Depois do anúncio que pastores evangélicos conseguiram passaportes diplomáticos, a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais ) resolveu também pedir este privilégio. As razões, segundo o presidente da entidade, Toni Reis, disse ao Blogay em entrevista por telefone nesta quinta-feira, 17, é discutir a isonomia, isto é, igualdade de direitos. “Se vale pra um, tem que valer pra todos”.
E reivindica: “Todos que têm um trabalho social e/ou voltado aos direitos humanos deveriam pedir este tipo de passaporte. Queremos que outras entidades dos direitos humanos peçam passaporte diplomático”. Como a discussão que a ABLGT quer fazer é sobre igualdade, ele acredita que grupos que defendem os direitos dos negros, mulheres e outras minorias devem questionar o Ministério das Relações Exteriores se o país tem isonomia de direitos e é realmente laico fazendo o pedido do documento.
“Nos assustou quando quatro pastores ganharam este privilégio (os passaportes diplomáticos). Até entendemos que seja dado aos bispos pois o Vaticano é um outro país, mas são exatamente estes fundamentalistas que nos acusam sempre de querer privilégio quando pedimos igualdade de direitos, e agora vem com esta de pedirem realmente privilégios”, diz Toni sobre o cinismo de alguns religiosos que acusam os movimentos homossexuais de querer regalias sobre o resto dos cidadãos.
Questionado se não seria uma provocação contra os religiosos fundamentalistas, Toni é enfático: “Quem nos provoca são eles, desde 1988 que eles não aprovam uma lei no Legislativo que garanta igualdade e direito à população LGBT”.
Sobre a entidade ter direito ao passaporte, ele é claro: “Somos uma associação reconhecida pelas Nações Unidas e promovemos um trabalho contra o preconceito”.
Se negado, Toni diz que irá acionar o Ministério Público. E, caso for aprovado, eles ainda decidirão o que irão fazer. Uma assembleia está marcada para o dia 09 de fevereiro.