Um jornalista de uma grande revista de circulação nacional comparou os homossexuais a cabras. Um pastor evangélico em entrevista na TV, por sua vez, ligou os gays aos bandidos. Uma cantora resolveu então fazer sua parte e correlacionou LGBTs a drogados.
De certa forma, mais do que dizer aos gays, estas comparações dizem muito sobre o pensamento destas pessoas. Para elas, os homossexuais ou não apresentam a condição de serem considerados humanos (são animais) ou se demonstram pertencimento à raça humana são como seres à margem da sociedade (os marginalizados).
Dizer que isto não é preconceito ou mais precisamente homofobia é agir de má fé ou ignorância. Assim como é racismo os negros serem apontados como descendentes amaldiçoados de Noé como escreveu o atual presidente da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara. E a desculpa que está escrito na Bíblia não retira a ação racista, pois trata-se de uma leitura possível entre tantas outras do livro sagrado das religiões judaico-cristãs. Até porque, se fosse a verdadeira, não teríamos tantas subdivisões dentro do próprio cristianismo.
Mas voltando ao assunto central, ao colocarem estas três comparações, estão também derrotando no discurso as suas próprias teses sobre ditatura gay, radicalidades dos LGBTs, ou o termo medonho “gayzismo”. Como pode-se estar no comando das coisas se ainda os homossexuais não são nem considerados seres humanos ou quando o são, são aqueles que estão sem direitos e à margem. Oras, sabe-se muito claramente que cabras, bandidos e drogados não estão no mais alto poder de uma sociedade nem do Estado.
Por fim, com estas comparações, eles acabam legitimando a luta pelos direitos gays, pois o que se quer não é nada mais nada menos que os LGBTs sejam reconhecidos – pelo Estado, em primeiro lugar – como pessoa humana em sua plenitude de direitos.