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A contribuição dos gays, lésbicas e travestis para o mundo

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Identidade de gênero e preconceito são temas de mostra em SP

Por Vitor Angelo

As questões de gênero e de identidade de gênero continuam centrais no debate de uma sociedade altamente sexualizada, mas que vive extremamente mal sua sexualidade. Porém, transexuais e travestis então ganham um contorno novo, pois saem da marginalidade a que foram empurradas e se tornam sujeitos. Esta mudança traz curiosidade e os artistas são os primeiros – como antenas – a perceber que algo novo precisa ser retratado. De 25 a 28 de julho (de quinta-feira a domingo), o Itaú Cultural apresenta a Mostra “Todos os Gêneros – Poéticas da Sexualidade” com filmes, performances e peças de teatro, além de debates (Veja a programação clicando aqui)

Performance “Pues sí, no soy un héroe”, do mexicano Javier Contreras (Elizabeth Vinck)

A grandeza da mostra é que a sexualidade – mesmo difundida a rodo na imprensa e na publicidade – ainda tem seu lado “tabu” e a programação enfrenta outro “tabu”, levar esta discussão para crianças e adolescentes. Por fim, o debate é importante e vital hoje pois uma sociedade altamente sexualizada precisa pensar sobre o sexo que ela tanta deseja.

Em conversa com o Blogay, a curadora da mostra e gerente do Núcleo de Artes Cênicas do Itaú Cultural, Sonia Sobral contou um pouco mais sobre as intenções do evento.

Blogay – Como surgiu a ideia do projeto? Que necessidade sentiu em discutir esta questão?

Sonia Sobarl – Surgiu da vontade de ajudar a mediar essas questões com o público. Surgiu da crença de que a forma como a arte expõe conhecimentos (crítico-estético) é talvez um dos melhores caminhos para o debate. A necessidade foi a de aproximar através do (re)conhecimento as questões que estão em jogo.

A nossa sociedade está altamente sexualizada, mas não está mais livre de tabus. Como este projeto pode contribuir para que a discussão de uma sexualidade mais livre?

A maioria dos trabalhos é poéticas que se constroem a partir das biografias dos artistas e isso mostra humanidades. Além disso, uma Instituição como o Itaú Cultural realizar essa mostra coloca esses conteúdos junto ou no mesma altura de questões mais aceitas e legitimadas pelo público e crítica da arte e da estética contemporâneas.

O que mais me chamou a atenção foi que tem uma programação voltada para crianças e isto, além de ser um tabu, é sempre uma discussão delicada? Como você pensou que a discussão da sexualidade poderia se dar com as crianças?

É justamente na infância que as curiosidades e as experiências começam e é também na infância quando essas mesmas experiências e curiosidades são, em geral, abafadas ou punidas. “Menino Teresa” (peça teatral) trabalha isso de forma poética, sensível e simples, a forma afinal como deve ser. Não mostra menino beijando menino ou menina beijando menina,etc e isso ajuda a que os pais tragam seus filhos sem receio. A peça mostra a mais simples e legítima curiosidade e confusão naturais de toda vontade de descoberta.

A questão de gênero e identidade de gênero é muito forte na programação, por quê?

Não foi uma escolha nossa. Olhamos para o campo artístico e encontramos essa produção. Ou seja, trouxemos um pouco do que está sendo feito. Então, me parece que gênero e identidade de gênero são questões que os artistas estão escolhendo tratar, nós estamos mostrando o que há. Sua pergunta nos faz ver como seria importante que vocês viessem e trouxessem essa pergunta aos artistas que estarão debatendo arte, gênero e diversidade na sexta-feira, 26.

Performance “Maria José”, da carioca Helena Vieira (Gil Grossi)

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