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Comissão Extraordinária dos Direitos Humanos e Minorias: a praça é do povo

Por Vitor Angelo

Quando as Diretas Já, nos anos 1980, não foram aprovadas, eu lembro que chorei. Era madrugada e eu ali chorando. Uma amiga muito sábia me disse na época: “a democracia não é algo dado, é algo conquistado”. Anos mais tarde, grande parte dos deputados que votaram contra as eleições diretas não conseguiu se reeleger.

Foi também nesta mesma época que a Folha fez uma capa histórica com uma foto do comício pró democracia na Praça da Sé, em São Paulo.  Nesta quinta-feira, 25, o jornal volta a fazer uma página histórica. Os cartunistas da casa se uniram e fizeram um grande beijaço em protesto ao estado – lamentável – que se encontra a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. O beijaço, iniciado por artistas que se engajaram na causa, é um dos símbolos dos que não concordam com o que está acontecendo e é também um sinal de amor contra o ódio velado que reina hoje nesta Comissão.

Cartuns em beijaço (Reprodução)

À noite, o cartunista Laerte, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) e líderes de movimentos negros, LGBT e sociais se reuniram na praça Roosevelt para uma sessão extraordinária de como deveria funcionar uma legítima comissão dos direitos humanos. Já que atualmente o Congresso não é do povo, a praça sempre será, como afirmou o poeta Castro Alves.

Comissão Extraordinária de Direitos Humanos e Minorias na praça Roosevelt, em São Paulo (Reprodução /Instagram)

– Eu sou negro…

– Eu sou idosa…

– Eu sou mulher, feminista…

– Eu sou gay e do candomblé…

– Eu  sou artista de rua…

Comissão Extraordinária de Direitos Humanos e Minorias na praça Roosevelt, em São Paulo (Marlene Bergamo/Folhapress)

Muitas vozes se levantaram, as que estão mudas hoje no planalto central do país foram ouvidas no planalto de São Paulo. Todas muito tocantes e necessárias, mas teve uma que pessoalmente me chamou atenção.

– Eu sou um cidadão comum e eu venho aqui como cidadão comum, não faço parte de nenhum partido nem de nenhum movimento social. Mas eu vim aqui porque entendi que o cidadão comum também pode ajudar a mudar as coisas, que ele deve e pode protestar e se levantar contra o estado das coisas.

Neste momento veio à mente minha amiga: “a cidadania não é algo dado, é algo conquistado”.

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