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Sagat e as aproximações entre o pornô e a vida

Por Vitor Angelo
François Sagat ( Divulgação)

François Sagat é um ator pornô gay muito conhecido. Além de produções de filmes adultos, ele também trabalhou em filmes de ficção e um documentário sobre sua vida (Sagat, dir: Pascal Roche & Jérôme M. Oliveira, França, 2011, 40 min.) encerrou a segunda edição do Pop Porn Festival, em São Paulo, neste domingo, 03.

Dois pontos interessantes do documentário.  O homem de corpo perfeito e masculinidade exacerbada não consegue amar, ter um relacionamento duradouro como confessa em um determinado momento do filme.  Como uma Marilyn Monroe gay, ele paga o preço de ser exacerbadamente desejado, mas também se humaniza aos nossos olhos, aquele homem inalcançável se torna nosso amigo, que se abre com problemas que são muito nossos também. Existe uma desidealização da pornografia como o mundo do sexo perfeito e do mito do porn star.

Ao mesmo tempo, ao descontruir o ator pornô como ícone do sexo, François também nos mostra como este ideal é construção. Ele era uma criança afeminada, sofria bullying na escola. Contra isto, ele construiu uma imagem supermasculinizada, horas de academia e a aplicação de testosterona. Ele diz algo intrigante ao assumir que se considera um transexual, pois procurou a imagem que o satisfazia e achava adequada para o seu corpo.

Solidão, bullyng e superação são algo tão da vida e aparentemente não da pornografia que seria uma ilusão, como diz uma drag no meio do documentário. Mas o filme mostra como este universo está embargado de vida comum.

 O Pop Porn Festival

Circular pelos corretores da Trackers, no centro da cidade, onde aconteceu o evento já era um acontecimento. Em uma sala, pessoas aprendiam a fazer bondage, em especial, o shibari, prática de amarração com cordas. Todos compenetrados em fazer os nós, não diferia por exemplo de alguma oficina de costura.

Em um corredor, performance de um homem vestido de mulher entrevistando passantes. No bar, muita conversa e o festival que foi criado inspirado no seu homônimo de Berlim, não perde em nada para sua matriz.

Em 2010, conheci em Berlim o festival e sinto a versão brasileira, apesar de ter o mesmo cárater alternativo, tem um certo remelexo muito nosso. Que venham mais.

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