Neste sábado, 25, tem a première do filme “Vestido de Laerte”, na sala da Cinemateca Brasileira (Largo Senador Raul Cardoso, 207), em São Paulo, às 17h, dentro do Festival Internacional de Curtas de São Paulo. Dirigido por Claudia Priscilla e Pedro Marques, a película conta a história da(o) cartunista transgênero tentando tirar um simples documento. O Blogay conversou com os diretores sobre o filme.
Blogay – Como surgiu a ideia de “Vestido de Laerte” ? É documentário, ficção, ou a mistura dos dois?
Claudia Priscilla – O Pedro me convidou para este filme por causa do meu interesse e pesquisa sobre sexualidade. Além disso, somos parceiros em muitas produções ligadas ao tema. Nos sentimos instigados em realizar um filme sobre este momento de vida de Laerte. Chamamos o curta de filme, compactuamos da ideia de Jean Claude Bernardet [ crítico e cineasta brasileiro] de que não existe uma linha que divida o que é ficção e o que é documentário.
O filme mostra Laerte tentando tirar um documento. É uma exemplificação de como os(as) transgêneros são tratados em determinadas situações?
Claudia Priscilla e Pedro Marques – Não é uma exemplificação. Laerte está na mídia e isso o(a) deixa blindado(a) de situações mais violentas de preconceito. Ele(a) é reconhecido(a) nas ruas pelas pessoas, mas, é claro, que ele(a) vive constrangimentos cotidianos como outros transgêneros. Colocamos no filme – de forma satírica – a questão do uso do banheiro público por causa de um problema recente que ele(a) sofreu em um restaurante. Vivemos num mundo onde os banheiros são divididos por gêneros, isso é um indicativo de como a sociedade não está preparada para essas mudanças, da dificuldade de absorver a diversidade.
Como foi o contato com Laerte? Como se saiu dramaticamente?
Claudia e Pedro – Laerte foi muito generoso(a) com a gente. Na verdade, exigimos dele(a) mais do que se costuma exigir de personagens. Utilizamos uma metodologia diferente para a confecção do roteiro que começou com entrevistas com Laerte, só nos dois e ele(a)… Isso rendeu material para a confecção do roteiro. Durante as filmagens, deixamos espaços para improvisações que também foram incorporadas ao filme. Além disso, Laerte nos enviava tirinhas de sua personagem Muriel para possivelmente serem incorporadas no filme. Dramaticamente, Laerte foi surpreendente, é uma diva!!!!
Houve alguma questão que tocou vocês e que vocês desconheciam sobre os transgêneros?
Pedro – Laerte é impressionante e uma pessoa única, foi um aprendizado conviver com ele(a) durante todo o processo
Claudia – Desde meu primeiro curta, trabalho com questões ligadas à sexualidade. Há algum tempo me dedico a entender um pouco mais sobre transgêneros, já fiz duas produções sobre personagens trans, o curta “Phedra”, sobre uma atriz cubana que vive no Brasil e o longa “Olhe Pra Mim de Novo”, sobre Syllvio Luccio que mora no sertão. Além da direção, fiz pesquisa para os filmes, e nesse processo li bastante sobre o tema e encontrei médicos e pessoas que trabalham especificamente com esse grupo.
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