“Me dê um beijo , meu amor / Eles estão nos esperando / Os automóveis ardem em chamas”. Estes versos de “É Proibido Proibir”, de Caetano Veloso, feitos no calor das manifestações de maio de 68, em Paris, caberiam também como uma luva para a Rebelião de Stonewall. Há 43 anos, no dia 28 de junho, homossexuais, lésbicas, bissexuais e transgêneros resolveram dar um basta às ações policiais contra bares gays sempre com a intenção de extorquir dinheiro da população LGBT e foram para as ruas – durante dias – do Greenwich Village, em Nova York, a partir do bar Stonewall Inn.
Uma lenda urbana diz que os policiais resolveram dar uma batida agressiva no bar não respeitando o luto de muitos gays e travestis pela morte de Judy Garland que tinha acontecido dias antes, no dia 22 de junho. A imagem mitíca criada por esta provável “lenda” mostra o quanto de passionalidade e ludicidade existem na vivência do movimento gay desde sua criação até hoje.
Não à toa, muitas das ações dos movimentos gays trazem este caráter lúdico e passional. Um deles é um tuitaço, criado por Fabiana Borges, 35, conhecida como Babi. A bancária, militante do PSTU e também da Setorial LGBT da CSP-Conlutas (uma Central Sindical e Popular), organiza uma movimentação no Twitter.
“A data do tuitaço tem a ver com o dia do orgulho LGBT, 28 de junho. Marcamos para às 22h porque facilita a participação do maior número de pessoas. Pra participar basta acessar a sua conta individual no Twitter e postar a hastag #criminalizaçãodahomofobiajá”, disse Borges ao Blogay.
Ela, como muitos militantes, acreditam na força das redes sociais. “É interessante que junto a essa hashtag pode-se escrever algo mais, fazendo desta manifestação virtual um espaço que envolva certo debate, novas propostas, denúncias, exigências as autoridades, de maneira livre e criativa.”
Forma nas redes sociais que surgiu a campanha “Eu voto contra a homofobia!”, criada por Marcio Marques dentro do grupo Todos contra a homofobia, a lesbofobia e a transfobia, no Facebook.
Ele explica ação em sua página: “O Brasil é recordista mundial em assassinatos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros. Enquanto ativistas lutam pelos direitos dos LGBTs, no Congresso Nacional existe uma bancada evangélica que luta contra a conquista desses direitos. É preciso agir. É preciso lutar contra o fundamentalismo religioso. É preciso lutar contra a homofobia. É preciso mostrar nossa força nas urnas. Em face da proximidade das eleições municipais, iniciamos a campanha #EU VOTO CONTRA A HOMOFOBIA. Participe da campanha enviando sua foto. Por mera questão de segurança, o projeto #EU VOTO CONTRA A HOMOFOBIA estabeleceu algumas regras para a divulgação das fotos:
01. A foto deve estar nítida e deve conter a frase “Eu voto contra a Homofobia” (use a criatividade para escrever a frase num papel, parede ou qualquer outro lugar).
02. A frase não pode ser inserida digitalmente, ou seja, não vale usar programa de edição de imagens para inserir o título de eleitor e a frase da campanha #EU VOTO CONTRA A HOMOFOBIA.
03. Em caso de menores de 18 anos, enviar uma autorização (digitalizada) escrita e assinada pelo responsável legal para o e-mail contra.a.lgbtfobia@gmail.com
04. Em caso de desistência de divulgação da foto no blog ou no grupo do Facebook Todos Contra a Homofobia, a Lesbofobia e a Transfobia (grupo organizador do blog), enviar e-mail para contra.a.lgbtfobia@gmail.com com “desistência de divulgação de foto” no assunto e, no corpo do e-mail, indicar o link da página onde está divulgada a foto.”
E em Brasília, acontece, às 18h30, um beijaço na praça central do Pátio Brasil Shopping. O local é frequentado pela comunidade LGBT.
A convocação explica: “O Pátio Brasil é um local ocupado cotidianamente por LGBTs, contudo, ao mesmo tempo ocorrem com frequência várias ações claramente heteronormativas e violentas com segmento não heterossexual. Desta forma, enfatizamos a importância deste evento que trazer visibilidade a nossa causa.” E avisam: “Casais heterossexuais simpatizantes são super bem-vindos!”