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“I feel love”, Donna Summer: ícone da música, da liberação sexual e dos gays

Por Vitor Angelo
Donna Summer, diva (Adlen - 11.ago.79/Associated Press)

O poderoso produtor Quincy Jones ao saber da morte de Donna Summer, nesta quinta-feira, 17, escreveu: “Descanse em paz, querida Donna Summer. Sua voz foi a batida e a trilha sonora de uma década.”

Pensar em LaDonna Adrian Gaines como alguém definidora de uma época é muito para muitos artistas, mas é pouco pela grandeza simbólica desta cantora nascida em Boston. Ela foi e é a Disco, a década de 70, mas também o chamado hedonismo que Madonna soube reaproveitar repaginado para a época da Aids nos anos 80 e 90. Negra, sexy, mulher, Donna Summer não poderia ser a melhor figura para personificar um certo ideal de liberdade almejado nos anos 1970 ( no bojo das lutas pelas direitos dos negros, da mulher e da liberdade sexual), mas que continua ainda de maneira silenciosa a nos cutucar. Sim, Donna Summer foi uma verdadeira “bad girl”

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Com o produtor italiano Giorgio Moroder, eles formaram uma espécie de dupla dinâmica da nova música para dançar que surgia direta dos globos espelhados. A escritora e jornalista Claudia Assef escreveu sob o impacto da notícia da morte da cantora: “Numa atitude à la Gainsbourg, Donna Summer levou o sexo às boates. Tremendamente sexy no visual, ela gravou a proibidona “Love To Love You Baby”, com sussurros e gemidos gravados ao longo de seus 17 minutos de música, isso em 1975. A BBC chegou a contar 23 orgasmos na música. Lógico que a faixa foi censurada em diversos países!”

Esta bomba sexy caíria no agrado de gays e travestis. Até hoje, muito de seus sucessos como “Hot Stuff”, “Enough Is Enough” e “My Life” são números constantes em shows de transformistas.

O hedonismo da música de Donna Summer e da vida gay pré-Aids – que estava muito mais a serviço de uma revolução dos costumes [contra família, o casamento e a ordem estabelecida bem ao gosto das contestações da geração pós-guerra] do que a atual luta por uma inserção neles [os costumes] e a conquista de direitos civis – se entrelaçam para iluminar uma ideia: a liberdade também é feita da liberação sexual.

O culto à Donna Summer também representa para muitos gays a afirmação que os caminhos da sexualidade e da liberdade sexual são múltiplos, uma espécie de sopro melódico hedonista contra os ruídos moralistas deste estranho terceiro milênio. Não à toa, a cantora se transformou como suas fãs transformistas em ícone gay, mesmo depois dela fazer aparições em diversos programas de TV cristãos, que costumam tratar os homossexuais como lixo. Mesmo assim, os gays nunca a abandonaram, basta ler as inúmeras mensagens de pêsames deles hoje por sua morte de câncer aos 63 anos.

Com certeza esta não foi sua “last dance”, Donna Summer!

Donna Summer em Berlim, na Alemanha, em 2009 (Marc Muller - 30.jul.09/France Presse)

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