
Mais de 58 jovens iraquianos considerados emos foram espancados até a morte no mês passado. Segundo o jornal “The Guardian”, milícias xiitas espalham por Bagdá panfletos com o nome e endereço das próximas vítimas. Nenhum suspeito foi preso até agora.
As milícias avisam nos panfletos: “Se você não parar este ato sujo dentro de quatro dias, então o castigo de Deus cairá sobre você nas mãos dos Mujahideen [muçulmanos que fazem a luta religiosa (jihad)]”.
Se no Ocidente, o termo emo – uma abreviação de “emotional hardcore” – diz respeito aos jovens que gostam de bandas de som pesado mas com letras mais sensíveis, podem usar maquiagem e um corte de cabelo com uma grande franja, no Iraque, essa tribo é associada como uma subcultura satânica por muitos religiosos.
O jornal “Daily Telegraph” cita um trecho de um texto encontrado em um site do governo iraquiano: “O ‘fenômeno emo’ ou culto do demônio está sendo perseguido pela polícia moral que tem a aprovação para eliminá-los o mais breve possível, uma vez que os emos podem negativamente afetar a sociedade, tornando-se um perigo”.
Além de acusados de satanistas, os emos – assim como no Ocidente – são apontados como gays ou que aparentam ser homossexuais. Mas se aqui a ação não passa de uma lamentável chacota , no Iraque as consequências são bem mais terríveis. Emos e gays entram no mesmo bojo dos grupos de extermínio iraquianos.
Ali al-Hilli, presidente de uma associação LGBT iraquiana com sede em Londres, revela que a onda de violência está sendo encorajada por clérigos muçulmanos conservadores. “A polícia não fornece proteção para eles [emos e gays]”, disse ele ao “CBS News”.
Com a omissão das autoridades e o aumentos da violência contra emos e gays, muitos acabam tendo que cortar o cabelo para dissimular seu gosto musical ou se escondendo em suas próprias casas.
No meio de tanta intolerância, o legislador iraquiano Khalid Shwani, acredita que a onda de extyermínio é um ato contra os direitos civis. “Essas pessoas são livres para escolher o que vestir ou em que acreditar, ou como escolhem suas roupas ou a forma como pensam”, disse o político de origem curda que já pediu formalmente aos parlamentares de seu país para tratar da questão.
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Tomada as devidas proporções, o quanto o que acontece no Iraque também não está ocorrendo no Brasil também com a omissão do governo federal nos assuntos ligados aos LGBTs, uma certa intolerância fundamentalista e um considerável aumento da violência homofóbica? A pensar.