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A contribuição dos gays, lésbicas e travestis para o mundo

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Blogay é editado pelo jornalista e roteirista Vitor Angelo

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Obama reafirma a questão gay como uma das centrais no mundo de hoje

Por Vitor Angelo

Os gays (e quando digo gays considere a forma de chamar os LGBTs como um todo) realmente estão no centro das questões políticas mundiais. O exemplo mais recente foi o discurso de posse do presidente reeleito dos Estados Unidos, Barack Obama, nesta segunda-feira, 21, em Washington.

Ele, que é apontado como o homem mais poderoso do mundo, citou a revolta de Stonewall (que aconteceu em 1969 quando gays, travestis e lésbicas se rebelaram contra a polícia de Nova York pelas constantes humilhações e estelionatos sofridos) e a equipara a movimentos importantes para os direitos civis das mulheres e negros.

“Nós, o povo, declaramos hoje que a mais evidente verdade, a de que todos nós somos iguais, é a estrela que ainda nos guia, assim como guiou nossos antepassados através de Seneca Falls e Selma e Stonewall; assim como guiou todos os homens e mulheres, celebrados e não celebrados, que deixaram pegadas por esse longo caminho para ouvir um pregador dizer que não podemos andar sozinhos, para ouvir um rei proclamar que a nossa liberdade individual está intrinsecamente ligada à liberdade de cada alma da Terra”, disse o presidente.

E foi enfático: “Nossa jornada não estará completa até que os nossos irmãos e irmãs gays forem tratados como qualquer outra pessoa perante a lei, pois se realmente fomos criados como iguais, certamente o amor que atribuímos uns aos outros deve ser igual também”.

Ao colocar os direitos humanos no centro de seu discurso assim como a da igualdade de direitos à população LGBT, Obama endossa o papel que esta questão tem guiado discursos e ações políticas no mundo.

Neste exato momento, os gays estão também no centro do debate político na França através da lei que propõem o casamento homossexual. Do outro lado do mundo, o Vietnã estuda legalizar a união homossexual e é algo muito debatido na imprensa vietnamita.  Os homossexuais foram também peça importante na recente disputa pela prefeitura de São Paulo, no segundo turno gastou-se um bom tempo discutindo também os direitos dos gays, o que parecia algo um pouco deslocado (para os menos avisados) já que estávamos no terreno da municipalidade.

Se temos estes exemplos positivos acima, os gays também estão no debate de países africanos que ainda consideram a homossexualidade crime e em alguns casos querem aprovar uma pena de morte para aqueles que amam pessoas do mesmo sexo. No Brasil, um dos candidatos para vaga à presidência da Câmara dos Deputados, Ronaldo Fonseca (PR-DF), está vinculando sua candidatura com a ideia de levar à votação e derrotar propostas de direitos iguais aos homossexuais.

Obama então só reafirma que as questões dos direitos LGBTs estão mesmo no centro do debate político no mundo hoje. E por quê? Com uma crise econômica afetando o mundo, este seria uma pauta pertinente?

Com certeza diferente de todas as outras minorias que é muito explícito a questão do grupo (é clara e visível a identificação do negro, da mulher ou do cadeirante como grupo), os LGBTs trazem dentro de sua essência a questão da sexualidade e do sexo que é talvez um dos componentes que mais identifica a individualidade ou a liberdade do indivíduo. No sexo e no desejo sexual percebemos que algo pertence só a nós e que só a nós nos interessa para exercê-lo, isto é, trabalha-se no terreno dos indivíduos.

O que vale apontar é que atrás (ui) da questão gay está a questão das liberdades individuais, e é contra esta liberdade que o autoritarismo e o totalitarismo (que costuma surgir em tempos de crise econômica como a que vivemos hoje) sempre irá tentar se opor e destruí-la. Não estamos no centro do debate em vão.

Barack Obama na cerimônia de posse em Washington (Justin Sullivan/AFP)

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