Em seu discurso anual feito para o Legislativo, na noite de terça-feira, 20, no Congresso norte-americano, em Washington, o presidente Barack Obama chamou a atenção da comunidade LGBT porque, pela primeira vez, ele citou as palavras “bissexuais”, “lésbicas” e “trangêneros”. Ele também foi o segundo presidente, o primeiro foi Bill Clinton, a se referir aos gays dentro desta tradição importantíssima da democracia americana que é quando o Executivo se encontra com os parlamentares conhecido como State of the Union (“Estado de União”). Vale lembrar que, para muitos da imprensa, a palavra gay também abrangeria o termo lésbica, mas elas próprias cada vez mais renegam esta aglutinação.
Obama, em seu discurso, disse: “Os norte-americanos condenam a perseguição a mulheres, minorias religiosas, ou pessoas que são lésbicas, gays, bissexuais ou transgêneras”. E foi aplaudido pelos congressistas.
O primeiro recado desta frase é interno e é dirigido à Suprema Corte que neste exato momento está discutindo a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo para todo o território americano. Nisto, Obama foi explícito e a citou também em seu discurso do State of the Union: “é a história da liberdade ao redor do nosso país”. O presidente defende abertamente o casamento igualitário.
O segundo recado é externo e está dentro e em oposição também de muitas de suas condenações. Ao defender a liberdade dos gays, Obama se coloca em confronto contra a Rússia, que tem leis anti-homossexuais. É uma indireta, já que o presidente norte-americano condenou em seu discurso a política externa russa, no caso específico, contra a Ucrânia, e deixa claro que acha o país de Putin é “isolado” e com a “economia em ruínas”.
E mesmo quando defende os LGBTs, as mulheres e as minorias religiosas, ele está falando contra os fundamentalistas religiosos, que no caso muçulmano (mas não só) são o estopim do terrorismo no mundo, outro ponto importante de seu discurso no Congresso americano. São em países que as mulheres, as minorias religiosas e sexual são desrespeitadas por crenças religiosas lidas de forma radical que a intolerância tende a crescer.
Enfim, Obama coloca os LGBTs (e não só ele, a União Européia também trilha no mesmo caminho) como valores ocidentais e civilizatórios (em uma grande chave que hoje todos gostam de chamar de diversidade e tolerância) em contraposição ao terrorismo, e ao que não é do Ocidente, isto é : a barbárie. É engraçado pensar que há menos de 50 anos, este mesmo Ocidente levava homossexuais para campos de concentração e prisão, ou, no melhor dos casos, a hospitais psiquiátricos.