Aconteceu na terça-feira, 5, no auditório do Museu do Futebol, o debate “Tabu – A Homossexualidade no Futebol” e ele foi o primeiro passo para a construção de uma exposição sobre o tema que acontecerá durante a Copa do Mundo de 2014, no próprio museu.
O debate é mais que pertinente, já que recentemente aconteceram reações acaloradas de uma organizada quando o jornalista Felipeh Campos, torcedor do Corinthians, idealizou Gaivotas Fiéis, a torcida organizada gay do time alvinegro. Ele disse estar sofrendo ameaças. E, o mesmo aconteceu, uma onda de intolerância contra Emerson Sheik e o selinho que deu em seu amigo. O atacante teve que se desculpar pelo ato.
Ao mesmo tempo, surge na internet páginas que apoiam a diversidade do futebol como, por exemplo, a Galo Queer, ligada ao Atlético Mineiro, e a Grêmio Queer. No caso de Sheik, se as organizadas corintianas se mostraram intolerantes, na web, torcedores criaram o movimento “Dê Um Selinho Contra a Homofobia e Machismo”. Sem falar da reação de torcedores do Palestra contra alguns palmeirenses que estenderam uma faixa na sede do clube com os dizeres: “a homofobia é verde”, quando se cogitava a contratação do jogador Richarlyson.
Blogay conversou com Franco Reinaudo, diretor do Museu da Diversidade, sobre o debate, os convidados e a homofobia no meio futebolístico.
Blogay – Como surgiu a parceria entre os museus da Diversidade e do Futebol para este tema? E o contato com o Memorial da Resistência?
Franco Reinaudo – A parceria de procurar nossos congêneres nasceu logo depois da ideia de fazer uma exposição sobre a homossexualidade no futebol durante a Copa de 2014. Quando procuramos o Museu do Futebol percebemos como era escasso o material sobre o assunto e a Clara Azevedo, diretora de conteúdo do Museu, sugeriu um debate para que pudéssemos coletar conteúdo para a realização da exposição no próximo ano, importante dizer que também temos o apoio do LUDENS, núcleo de pesquisa da USP, que vai nos ajudar com as pesquisas e pretendemos publicar um livro sobre o assunto.
E a lista de convidados, como vocês chegaram a ela com Juca Kfouri, Washington Olivetto e Paulo André por exemplo?
A escolha não foi tão fácil, esses são profissionais corajosos, foram muitas negativas. O Cesar Giobbi, jornalista e presidente da Diversa foi fundamental na organização e no convencimento dessa mesa de peso. Queríamos um debate amplo com atletas, jornalistas e o Olivetto para dar uma visão de mercado, porque a homossexualidade ainda é esse tabu.
Por que vocês acham que este tema possa ser interessante de se debater atualmente?
A ideia da exposição já estava na cabeça, mas, com os acontecimentos pós-selinho do Sheik (jogador do Corinthias), achamos que estava no momento certo para mobilizar os profissionais e o público para fazer a discussão.
Por que você acredita que ainda exista um tabu tão grande no futebol com a homossexualidade?
Em todos os esportes, uns mais outros menos, começa a existir uma abertura para as questões de diversidade sexual, vários atletas têm “saído do armário” e no futebol parece que existe um retrocesso. Eu não sei dizer, pode ser por causa das torcidas organizadas, do machismo da sociedade, enfim… Por isso, o debate no Museu do Futebol é tão importante.