Um levantamento feito pela consultoria de engajamento Santo Caos, divulgada este mês, mostrou que 40% dos profissionais já sofreram discriminação no trabalho pela orientação sexual. Eles entrevistaram 230 pessoas, entre 18 e 50 anos, de 14 regiões do Brasil.
Algumas outras conclusões da pesquisa divulgada no site Demitindo Preconceitos:
Se por um lado, 13% declarou ter dificuldades de conseguir emprego por causa de sua orientação sexual, por outro lado 52% das empresas são favoráveis à diversidade sexual.
Este dado, com certeza, reflete na decisão de uma revista do porte da “Exame” colocar, na semana passada, em sua capa, uma matéria com o título “Chefe, Eu sou Gay”. O repórter Lucas Rossi entrevistou mais de 50 pessoas e mostrou que realmente o comportamento das empresas está um pouco melhor em relação aos executivos e empresários homossexuais, mas assim como os negros, eles sempre têm que provar algo a mais.
“Competência. Eis uma palavra bastante pronunciada pelos personagens deste artigo. Os executivos homossexuais dizem que, por mais amistosa que seja a política da empresa em que trabalham, eles têm de provar o tempo todo que são melhores que os heterossexuais. Mesmo que sejam brilhantes, eles sempre terão sua orientação sexual como algo a ser questionado”, diz em trecho da matéria.
Claro que em algumas áreas profissionais, a homossexualidade é mais aceita, mas em algumas ainda é uma duro retrato da repressão como este vídeo de um PM homossexual relatando sua passagem na corporação.
Entretanto, engana-se que em áreas como TV, teatro, tudo também é muito mais tranquilo. Alguns anos atrás, em um jantar informal com uma ex-poderosa executiva de um canal por assinatura que eu prestava serviços, ela ficou me chamando de forma agressiva de “viado” o tempo todo. Uma hora, já sem paciência, disse também em tom de brincadeira que ela era a “Eliana dos dedinhos”. Ela era lésbica. No dia seguinte, ela me demitiu e disse que não precisava mais dos meus trabalhos. Este ato que recebi foi um misto de assédio com homofobia. Com certeza, apesar de lésbica (ai, a homofobia internalizada), ela achava que os gays tinham o seu lugar e com certeza não era como protagonistas. Enfim, temos um longo caminho a percorrer.