Queria fazer um pedido para os amigos jornalistas e militantes: não chamem aqueles políticos reacionários do Congresso Nacional de bancada evangélica. É injusto com a totalidade dos evangélicos. Sim, generalizamos, é preciso em certos momentos por recursos da língua e do discurso, mas muito melhor seria chamar aquele punhado de deputados de fundamentalistas. Muitos evangélicos não são intolerantes, racistas ou homofóbicos.
O exemplo que mais me tocou foi o que me aconteceu na sexta-feira, 5. A copeira do meu trabalho me chamou de lado e disse: “Eu gosto muito de você e sei que você gosta muito de mim. Não concordo com as palavras daquele homem (referia-se ao Marco Feliciano). Vocês (os gays) são muito gente boa e eu oro todo dia para que você seja feliz da forma que você quiser”. Cosma Herculana é nordestina, retirante, semianalfabeta – se esforça todos os dias em exercícios de português ou palavras cruzadas para poder escrever as coisas de forma correta – e evangélica. Ela não merece estar no mesmo saco da bancada dos fundamentalistas.
O mesmo podemos falar de Ricardo Gondim, pastor e teólogo , que em entrevista para O Estado de São Paulo disse: “O Supremo foi de uma felicidade extrema quando olhou para a questão homossexual de forma isenta, livre de qualquer pressão, tanto da Igreja Católica como de grupos protestantes e evangélicos. Numa sociedade que se pretende laica, é assim que deve ser. O (historiador e sociólogo) Sérgio Buarque de Holanda já disse que o Estado não é um desdobramento maior da família ou de grupos de interesses. O Estado tem que se distinguir, tem que legislar à parte, porque não se trata de uma família grande. Se não for dessa maneira, o Brasil cai no patriarcalismo, fica sob o controle de oligarquias patriarcais, que irão legislar a partir de seus interesses, para que eles prevaleçam sobre todos”. Gondim não deve estar associado aquilo que chamamos de bancada evangélica.
Eu mesmo tenho amigos evangélicos e não acreditam em “cura gay” ou “africanos amaldiçoados por Noé”. São defensores da liberdade individual e não entram em radicalismos em nome de uma suposta leitura da Bíblia. Então eu peço, aquela bancada não é evangélica, ela é fundamentalista acima de tudo.
Veja vídeo de Jussara Oliveira, evangélica, colocando alguns pontos nos is:
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