Blogayviolência – Blogay http://blogay.blogfolha.uol.com.br A contribuição dos gays, lésbicas e travestis para o mundo Wed, 18 Nov 2015 02:07:18 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Militantes marcam protesto contra homofobia em estação de trem http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2014/04/25/militantes-marcam-protesto-contra-homofobia-em-estacao-de-trem/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2014/04/25/militantes-marcam-protesto-contra-homofobia-em-estacao-de-trem/#comments Fri, 25 Apr 2014 11:30:02 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1679 No começo do mês, o assessor parlamentar Agripino Magalhães, 33, acusou 11 seguranças terceirizados e dois policiais ferroviários de agressão física e homofobia, ocorrido na Estação Palmeiras-Barra Funda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Militantes marcam para esta sexta-feira, 25, às 17h, protesto no mesmo local para chamar a atenção sobre a violência contra homossexuais.

O fato começou como uma discussão no banheiro depois que Magalhães ouviu declarações homofóbicas de um segurança da CPTM e o confrontou. A violência acabou ganhando maiores proporções com e entrada de outros vigias e seguranças. Ao tentarem impedir as agressões, também apanharam dos funcionários, um outro rapaz e uma senhora, que, segundo o assessor parlamentar relatou ao Blogay, acabou também sofrendo agressões. “A interferência dela foi muito importante porque ela nos defendeu muito das agressões dos seguranças”.

A reação de Agripino é exemplar para qualquer tipo de agressão. Ele não abaixou a cabeça. Mesmo o agredido sempre se sentir humilhado psicologicamente, ele, todo machucado, foi à polícia. “Fiz o B.O. na Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano) e vou a processar a CPTM e Gocil (empresa terceirizada para fazer a segurança da estação). O meu advogado é o doutor Ademar Gomes”.

O Blogay entrou em contato com a assessoria da CPTM e eles informaram, por telefone, que “ as providências foram tomadas e que agora o caso é com a polícia”.  Agripino também nos relatou que “segundo a CPTM, os seguranças foram afastados do trabalho até que a empresa Gocil tomasse suas providências. Eu fiquei muito machucado, com várias marcas no meu corpo”.

Perguntado se ele não temia voltar à estação e sofrer represálias, Magalhães deu outra reposta exemplar: “Eu não tenho medo pois se não fazer valer nossos direitos, esses assassinos tomam conta do nosso país, enfrentaria novamente”.

O caso das agressões contra Agripino são emblemáticas. Primeiro, ele não admitiu declarações homofóbicas, que acontecem todos os dias ao nosso redor e muitas vezes nos calamos, ele reagiu contra elas. Depois, mesmo agredido, resolveu tomar as medidas legais contra a violência homofóbica. Ele não caiu no exercício (tacanho) de transformar a vítima em culpada de ser agredida. E, por fim, ele denunciou em diversas instâncias (polícia, imprensa, militância) o fato. Temos muito a aprender com este exemplo.

Agripino Magalhães acusa seguranças da CPTM de agressão homofóbica e militantes marcam protesto (Reprodução/Facebook)
Agripino Magalhães acusa seguranças da CPTM de agressão homofóbica e militantes marcam protesto (Reprodução/Facebook)
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Até quando? http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2014/01/17/ate-quando/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2014/01/17/ate-quando/#comments Fri, 17 Jan 2014 20:30:40 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1579 Mal tentamos arranjar forças pra entender a morte de Kaique Augusto Batista dos Santos, 16, que a própria Secretaria Nacional de Direitos Humanos (SDH) já classifica como assassinato homofóbico, começa a se espalhar pela rede com o título de “Mais um Ataque Homofóbico”, a foto do jovem D.D., 24, cheio de hematomas e que foi agredido na madrugada de sexta-feira, 17, na região da Paulista, em São Paulo.

Ele conta: “Masp/Paulista – Saindo de uma festinha às 3 da manhã, veio um carro em alta velocidade, parou bruscamente, saíram quatro caras e vieram pra cima. Foi tudo muito rápido. Eles entraram rapidamente (no carro) e foram embora . Estou bem, mas onde está a segurança deste Brasil ?”

Um misto de pânico com prevenção tomou conta dos que leram este depoimento, em comunidades LGBTs no Facebook. Será que agora não podemos nem andar em paz na Paulista, um lugar que era considerado de certa tolerância com os LGBTs e a cada ano torna-se palco de mais ataques de ódio.

Esta violência é para que tenhamos medo, que nos tranquemos em casa, ou como desejam os homofóbicos, que voltemos para o armário, como se isto fosse possível. Mais do que ser homossexual, parecer gay ou estar fora das regras de masculinidade ou feminilidade, que acredito que foi mais o caso de D.D. que apanhou sem razão na Paulista, se torna um perigo.

Ficaremos acuados? Não. Reagir e pressionar. Não só militantes preparam diversas manifestações contra o crime bárbaro que matou Kaique, pessoas que não são fazem parte da sigla LGBT se pronunciam contra a violência e a crueldade feita contra um rapaz de 16 anos. Abaixo assinados pedem para que o promotor de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Christiano Jorge Santos, acompanhe as investigações da morte de jovem, já que a polícia alegou a princípio que ele teria se suicidado, mesmo com todos os dentes da boca arrancados, marcas de espancamento e um cano atravessado no joelho.

Não devemos temer andar nas ruas ou manifestar afeto público, pois devemos lutar para termos direitos iguais aos dos heterossexuais.

Enquanto escrevia este texto, chega um relato do professor Augusto Menna Barreto: “Na quinta-feira,16, entre as 20h30 e 21.45h, meu namorado e eu sofremos homofobia no bar República do Barão, em Lorena, São Paulo, pelos próprios funcionários do local (garçonete e gerente). O que ocorreu foi o seguinte: Estávamos sentados, de mãos dadas e conversando, eventualmente trocando alguns selinhos. Ou seja, não fizemos absolutamente nada de indiscreto, era uma simples demonstração de afeto!”

E prosseguiu: “Passado um tempo, uma garçonete do local, que se dizia lésbica, veio a nós e pediu que maneirássemos devido à presença de uma família com crianças no local. O mais irônico era que a mais ou menos um metro da gente, na mesa ao lado, encontrava-se um casal hétero fazendo exatamente a mesma coisa que nós. Argumentamos que o casal hétero também deveria ser advertido, mas a garçonete se alterou, falou que não iria fazer isso e insistiu para que parássemos. Pedimos para falar com o gerente, que teve exatamente a mesma atitude que a garçonete. Falamos da Lei Anti-homofobia do Estado de São Paulo, e ele falou que seria processo contra processo”.

Ele disse que está pensado em algum tipo de ato contra o bar. De certa forma, ele não recuou, não ficou com medo. É o exemplo de reação que temos que ter em mente enquanto minoria, mas também indivíduo, cidadãos ou como sociedade civil organizada.  Até quando? Até o momento que políticos e o Governo pararem de serem omissos em relação à homofobia.

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Quero ficar em sua visão feito tatuagem http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/11/22/quero-ficar-em-sua-visao-feito-tatuagem/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/11/22/quero-ficar-em-sua-visao-feito-tatuagem/#comments Fri, 22 Nov 2013 19:30:19 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1518 Tatuagem para alguns é um ato de violência com o corpo, já para outros é uma forma de ficar mais sexy. Nela está também um ato de liberdade (o direito sobre seu próprio corpo) e de aprisionamento também (já que é muito difícil, dolorida e onerosa a remoção de uma tattoo). No primeiro longa-metragem de Hilton Lacerda, todos estes ingredientes se encontram presentes em uma discussão muito atual, apesar do filme se passar em 1978, no final da ditadura militar.

A relação amorosa entre o diretor de uma trupe teatral, Clécio Wanderley (Irandhir Santos), e um jovem soldado, Fininha (Jesuíta Barbosa), já mostra o jogo dos contrários entre liberdade e opressão. Os opostos se atraem e o filme também trata disto.

Mas ficar apenas na reflexão sobre o embate dos contraditórios é ver “Tatuagem” de forma simplista. Hiltinho, como é chamado no meio cinematográfico, trabalha a fundo dois temas caros ao cinema e à sociedade contemporânea: a violência e o sexo.

Hoje banalizados, tanto a violência como o sexo, eles se tornam corriqueiros tanto na cinematografia como nos noticiários e na internet. Engraçado é atentar que o que realmente pode “perturbar” é o sexo amoroso longe da heteronormatividade. O diretor chegou a ser apontado de criar cenas de homoerotismo com a intenção de chocar e acabou defendido por outro diretor pernambucano, Kléber Mendonça Filho, como relata sua entrevista para a revista “Samuel”. Sexo como uma extensão do ato amoroso, longe das relações convencionais, na verdade, é o que pode chocar nossa sociedade. Enfim, o amor não convencional ainda perturba.

Ciente disto, “Tatuagem” deixa explícito o amor homossexual e, como numa espécie de teatro naturalista, trata do tema e o representa com total naturalidade. O choque – ou não – é dado para o espectador sentir e refletir. Que sociedade é esta que se choca com um ato amoroso?

Se a chave do sexo (e sua relação com o amor), o filme trata explicitamente, sem rodeios, já não acontece o mesmo com a violência. Glauber Rocha (citado nominalmente no filme) foi um dos primeiros cineastas a apontar e escrever sobre a banalização da violência no cinema. O tiro de um revólver tem que entrar no cérebro do personagem e tudo, inclusive o sangue, deve ser mostrado de forma direta. A morte brutal como entretenimento!

No filme, todo ato de violência é tratado por um recurso de linguagem que o diretor usa com requinte: a elipse (com exceção da cena do corredor polonês, talvez porque a violência psicológica sofrida por Fininha, antes de apanhar dos soldados, tenha sido mais forte).

A elipse é uma técnica narrativa que passa de um período a outro através de um corte de tempo.  Por isto, não vemos o embate (sangrento?) entre os militares e a trupe teatral em um momento chave do filme ou a separação do casal de protagonistas (afinal, a separação também é uma forma de violência).

A violência é silenciada de seu habitual holofote, “Tatuagem” deixa para nós a imaginarmos e assim ela fica mais suavizada. Ela está presente, mas de forma implícita durante todo o filme. Nada mais atual.

Mais do que uma história de amor, “Tatuagem” é a história de amor com o cinema, ou melhor, com um tipo de cinema, aquele que reflete e emociona ao mesmo tempo, algo tão em falta no mercado.

O militar Fininha (Jesuíta Barbosa) e o diretor de uma trupe teatral Clécio (Irandhir Santos) vivem relação amorosa em “Tatuagem”, de Hilton Lacerda (Divulgação)
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A violência da falta de amor e a esperança http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/08/24/a-violencia-da-falta-de-amor-e-a-esperanca/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/08/24/a-violencia-da-falta-de-amor-e-a-esperanca/#comments Sun, 25 Aug 2013 02:40:15 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1370 Apesar do aparente clichê da frase de Criolo: “Não existe amor em SP” , ela acabou adotada, transformada, invertida e divulgada por muitas pessoas porque trazia uma verdade impalpável. O amor como antônimo de solidão é algo difícil de encontrar não só em São Paulo, mas nos grandes centros urbanos e também nos pequenos, enfim, no mundo. A violência provocada pela falta dele está não só na letra do rapper, mas em sintonia com este sentimento podemos ver e ouvi-lo na peça “Desamor”, de Walcyr Carrasco e encenada por Dionísio Neto e também nesta pequena pérola chamada “Dama da Noite”, realizada com força expressiva pelo ator Luiz Fernando Almeida em cima de um texto homônimo de Caio Fernando de Abreu. Dama fica mais um sábado, 31 de agosto, em cartaz em São Paulo no Espaço Cultural Pinho de Riga (R. Conselheiro Ramalho, 599).

Neste monólogo, uma “bicha velha” – como Dama da Noite se auto-intitula -conversa com um “boy”, alguém que ela  poderá pagar uma bebida e ter sexo fácil, mas nunca amor. A sacada é transformar os espectadores no outro, no jovem que a personagem aponta o dedo. Como não há aparente amor, não há delicadeza nem sutileza por parte de Dama da Noite para com seu interlocutor – o que acaba sendo uma experiência profunda e perturbadora no melhor dos sentidos para a plateia – e é neste termo que temos que entender a violência que é gerada pela falta de amor e feita de forma muito talentosa na peça.

Aliás, a personagem é violenta – no sentido de não medir as palavras e os gestos – não só com seu interlocutor, mas consigo e entendemos no final que tudo é porque não existe amor, existe sim a projeção e o desejo que ele floresça. Sem falar da grande confusão contemporânea que a peça também desenvolve entre amor e sexo, apesar de Dama ter alguma clareza sobre esta confusão.

Não é por acaso que a personagem é um homossexual, pois nele está o cerne que esclarece esta confusão entre amor e sexo, muitos vezes percebidas como a mesma coisa. Os gays são aqueles que reivindicam o amor pelo mesmo sexo. A questão de gênero é crucial, pois a atração sexual – um elemento, mas não o único para  a formação do relacionamento amoroso – se dá de forma diferente da dos heterossexuais, obviamente. Enfim, o grito dos gays muito mais do que pelo direito de poder ter relações sexuais com pessoas do mesmo sexo, é por amor. Pois para chegar lá precisamos do sexo também como elemento, mas não o único nem o mesmo. “Ele é de um jeito que ainda não sei, porque nem vi. Vai olhar direto para mim. Ele vai sentar na minha mesa, me olhar no olho, pegar na minha mão, encostar seu joelho quente na minha coxa fria e dizer: vem comigo. É por ele que eu venho aqui, boy, quase toda noite”, diz mostrando que não desistiu do amor.

Enfim, em Dama da Noite, o mais assustador é perceber, através de suas porradas e dedos em riste, que falta mais  amor (agora no sentido amplo da palavra) em nós mesmos, muito mais do que na cidade. Mas não vamos desistir dele, por favor, ele pode alguma hora entrar por alguma porta, quem sabe…

“Dama da Noite”, direção de André Leahun e interpretada por Luiz Fernando Almeida (Divulgação)
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Feliciano, Putin e a cultura do ódio http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/08/16/feliciano-putin-e-a-cultura-do-odio/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/08/16/feliciano-putin-e-a-cultura-do-odio/#comments Sat, 17 Aug 2013 02:30:50 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1356 O que Marco Feliciano e Vladimir Putin têm em comum? Além do autoritarismo latente, ele pregam mais do que um desapego à racionalidade, ele incitam o discurso de ódio contra os homossexuais.

O atual presidente da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara não só ataca deliberadamente os LGBTs com discursos raivosos e intolerantes como ao ser atacado em um avião, não perde o tempo e já culpa os ativistas gays.

Como Marcelo Coelho dissertou em sua coluna na Folha, até podemos não apontar o deputado federal como fascista, mas pelo simples fato de ainda estarmos em um regime democrático, mas há nele sim um protofascismo latente.

Basta entender que uma das características mais fortes do fascismo é gerar um sentimento de medo e ansiedade nas pessoas em relação a um grupo específico. Basta entender o significado da propagação da ideia de uma possível “ditadura gay” feita pelo pastor político e demais religiosos fundamentalistas para entender o quanto de protofascismo reside em seus discursos.

Ele sempre que pode diz ser vítima dos LGBTs que o perseguem e nada cita os grupos de militantes negros ou feministas, nem mesmo grupos evangélicos que o rejeitam. O mesmo fez com a trollagem que recebeu no episódio do avião. “Eram ativistas gays”, brandou o deputado. Depois, os dois rapazes eram e se declararam heterossexuais.

Com isto, Feliciano alimentou a cultura de ódio que podemos ver muito bem nestes comentários dos fiéis de Feliciano:

Comentários dos fieis de Feliciano na rede social (Reprodução/Facebook)

Putin, por sua vez, seguiu a tradição russa tanto de autoritarismo como de perseguição dos homossexuais. As relações entre homens era tolerada até Pedro 1º da Rússia (1672 – 1725) proibi-las para que o país se sintonizasse com a Europa da época. Com os primeiros anos da revolução comunista, os homossexuais tiveram um pouco de liberdade para logo na sequência perde-las com o stanilismo que enxergava a homossexualidade como um sinal da decadência do capitalismo.

Recentemente, o todo poderoso da Rússia assinou duas leis que proíbem que a propaganda gay seja considerada crime e nem a palavra homossexual possa sequer ser citada ou falada. Além disto, mistura homossexualidade com pedofilia. Assim como Feliciano, Putin é um protofascista que escolheu os LGBTs como seus inimigos.

É o golpe final a um país onde ser homossexual é poder correr risco de vida. O discurso de ódio de Putin tem gerado situações como esta:

E ainda tem este vídeo falado em russo mas as imagens dizem por si:

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Transfobia: Travestis são mortas na Grande Goiânia e transexual é barrada em casa de eventos no interior de São Paulo http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/09/07/transfobia-travestis-sao-mortos-na-grande-goiania-e-transexual-e-barrada-em-casa-noturna-no-interior-de-sao-paulo/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/09/07/transfobia-travestis-sao-mortos-na-grande-goiania-e-transexual-e-barrada-em-casa-noturna-no-interior-de-sao-paulo/#comments Sat, 08 Sep 2012 02:50:55 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=821 Na madrugada de sexta-feira, 7, três travestis foram assassinadas  em Aparecida de Goiânia, na Grade Goiânia. Elas foram fuziladas por homens armados. Uma outra travesti foi esfaqueada em outra cidade próxima, Hidrolândia, em um posto de gasolina.

As quatro supostamente se prostituíam pois esta é uma realidade e uma solução para grande parte das travestis que são expulsas de casa sem nenhum tipo de ajuda da família, que as renegam veementemente. O fato só muda quando muitas conseguem, além de sobreviver, mudar de país e ganhar muito dinheiro com a prostituição no exterior. Ao voltar para o Brasil, em geral, compram a casa dos familiares e os sustentam. Neste momento, o que era vergonha vira esquecimento ( de que tem um(a) transgênero na família) e silêncio.

Mas existe um outro silêncio, o silêncio da humilhação que é uma coisa que muitos transgêneros estão resolvendo quebrar. Nesta mesma sexta-feira, rodou pelas redes sociais o desabafo da transexual Jessyca Dias:

“Eu, Jessyca Dias, 27 anos, Transexual desde os 18 anos, fui vitima da mais abjeta transfobia num estabelecimento chamado Rancho Jundiaí [em Jundiaí, interior de São Paulo]. Ao chegar na entrada do estabelecimento com minhas amigas, a segurança pediu meu RG. Quando viu que o documento constava ainda o nome de homem, a segurança disse que eu não poderia entrar e que eram ordens da casa. Indignada, disse que ela não podia me impedir pelo fato de eu ser transexual, pois aquilo era preconceito. Nesse momento, a segurança chamou um outro colega que perguntou se eu estava com as meninas, que estavam ao meu lado. Ao confirmar, o segurança me deixou entrar. Na bilheteria reclamei do ocorrido com a moça que recebia o meu dinheiro e ela disse que a atitude de não deixar entrar travestis e transexuais estava correta.

Ao entrar na casa, fui falar com o dono do evento, de nome Edson Del Roy . Ele disse que estava proibida a presença de travestis e transexuais, pois elas usam vestimentas inadequadas para o local, como vestidos, blusinhas e saias curtas. Quando falei que as mulheres que frequentavam o local se vestiam da mesma maneira, ele disse que eu não podia ser comparada a uma mulher. Ao final, disse que iria buscar meus direitos, e ele com a voz já alterada, disse que não se importava com isso. A conversa encerrou-se ali.

Minha noite de diversão acabou. Me senti ultrajada, humilhada. Desde que me assumi, como transexual, nunca tinha passado por isso. […] Informo também que estarei tomando todas as medidas, judiciais e extra judiciais, contra o estabelecimento e contra o dono do evento. É obrigação de cada LGBT, que foi violentado em sua honra e dignidade, ir até as ultimas consequências para obter Justiça!”

A análise desta situação é melhor descrita pela filósofa Marilena Chauí em sua fala no debate “A Ascensão Conservadora”, que aconteceu no final de agosto, em São Paulo. “A sociedade brasileira é extremamente violenta e tem a tendência a situar a violência apenas na região da criminalidade e, de não perceber, que a violência é toda a violação física e psíquica que você faz contra a natureza de alguém. Ora, uma sociedade que trata seres humanos que são racionais, dotados de sensibilidade e dotados de linguagem como se eles fossem coisas, portanto irracionais, mudos, inertes e passivos, é o grau máximo da violência porque você não reconhece a humanidade do outro”.

O Blogay tentou contato com o estabelecimento sem sucesso.

Os dois casos acima mostram o alto grau de transfobia que a sociedade brasileira ainda teima em se enlamear.  Como já escrevi algumas vezes aqui no blog, os transgêneros estão na vanguarda, no sentido de estarem na linha de frente na batalha contra os intolerantes e, estando nesta posição, são as primeiras a levar as pedradas.

***

Mas nem tudo é ruína, ainda temos algumas brechas de uma possível sociedade mais inclusiva e generosa. A revista “Trip”, por exemplo, escolheu a modelo transexual Carol Marra para ser sua “trip girl” deste mês.

Carol Marra (Marcio Simnch – Revista Trip)
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Casal gay presta depoimento sobre agressão homofóbica em Salvador http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/13/casal-gay-presta-depoimento-sobre-agressao-homofobica-em-salvador/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/13/casal-gay-presta-depoimento-sobre-agressao-homofobica-em-salvador/#comments Tue, 13 Mar 2012 18:00:14 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=147
Vítima de agressão homofóbica em Salvador (Arquivo Pessoal)

O que era felicidade se tornou brutalidade. O que era abraço se transformou em tortura. Um jovem casal gay foi espancado em Salvador na noite de sábado, 10. Eles prestam depoimento nesta terça-feira, 13, na 11ª Delegacia Territorial (DT/Tancredo Neves).

Porém, Thyago Souza, 24, contou o ocorrido nas redes sociais neste final de semana. “Ontem à noite, eu e meu amor passamos por momentos terríveis de medo, pavor e desespero. Fomos perseguidos e espancados na estação Pirajá. Meu amor teve a cabeça aberta por um objeto que eles o acertaram com tamanha brutalidade. Todos estavam com facas”, escreveu no Facebook.

Segundo ele, os dois estavam voltando de um festa no Rio Vermelho e ao descerem na estação Pirajá, Thyago encostou a cabeça no ombro do namorado. Bastou isso para uma gangue armada com pedaços de madeira e faca aparecesse gritando: “Bate nesses viadinhos. Bate nesses gays mauricinhos”.  Seu namorado levou 10 pontos na cabeça.

O delegado Guilherme Machado é o responsável pelas investigações. O casal passou por três delegacias de Salvador, nos bairros de Cajazeiras, São Caetano e Pau da Lima, mas só consegui fazer o B.O. na de Tancredo Neves.

Além da negligência das delegacias, o boletim de ocorrência registra lesão corporal, segundo informações da unidade policial. Oras, se a gangue estava armada com faca não pode ser só esse o delito, não?

Com o desdém por parte de algumas autoridades, entrou no jogo o componente família e medo, totalmente compreensíveis e que devem ser respeitados. Thyago escreveu: “Atenção, infelizmente não iremos mais expor o ocorrido em rede nacional. Sem o apoio da família não podemos. Iríamos fazer gravações inclusive para o Jornal Nacional e diversos outros jornais. Mas a família não apoia a nossa briga. Agradeço ao apoio de todos e todas as mídias que estão nos ligando e cedendo espaços em todos os jornais. Faremos o que tiver ao nosso alcance respeitando a vontade de nossas mães”.

Percebemos nesse episódio como a violência contra os homossexuais além de físico, passa por um estágio psicológico bem pesado.

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O casal se abraça antes da tortura (Arquivo Pessoal)

Thyago descreveu assim essa foto: “Momentos antes do espancamento ocorrido na estação Pirajá por ato de homofobia. Estávamos taã felizes mas não imaginaríamos que horas depois iriamos ser brutamente espancado e agredidos por pessoas que não tem amor e que acham que gays devem ser banidos da sociedade. Aí pergunto: quem deve ser banido da sociedade, esse lindo casal ou os monstros que realizaram o brutal espancamento?”

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