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A contribuição dos gays, lésbicas e travestis para o mundo

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O feminismo contra Cunha

Por Vitor Angelo

Não é nenhum segredo que muitos grupos do movimento social se estranham, e tem um pouco de tudo: visões ideológicas distintas. picuinha, inveja, vontade de protagonismo. Isto não é bom, nem ruim, na verdade é democrático que assim aconteça, estamos falando do humano com todas as suas imperfeições e é ele que ainda fala através dos movimentos sociais, por mais jargões e palavras de ordem que possam escamotear a individualidade dessa voz. Porém, muitas reinvindicações e proposições, às vezes, ganham lentidão por causa desse embate interno. De tempos em tempos, surge uma figura sinistra que é capaz de unir o movimento. Foi assim com os LGBTs e negros quando Marco Feliciano (PSC-SP) foi nomeado presidente da CDHM (Comissão dos Direitos Humanos e Minorias) e é assim agora com as feministas com o PL 5069/2013, que dificulta o atendimento via SUS de mulheres que sofreram estupro e proíbe a pílula do dia seguinte. Este projeto de lei foi criado por Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Protestos acontecem na sexta-feira, 30, e sábado, 31, em São Paulo, e um está agendado em âmbito nacional para o dia 13 de novembro.

Quando a questão de gênero estava sendo votada no Plano Municipal de Educação, em São Paulo, muitos LGBTs comentavam sobre a adesão quase zero das feministas, como se o fato dissesse respeito apenas às transexuais. O mesmo ocorreu nas passeatas contra Feliciano. Lembro de, na primeira manifestação contra o pastor, encontrar a escritora Clara Averbuck e ela falar: “estou aqui como feminista”. Claro que muitas mulheres feministas apoiaram as causas, mas o movimento em si era visto um pouco organizado apenas na importante Marcha das Vadias.

Podemos dizer que elas estavam mais na delas, mas não mexam com as “minas”. “Quando as saias encurtam, é sinal de revolução”, escreveu uma vez o editor do Publifolha, da Folha, Alcino Leite Neto. E elas arregaçaram as mangas e as saias e não querem deixar passar barato um PL que sentem que contraria um importante bordão do atual feminismo: “meu corpo, minhas regras.”

Neste momento, LGBTs só podem prestar solidariedade. Primeiro porque o feminismo têm uma presença importante de lésbicas e muitas delas foram estigmatizadas – e ainda são – exatamente por isso, como se a homossexualidade feminina tirasse a legitimidade da luta dos direitos das mulheres. Vai ter – sempre teve e continuará tendo – lésbica no movimento feminista, sim.

Segundo porque a luta das mulheres muito se assemelha a dos LGBTs: o machismo e o patriarcalismo fundados tornam tanto mulheres como LGBTs cidadãos de segunda classe. Somos “parças!”

E, por último, Eduardo Cunha, um tipo de protótipo de Pinguim do Batman vestindo ternos horrorosos e mal cortados(Ai, meu fashionismo não perdoa que nem um pouco do dinheiro na Suíça fosse usado para ter o mínimo de senso estético – brinks), também é um inimigo dos direitos de homossexuais e transexuais. Basta lembrar seu apoio ao Estatuto da Família que diz que apenas homem e mulher formam uma família e sua declaração que a lei contra a homotransfobia enquanto ele estiver na presidência da Câmara não entra em pauta. Existe nele, muito bem alinhavada (diferente de seus ternos), uma agenda super conservadora contra todas as minorias: índios, negros, mulheres e LGBTs… Mesmo gays e trans que querem o impeachment de Dilma não podem ficar do lado deste senhor. Não existe querer uma postura ética sendo antiético!

O feminismo continua mais atual que nunca e agora acordado só tem um recado a dar para o nobre deputado: “Se cuida, Cunha!’

Avatar que invadiu o Facebook nos últimos dias para a manifestação contra Eduardo Cunha (Reprodução/Facebook Lira Yuri)
Avatar que invadiu o Facebook nos últimos dias para a manifestação contra Eduardo Cunha (Reprodução/Facebook Lira Yuri)

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