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Milícias perseguem e assassinam emos e gays no Iraque

Por Vitor Angelo
Jovens emos iraquianos se escondem na fumaça do narguilê para esconder suas identidades (AP Photo)

Mais de 58 jovens iraquianos considerados emos foram espancados até a morte no mês passado. Segundo o jornal “The Guardian”, milícias xiitas espalham por Bagdá panfletos com o nome e endereço das próximas vítimas. Nenhum suspeito foi preso até agora.

As milícias avisam nos panfletos: “Se você não parar este ato sujo dentro de quatro dias, então o castigo de Deus cairá sobre você nas mãos dos Mujahideen  [muçulmanos que fazem a luta religiosa (jihad)]”.

Se no Ocidente, o termo emo – uma abreviação de “emotional hardcore” – diz respeito aos jovens que gostam de bandas de som pesado mas com letras mais sensíveis, podem usar maquiagem e um corte de cabelo com uma grande franja, no Iraque, essa tribo é associada como uma subcultura satânica por muitos religiosos.

O jornal “Daily Telegraph” cita um trecho de um texto encontrado em um site do governo iraquiano: “O ‘fenômeno emo’ ou culto do demônio está sendo perseguido pela polícia moral que tem a aprovação para eliminá-los o mais breve possível, uma vez que os emos podem negativamente afetar a sociedade, tornando-se um perigo”.

Além de acusados de satanistas, os emos – assim como no Ocidente – são apontados como gays ou que aparentam ser homossexuais. Mas se aqui a ação não passa de uma lamentável chacota , no Iraque as consequências são bem mais terríveis. Emos e gays entram no mesmo bojo dos grupos de extermínio iraquianos.

Ali al-Hilli, presidente de uma associação LGBT iraquiana com sede em Londres, revela que a onda de violência está sendo encorajada por clérigos muçulmanos conservadores. “A polícia não fornece proteção para eles [emos e gays]”, disse ele ao “CBS News”.

Com a omissão das autoridades e o aumentos da violência contra emos e gays, muitos acabam tendo que cortar o cabelo para dissimular seu gosto musical ou se escondendo em suas próprias casas.

No meio de tanta intolerância,  o legislador iraquiano Khalid Shwani, acredita que a onda de extyermínio é um ato contra os direitos civis. “Essas pessoas são livres para escolher o que vestir ou em que acreditar, ou como escolhem suas roupas ou a forma como pensam”, disse o político de origem curda  que já pediu formalmente aos parlamentares de seu país para tratar da questão.

***

Tomada as devidas proporções, o quanto o que acontece no Iraque também não está ocorrendo no Brasil também com a omissão do governo federal nos assuntos ligados aos LGBTs, uma certa intolerância fundamentalista e um considerável aumento da violência homofóbica? A pensar.

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