No começo desta semana circularam fotos do filho do ex-jogador Ronaldo Nazário, Ronald, 13, abraçado com um amigo da mesma faixa etária no aeroporto, embarcando para Ibiza, na Espanha – com a família (mas que não aparecia nas fotos). Logo iniciaram piadinhas dizendo que o adolescente era gay.
Para além da homofobia internalizada de muitos homossexuais (e sites gays) que aderiram na vigilância da sexualidade alheia (reproduzindo a cultura machista que todos estamos inseridos), e também para longe da intromissão da vida privada de forma grosseira, o que é mais interessante deste episódio é como os mecanismos de controle ainda estão afiados para que, tudo que sair fora de uma certa conduta normativa, seja punido. Isto é, dentro do patriarcalismo temos regras de como se monta a masculinidade e como ela deve se comportar para estar no comando. As mulheres e os LGBTs conhecem bem – mesmo que de forma inconsciente – a mão pesada desta patrulha.
Mas engana-se quem acha que os homens heterossexuais também não sofrem com ela, claro que de uma forma muito mais sutil. Também é violento não poder demonstrar a afetividade fraternal de forma plena, disfarçadas em soquinhos e tapinhas. É uma sociedade triste aquela que o pai ao abraçar o filho recebe o selo de homossexual e este, como “ser inferior” dentro do patriarcalismo/machismo, merece a violência física mais pura, talvez com uma orelha sendo arrancada. Que nem o surto mais louco de Van Gogh imaginaria.
É bom beijar um amigo, mostrar seu afeto a ele sem que isto tenha alguma conotação sexual. E talvez nos dias de hoje seja libertador fazer tal ato. Deixem os meninos, deixem os homens se abraçarem, chorarem, se beijarem, sem que isto ponha em questão suas orientações sexuais, com certeza o mundo será mais saudável.
Deixem Ronald em paz e vão cuidar de suas afetividades que devem estar em frangalhos pois não conseguem conceber que amizade e carinho ainda é possível, nesta sociedade ultrasexualizada e totalmente carente.