Pode-se gostar ou não da música de Madonna, que completa 54 anos, nesta quinta-feira, 16. Pode-se detestar ou idolatrar seu estilo de vida, mas uma coisa é fato, ela é um dos maiores ícones gay de todos os tempos e aqui vão algumas razões:
– Sempre conviveu com gays, desde a época que ainda morava em Detroit, ainda adolescente. Seu professor de dança, Christopher Flynn, era homossexual e foi ele que a apoiou a ir para Nova York continuar a carreira de dançarina. Então desde cedo, Madonna sabe o pajubá, o(s) estilo(s) de vida das bees e tenha certeza que a esperteza e a ironia que a cantora demonstra em suas entrevistas vêm dali, da convivência com inúmeros gays. Em certo sentido, Madonna nos serve de espelho.
– Com a Aids, apelidada de ‘”peste gay”, nos anos 1980, e a estigmatização da comunidade homossexual, Madonna foi nossa porta-bandeira. Em uma época que muitos tinham medo dos gays como se fossem uma assombração, a cantora encheu de luminosidade e autoestima a nossa existência. Logo que chegou a Nova York, ficou amiga de um jovem designer gay, Martin Burgoyne. Ele a apoiou em diversos momentos difíceis e quando ela soube que ele tinha Aids, a cantora não só ajudou no tratamento como fazia questão de beijá-lo nos lábios, para horror de muita gente que, ignorante sobre a doença, não tinha ideia de como acontecia o contágio.
– Do apoio privado a um amigo, ela se tornou uma das ativistas contra o preconceito aos doentes de Aids. Na edição de março deste ano da revista Advocate, ela relembrou estes tempos sombrios: “Eu fui muito afetada por isso [a Aids]. Eu me lembro de deitar na cama com um amigo meu que era músico e ele tinha sido diagnosticado com esse tipo de câncer, mas ninguém sabia do que se tratava. Ele era um belo homem e eu o assisti meio que se definhando, e depois outro amigo gay, e depois outro amigo gay, e depois outro amigo gay. Eles todos eram artistas e todos muito especiais e queridos para mim.”
– Ainda nos anos 1980, quando ser homossexual era sinal de ser uma peste, ela fazia questão de enfatizar que tudo bem ser gay. E quando muitos decidiram, por medo, pararem de ter relações sexuais, ela veio mais sexy que nunca com “Justify My Love”, beijando uma mulher na boca, “Erotica” e o livro “Sexy”, emitindo a mensagem que sexo é algo natural, a privação dele não.
– Ela trouxe o vogue, dança do underground negro e gay, para o palco principal, nos anos 1990. Em 2012, com “Girl Gone Wild”, ela apresenta o grupo Kazaky, cantores e dançarinos gays ucranianos que dançam de salto alto. Ao retirar do gueto certas culturas e posturas dos LGBTs, ela colabora para uma maior tolerância do chamado grande público.
– Em muitos momentos, Madonna usou o palco para manifestar-se a favor dos direitos dos homossexuais. O mais recente foi este ano na Rússia que ela criticou a lei que é proibido mencionar a palavra gay ou fazer “propaganda” de orientação sexual que não seja a hétero. Em seu show em São Petersburgo pediu para que todos levantassem os braços para demonstrar apoio aos gays. “É um momento muito estranho no mundo. Eu estou viajando pelo mundo todo e eu sinto isto no ar… Eu sinto que as pessoas estão se tornando cada vez mais amedrontadas das outras pessoas que são diferentes, as pessoas estão se tornando mais e mais intolerantes. É um tempo muito assustador, mas nós podemos fazer a diferença. Nós podemos mudar isso. Nós temos o poder. E não precisamos de violência, nós apenas precisamos do amor.” Por este discurso, o vice-primeiro-ministro Dmitri Rogozin a chamou de “p*** velha.”
– Por fim, Madonna gosta de ferver, de bofe bom, de cultura e é a autoafirmação da mulher como indivíduo independente, quer melhor exemplo pros gays! Pra everybody!
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