É o óbvio ululante, diria Nelson Rodrigues, mas só a educação poderá ser uma arma poderosa contra o preconceito.
Ao ler a escrita sem nexo de muitos fundamentalistas que vêm aqui tentar rebater meus argumentos com gritos de guerra longe de qualquer coerência, penso na (falta) educação. Ao ler que o ensino integral das escolas públicas de São Paulo não terão, durante seus três primeiros anos, as matérias de história, geografia e ciências para tornar assim a escola “mais agradável”, penso nos (des)caminhos da educação.
Quando um casal muito amigo (ele brasileiro, ela suíça), que sou padrinho de casamento, resolveu passar um mês com os filhos no Brasil e colocá-los em uma escola para aprenderem um pouco português e a vida do país, eles se depararam com algo que não acontecia na Suíça. O filho, de 5 anos, tem as unhas pintadas, ele se diverte, é lúdico e está longe de indicar qualquer tendência para esta ou aquela orientação sexual. Na Suíça, isto não é problema, mas se tornou em nosso país. O garoto ficou chateado com o bullying que recebeu na escola, a resposta da mãe foi imediata: “Você precisa entender que isto não é um problema seu, é um problema deles. Eles que carregam neles um problema que não é seu, não tem problema nenhum em pintar as unhas”. Penso que aí está a chave da educação contra o preconceito e a favor do indivíduo.
Ao ver a foto da moça grávida no protesto contra Marco Feliciano (PSC-SP) penso que a educação contra o preconceito pode começar de muito cedo. Mas mesmo que não aconteça na infância, penso em amigas que educam seus namorados para dividir os trabalhos domésticos, isto também faz parte do aprendizado contra o preconceito.
Infelizmente, se o governo é omisso em relação a isto, acha que 10% da verba para educação é muito ou boicota programas educativos, não podemos ficar à mercê do Estado. Penso que atitudes individuais são capazes de causar grandes mudanças comportamentais.