da Universidade de Brasília e que eram feitas festas de estudantes de Ciências Sociais, considerados “esquerdistas” e com isso inimigos dos blogueiros. Um possível ataque estava sendo planejado segundo a PF.

Também vai ser investigado os R$500 mil encontrados na conta corrente de Mello, que é desempregado.  A Polícia Federal acredita que pode haver tenham mais gente envolvida no caso.

A mobilização dos ofendidos pelo site foi vital para a prisão de seus autores, foram quase 70 mil denúncias. Não se calar diante a intolerância foi fundamental para estas prisões.

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Para denúncias de intolerância na rede:

Safernet  – http://www.safernet.org.br/site/denunciar

Polícia Federal – crime.internet@dpf.gov.br

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