Os protestos contra Marco Feliciano (PSC-SP) quando assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minoria da Câmara, no começo deste ano, já previam sua ação desastrosa em um lugar que tem como princípio a inclusão e a tentativa de corrigir erros históricos com os oprimidos, sejam eles negros, índios, mulheres, portadores de necessidades especiais, gays, ou tudo isto misturado. Ao aprovar um projeto de lei que evita a criminalização de religiosos, caso se recusem a realizar casamentos homossexuais, batizados de filhos de casais gays ou mesmo terem o poder de expulsar a presença de LGBTs de igrejas e templos, como noticia a Folha, ele mostra a verdadeira face desta Comissão.
Atrás da máscara de proteção, a Comissão evidencia seu verdadeiro papel fundamentalista e intolerante, pois em seu núcleo não existe o projeto de inclusão, fundamental para os chamados direitos humanos e sim, o seu antagonismo: a exclusão.
Não é a questão de gays quererem batizar seus filhos ou casarem em certas religiões. Os LGBTs aprendem desde muito cedo que não é bom frequentar onde não são bem-vindos. Ninguém quer o congraçamento espiritual em um lugar que se é hostilizado, não faz bem para a espiritualidade de ninguém, isto os fundamentalistas podem ficar bem tranquilos. Talvez um militante bem radical possa querer como afronta, mas é algo raro e não precisa de projetos de lei para evitar excessos deste nível. Até porque os gays querem é casar no civil, o religioso é opcional e existem outras religiões que os LGBTS podem fazer este tipo de cerimônia sem estresse.
O que verdadeiramente ressalta aos olhos é a questão da expulsão de gays de igrejas e templos. Na contramão do catolicismo na voz do papa Francisco que parece estender a mão aos homossexuais, mesmo que dentro de pré-requisitos questionáveis, Feliciano e sua trupe trabalham com a exclusão e contra a diversidade.
Aceitam os gays egodistônicos (aqueles que estão em conflito com sua orientação sexual ), mas na desculpa de ajuda, visando o interesse econômico que podem ganhar com tratamentos. Aceitam os que querem se curar por acreditarem nas palavras preconceituosas dos fundamentalistas e assim estes mesmos religiosos podem lucrar muito com isto – estou falando de grana mesmo. E isto a sociedade civil não aceita, como aconteceu com a rejeição do projeto de lei de “cura gay”, que esta mesma comissão obscurantista aprovou, mas que a pressão popular das manifestações de junho fez com o Congresso rejeitasse tal aberração.
Uma comissão, presidida por uma mente como a de Feliciano e formada quase em sua totalidade por pessoas que pensam como ele, não se deve esperar nada e este projeto de lei é seu maior exemplo. Era para ser um lugar para defender as minorias e os oprimidos, mas como quase tudo no Brasil, acabou sendo um lugar de defesa de seus próprios interesses.