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A contribuição dos gays, lésbicas e travestis para o mundo

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Blogay é editado pelo jornalista e roteirista Vitor Angelo

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Você já sofreu alguma violência por ser hétero?

Por Vitor Angelo

O que mais me espantou depois da divulgação dos dados do Disque 100, da SDHPR (Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República), levantados pelo jornal “O Estado de São Paulo”, nesta sexta-feira, 21, que indica que a cada hora, um LGBT sofre um ato de violência no Brasil, foram os comentários insensíveis, desumanos e, convenhamos, sem lógica.

“Um por hora é muito inferior do que entre crianças e, entre heterossexuais, o número é bem superior”. Ou “quem mata os gays são os próprios gays”. Ou ainda: “Cada um tem o direito de ser o que quiser, mas ter privilégios em detrimentos de outros muitos não está certo”.

A diferença é que o fato de uma pessoa ser hétero nunca é o motivo essencial da violência contra ela cometida. Você nunca escuta: “Vamos quebrar a cara daquele hétero, a heterossexualidade dele me enoja”. Já em relação aos homossexuais…  O princípio da violência contra os gays parte do fato deles serem o que são. E, dentro desta ideia, podemos colocar a violência contra os negros e as mulheres no mesmo patamar.

A tese que os gays que matam os próprios gays pode até ter um pouquinho de lógica (tendo muita complacência), já que muitos homofóbicos são homossexuais mal resolvidos, mas nem todo homofóbico é gay. Entretanto, essa tese é um deslocamento de outra, a dos racistas: que dizem que os negros que escravizaram os próprios negros. É uma análise superficial e, pra não dizer, mesquinha. Mesmo se fossem só gays que matassem outros homossexuais, a causa de fundo ainda seria o machismo e o preconceito contra os gays. Uma tática do opressor é sempre culpar a vítima e, neste caso, culpar os gays pela própria violência sofrida. De qualquer forma, isto não invalida o problema de LGBTs sofrendo violência a cada uma hora no país.

Por fim, a questão ilógica dos privilégios (que os gays têm e os héteros não, segundo certos comentaristas), e encerro com uma pergunta, que privilégio existe em ser humilhado, sofrer preconceito ou aparecer morto só porque você tem trejeitos, é afeminado ou beijou uma pessoa do mesmo sexo por amor ou desejo? Não vejo o mesmo acontecendo para quem coça o saco, se esfrega com sua namorada ou fala grosso.

Enfim, o que mais me choca é que a violência, esta sim que deve ser combatida (seja ela pra quem se endereçar), é justificada e não condenada como deveria naturalmente, em uma civilização, ser. Tristes trópicos!

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