Era para ser uma noite com amigos, diversão e risadas, mas a madrugada de quinta-feira, 29, acabou se tornando um pesadelo para o designer gráfico Danilo Pimentel, 31. Ele levou uma pedrada na cara em plena rua Augusta, foi parar no hospital, teve que fazer uma cirurgia no nariz, fraturou o maxilar e está com escoriações pelo corpo. “Ainda sinto muita dor”, disse para o Blogay por telefone neste sábado, 31. Além disto, ele – e os amigos que o acompanharam na noite da agressão – tem forte certeza que o ataque foi de origem homofóbica.
“Estávamos no Caos (bar que fica na rua Augusta entre as ruas Antônia de Queirós e Marquês de Paranaguá) quando resolvemos ir para um outro bar mais abaixo. Um rapaz de cabeça raspada e tatuagem no pescoço implicou de forma homofóbica com um amigo meu, o Marcelo, os dois brigaram. Ele deu três socos no Marcelo que revidou com um e a gente separou a briga”, relata.
Eles resolveram seguir adiante deixando o agressor de lado, era um grupo de mais ou menos dez pessoas e que tinha meninas também. Todos colocaram o agredido no meio da turma, meio que para protegê-lo. Danilo ficou para trás com outro amigo que o abraçou. E este gesto terno acabou surtindo o efeito contrário do que se espera dele.
“A partir daí, eu não lembro de mais nada. Só os relatos dos amigos, pois eu desacordei. O cara veio com um paralelepípedo e acertou na minha cara. Desmaiei na horae fui de cara no chão. E ele continuou me agredido, chutando. Meu amigo tentou ajudar, mas acabou sendo agredido, aí vieram os outros para separar a briga. Se estivesse sozinho, tenho certeza que estaria morto a esta hora”, conta.
Danilo acredita que o fato do amigo ter o abraçado provocou a ira do agressor. Ele gritava apontando para Danilo desmaiado e o amigo: “você acha que eles não estão fazendo nada?”
Ele também crê que a agressão homofóbica aconteceu pelo fato do rapaz ser skinhead de vertente de extrema-direita (grupo neonazista que prega o extermínio das minorias) (ler P.S.). “E não é apenas pelo o fato dele ser careca e ter a tatuagem no pescoço. Uma amiga, que estava no grupo e que é DJ na Augusta, conversou, depois do ocorrido, com os seguranças dos bares e boates próximos que garantiram que o rapaz é skinhead e frequenta um bar do grupo que fica ali perto”, disse.
O Blogay tem recebido alguns relatos de agressões a homossexuais exatamente na rua Augusta, na área conhecida como Baixo Augusta, mas sempre muito vagas e esparsas, porque o agredido acaba tendo medo de denunciar. Danilo, ao contrário, fez, neste sábado, B.O., exame de corpo delito e pretende tomar medidas judiciais cabíveis contra o que ocorreu com ele.
“Agressão a homossexuais não deveria acontecer em lugar nenhum, ainda mais na Augusta que é super gay friendly. Não quero ficar com medo de andar na rua, por isto estou denunciando o que aconteceu comigo. E muito menos quero ter medo de abraçar um amigo em um ato de carinho”, finaliza.
A atitude de Danilo é muito importante: denunciar, pois sempre querem calar o agredido através da humilhação da violência física. Agora, também é essencial que a polícia, que tem uma DP na mesma quadra do ocorrido, seja ainda mais presente e investigue a fundo este possível skinhead de vertente neonazista ou possíveis grupos de skinheads com a mesma ideologia que se reúnem na Augusta para vandalizar fisicamente com as pessoas. Esta é a primeira denúncia formal, espero que agredidos por estes grupos na Augusta se manifestem para além do buchicho que acaba chegando até mim.
P.S. : O leitor deste blog Johnny Bigode alertou que nem todo skinhead é neonazista, existe grupos de vertentes bem tolerantes como o RASH ou o SHARP. Alberto Lopes também chamou a atenção para este detalhe importante.