Blogaytransfobia – Blogay http://blogay.blogfolha.uol.com.br A contribuição dos gays, lésbicas e travestis para o mundo Wed, 18 Nov 2015 02:07:18 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 A transfobia e a homofobia entre os LGBTs http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/12/30/a-transfobia-e-a-homofobia-entre-os-lgbts/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/12/30/a-transfobia-e-a-homofobia-entre-os-lgbts/#comments Mon, 30 Dec 2013 10:30:28 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1565 Em uma discussão por telefone sobre preconceito com um assessor de uma cantora famosa, ele se assumia gay, como que para legitimar que ele não tinha preconceito contra os LGBTs, e eu então falei: “os homossexuais não estão livres de serem homofóbicos, muito pelo contrário, eles carregam com naturalidade muitos preconceitos que acreditam tratar-se apenas de uma questão de opinião”. Parecia que eu acabara de falar línguas para ele, que ficou um pouco chocado com minha afirmação.

É constante afirmações de cunho homofóbicos e transfóbicos no meio LGBT. Recentemente, a modelo Thalita Zampirolli, transexual apontada como affaire do ex-jogador e deputado federal Romário (PSB-RJ), deu as seguintes declarações para o colunista Léo Dias do jornal “O Dia” quando o jornalista disse que ela tinha uma voz muito feminina.

“Por isso que eu falo, sou criticada por não apoiar manifestações LGBT. Eu vivo em outro mundo. Não apoio. Muitas manifestações pedem respeito, mas você vê hoje em dia nas paradas gays muita falta de respeito. Eles se beijam, transam na areia… Não apoio isso. Trabalho com vários gays, eles têm padrão de vida diferente da maioria e poderiam pedir respeito de forma diferenciada”, respondeu Thalita.

Ela acredita que o fato de parecer quase ser mulher a retira da sigla LGBT e repete o mesmo discurso do opressor como que querendo-pedindo para ser o que não é.

O leitor do blog Marcelo Lacerda escreveu relatando um caso semelhante com o Mr. Gay Brasil Evandro Maia. Os dois discutiram via Facebook depois de Maia escrever: “Não suporto esses viados com cara de xupão e que miam quando abrem a boca! Tomem vergonha na cara… Vcs têm um PINTO no meio das pernas… Sejam homem carai! — se sentindo incomodado”.

Lacerda respondeu: “Extremamente grosseira essa sua colocação, Evandro. ‘Esses viados com cara de xupão e que miam quando abrem a boca’ são as que se expõem verdadeiramente. Elas estão na linha de frente na batalha por mais espaços para gays na sociedade. Os viados que dão pinta são os que dão a cara à tapa diariamente sem medo e são muito mais homens do que muitos por aí. Essas pessoas têm de se reafirmar diariamente, sofrem discriminação no trabalho, nos espaços públicos e esse seu incômodo, desculpe-me, é uma demonstração óbvia de despolitização. Repense essa sua posição, porque essas bichinhas se sentem, de certa forma, representadas por você e dão movimento, por exemplo, às ‘notícias’ que saem sobre o Mr. Gay em sites especializados”.

Novamente, existe uma grande confusão que acredita que você pode ser gay, mas tem que parecer “homem”, mesmo este conceito sendo muito vago e cultural.  Se você parecer homem ou se parecer mulher, seja no caso de Maia ou no de Thalita, você se dá o respeito e age de forma diferenciada – mesmo que este discurso tenha um grande equívoco ao não compreender as sutilezas entre gênero e orientação sexual.

Mas antes de focarmos os nossos discursos de ódio contra Maia ou Patrícia, precisamos olhar para dentro de nós, e vermos momentos que também tomamos posturas semelhantes ou como a menina que beija Adéle no colégio em “Azul é a Cor Mais Quente”, de Abdellatif Kechiche, se silencia quando as outras colegas da escola acusam a protagonista de ser lésbica.

A reflexão e a crítica têm que ser cotidiana pois fomos criados em ambientes homofóbicos e transfóbicos e os estigmas estão “naturalmente” impregnados em nós.  Que esta auto-análise seja feita e que antes de julgarmos os outros, nos olhemos primeiro. Afinal ainda carregamos muitos preconceitos conosco. Ninguém está livre deles, começando por este que aqui escreve.

(Marlene Bergamo/Folhapress)
(Marlene Bergamo/Folhapress)
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Enem, homofobia e transfobia http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/11/01/enem-homofobia-e-transfobia/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/11/01/enem-homofobia-e-transfobia/#comments Sat, 02 Nov 2013 01:45:26 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1472 O Enem 2013 foi um reflexo de um embate que acontece na sociedade brasileira nos últimos anos. De um lado, a vontade civilizatória de reconhecer os direitos dos LGBTs e, de outro, a força que quer tirar qualquer cidadania deste grupo tão heterogêneo.

O professor Robson Silva avisou este blog que a questão 41 da prova branca de Ciências Humanas e Suas Tecnologias no dia 26 de outubro abordava a homofobia

“’Tenho 44 anos e presenciei uma transformação impressionante na condição de homens e mulheres homossexuais nos Estados Unidos. Quando nasci relações homossexuais eram ilegais em todos os Estados Unidos, menos Illinois. Gays e lésbicas não podiam trabalhar no governo federal. Não haviam nenhum politico abertamente gay. Alguns homossexuais não assumidos ocupavam posições de poder, mas a tendência era eles tornarem as coisas ainda piores para seus semelhantes.’

Roos. A. Na maquina do tempo. Época, ed. 766 28 jan 2013.

A dimensão política de transformação sugerida no texto teve como condição necessária a: 

A) ampliação da noção de cidadania

B} reformulação de concepções religiosas

C) manutenção de ideologias conservadoras

D) implantação de cotas nas listas partidárias

E) alteração da composição étnica da população

Reposta: Alternativa A”

Uma questão deste nível demonstra a lucidez da instituição que a criou e de como ela percebe que os direitos gays estão intrisecamente vinculado à noção de cidadania.

Por outro lado, relatos mostraram que em inúmeros lugares do país, transexuais sofreram constrangimento.  Em reportagem do Uol, por exemplo, a transexual Beatriz Trindade, 19, relatou que tinha pedido para que o nome civil não fosse dito alto. “Na entrada, tinha uma pessoa que pegava os documentos e mandava para o lugar. Ele pegou meu documento e gritou meu nome civil no meio de todo mundo. Foi bem constrangedor”, contou.

A transexual Beatriz Trindade (Arquivo Pessoal)

E na mesma reportagem, Helena Brito, 25, disse: “Os sabatistas são respeitados, quem está no hospital também, pessoas que estão em reclusão também, mas as pessoas transexuais não são. Se você está em uma situação de vulnerabilidade e o nome pode causar constrangimento na hora da prova, isso tem que ser respeitado para que nós possamos estar em situação de igualdade no exame”.

Situações semelhantes ocorreram no ano passado, o Ministério da Educação prometeu averiguar tanto no ano passado como neste. Mas o que se percebe é o descompasso entre o ideário da instituição e a situação real onde funcionários mal treinados ainda ladram sua transfobia sem menor problema.

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Transfobia: Travestis são mortas na Grande Goiânia e transexual é barrada em casa de eventos no interior de São Paulo http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/09/07/transfobia-travestis-sao-mortos-na-grande-goiania-e-transexual-e-barrada-em-casa-noturna-no-interior-de-sao-paulo/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/09/07/transfobia-travestis-sao-mortos-na-grande-goiania-e-transexual-e-barrada-em-casa-noturna-no-interior-de-sao-paulo/#comments Sat, 08 Sep 2012 02:50:55 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=821 Na madrugada de sexta-feira, 7, três travestis foram assassinadas  em Aparecida de Goiânia, na Grade Goiânia. Elas foram fuziladas por homens armados. Uma outra travesti foi esfaqueada em outra cidade próxima, Hidrolândia, em um posto de gasolina.

As quatro supostamente se prostituíam pois esta é uma realidade e uma solução para grande parte das travestis que são expulsas de casa sem nenhum tipo de ajuda da família, que as renegam veementemente. O fato só muda quando muitas conseguem, além de sobreviver, mudar de país e ganhar muito dinheiro com a prostituição no exterior. Ao voltar para o Brasil, em geral, compram a casa dos familiares e os sustentam. Neste momento, o que era vergonha vira esquecimento ( de que tem um(a) transgênero na família) e silêncio.

Mas existe um outro silêncio, o silêncio da humilhação que é uma coisa que muitos transgêneros estão resolvendo quebrar. Nesta mesma sexta-feira, rodou pelas redes sociais o desabafo da transexual Jessyca Dias:

“Eu, Jessyca Dias, 27 anos, Transexual desde os 18 anos, fui vitima da mais abjeta transfobia num estabelecimento chamado Rancho Jundiaí [em Jundiaí, interior de São Paulo]. Ao chegar na entrada do estabelecimento com minhas amigas, a segurança pediu meu RG. Quando viu que o documento constava ainda o nome de homem, a segurança disse que eu não poderia entrar e que eram ordens da casa. Indignada, disse que ela não podia me impedir pelo fato de eu ser transexual, pois aquilo era preconceito. Nesse momento, a segurança chamou um outro colega que perguntou se eu estava com as meninas, que estavam ao meu lado. Ao confirmar, o segurança me deixou entrar. Na bilheteria reclamei do ocorrido com a moça que recebia o meu dinheiro e ela disse que a atitude de não deixar entrar travestis e transexuais estava correta.

Ao entrar na casa, fui falar com o dono do evento, de nome Edson Del Roy . Ele disse que estava proibida a presença de travestis e transexuais, pois elas usam vestimentas inadequadas para o local, como vestidos, blusinhas e saias curtas. Quando falei que as mulheres que frequentavam o local se vestiam da mesma maneira, ele disse que eu não podia ser comparada a uma mulher. Ao final, disse que iria buscar meus direitos, e ele com a voz já alterada, disse que não se importava com isso. A conversa encerrou-se ali.

Minha noite de diversão acabou. Me senti ultrajada, humilhada. Desde que me assumi, como transexual, nunca tinha passado por isso. […] Informo também que estarei tomando todas as medidas, judiciais e extra judiciais, contra o estabelecimento e contra o dono do evento. É obrigação de cada LGBT, que foi violentado em sua honra e dignidade, ir até as ultimas consequências para obter Justiça!”

A análise desta situação é melhor descrita pela filósofa Marilena Chauí em sua fala no debate “A Ascensão Conservadora”, que aconteceu no final de agosto, em São Paulo. “A sociedade brasileira é extremamente violenta e tem a tendência a situar a violência apenas na região da criminalidade e, de não perceber, que a violência é toda a violação física e psíquica que você faz contra a natureza de alguém. Ora, uma sociedade que trata seres humanos que são racionais, dotados de sensibilidade e dotados de linguagem como se eles fossem coisas, portanto irracionais, mudos, inertes e passivos, é o grau máximo da violência porque você não reconhece a humanidade do outro”.

O Blogay tentou contato com o estabelecimento sem sucesso.

Os dois casos acima mostram o alto grau de transfobia que a sociedade brasileira ainda teima em se enlamear.  Como já escrevi algumas vezes aqui no blog, os transgêneros estão na vanguarda, no sentido de estarem na linha de frente na batalha contra os intolerantes e, estando nesta posição, são as primeiras a levar as pedradas.

***

Mas nem tudo é ruína, ainda temos algumas brechas de uma possível sociedade mais inclusiva e generosa. A revista “Trip”, por exemplo, escolheu a modelo transexual Carol Marra para ser sua “trip girl” deste mês.

Carol Marra (Marcio Simnch – Revista Trip)
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Após ser barrada em banheiro feminino, transexual é agredida em boate de Corumbá http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/09/01/ao-ser-barrada-em-banheiro-feminino-transexual-e-agredida-em-boate-de-corumba/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/09/01/ao-ser-barrada-em-banheiro-feminino-transexual-e-agredida-em-boate-de-corumba/#comments Sun, 02 Sep 2012 02:30:54 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=776
Rafaela Morais com a marca da agressão (Arquivo Pessoal)

A transexual Rafaela Morais, 28, foi agredida com uma lata de cerveja jogada em seu rosto, depois de ser impedida de utilizar o banheiro feminino da casa noturna Studium 1.054, em Corumbá, Mato Grosso do Sul, na madrugada de sexta para sábado, 26.

Era a terceira vez que ela ia ao banheiro, mas foi impedida de entrar por uma funcionária da boate que exigiu um documento da transexual que provasse que ela era mulher.

Por ironia do destino, Rafaela estava na casa noturna comemorando a decisão de poder trocar seu nome nos documentos e sua nova certidão de nascimento que alterará seu nome masculino pelo feminino, concedido por um juiz em Brasília.

Ela fez um boletim de ocorrência com o acontecido: por ser vítima de preconceito e não ter sido atendida com os primeiros socorros ainda no local.  Conforme notifica sua assessoria ao Blogay, Rafaela ficou indignada.

“Nunca sofri uma humilhação tão grande na minha vida e está sendo cada dia mais difícil superar o que passei. A mulher não viu um homem na frente dela e, sim, uma mulher. Além disso, eu já havia usado o banheiro duas vezes, porque pedir meus documentos depois?”, pergunta a transexual.

O advogado criminalista Jairo Lopes ressalta: “Somente quem teria competência para exigir documentos de alguém seria uma autoridade pública ou estabelecimentos privados na comprovação de uma idade mínima para o ingresso em uma casa noturna, por exemplo.”

Lopes diz que no caso de Rafaela poderá haver acusações de danos morais e  diversas possibilidades de crimes.

Com a discussão sobre identidade de gênero sendo travada cada vez mais no país,  surgem algumas questões a serem solucionadas e repensadas como qual o lugar dos transgêneros em ambientes que existe a divisão de gênero como banheiros, vestiários, saunas.

Recentemente um evento realizado pelo “revista TPM”, em uma casa em São Paulo, deu uma resposta a esta questão ao colocar ao lado do signo que indicava o banheiro feminino, o retrato da(o) cartunista Laerte. Isto é, o banheiro era de todas que se identificassem com o gênero feminino.

Entrada do banheiro feminino da Casa TPM (Instagram/Vitor Angelo)
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Travestis e transexuais protestam contra Parada Gay: “É machista e misógina” http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/06/09/travestis-e-transexuais-protestam-contra-parada-gay-e-machista-e-misogina/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/06/09/travestis-e-transexuais-protestam-contra-parada-gay-e-machista-e-misogina/#comments Sat, 09 Jun 2012 22:30:08 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=457 Neste sábado, 9, foi lançado nas redes sociais um protesto da Frente Paulista de Travestis e Transexuais contra a organização da Parada Gay de São Paulo.

Em conversa por telefone com o Blogay,  a travesti Janaína Lima, 36, esclarece o que está acontecendo. “Este ano não temos o nosso tradicional trio nem conseguimos colocar nossos cartazes. Mas acordamos com a Parada que iríamos no trio oficial de abertura e algumas outras no trio da Paz que encerra o evento. Depois vieram nos anunciar que iríamos no sétimo carro e no último. Por fim, ontem (sexta-feira) avisaram que seria só no sétimo carro e que não adiantava nem reclamar porque não tinha acordo.”

As travestis e transexuais iriam vestidas de professora, enfermeiras, advogadas. “Eles [os organizadores] pediram que nós não fossemos peladas ou de vestido curto. Mesmo a gente achando que no fundo tinha algum preconceito porque boy de sunga branca sem camisa iria ter aos montes, nós concordamos porque era uma maneira de dar visibilidade aos transgêneros.”

Toda esta situação escancara um certo desdém, mesmo que implícito, pelas vítimas mais visíveis da homofobia. “Com esta gestão não conseguimos diálogo algum, existe uma invisibilidade para as travestis e transgênros. A Parada Gay hoje é uma parada machista e misógina”, desabafa Janaína.

Esta situação levou a Frente a divulgar a seguinte nota:

“Nós, travestis e transexuais reunidas no dia 09 de junho de 2012 após discussão pelo conjunto de pessoas presentes na reunião ordinária, como consta registrado em ATA, vimos por esse intermédio protestar pela forma como foram tratadas as travestis e transexuais desse estado na 16ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. Não concordamos com os argumentos usados nas discussões para as nossas participações limitando e impondo o modo de nos vestir e se comportar durante a parada, ainda assim concordamos.  Porém, nem com esse acordo fora disponibilizado para nós o trio como de costume, mais espanto causou ainda quando fomos informadas que nem as nossas participações nos demais trios fora garantida como um acordo prévio com os organizadores da mesma. Nesse sentido não nos cabe outra atitude senão PROTESTAR pela forma transfóbica dos organizadores da 16ª Parada e esperar que a gente possa ser incluída não somente nos discursos, mais nas ações e atitudes que tenham a ver com a população LGBT de São Paulo, pois também fazemos parte dessa cidade e estado.

Travestis e Transexuais já esta na hora de sermos respeitadas e não apenas usada”

Protesto de trans contra a Parada neste sábado, 9 (Divulgação/Facebook)

O OUTRO LADO

Em conversa com o Blogay, o assessor de imprensa da Parada de São Paulo, Leandro Rodrigues, explicou que “existem 40 pulseiras reservadas para as travestis e transexuais. 20 para o sétimo carro e 20 para o último carro que será um trio da diversidade, voltada a grupos vulneráveis, além da questão do casamento igualitário.”

Segundo Rodrigues, o trio oficial da Parada, o chamado carro oficial acabou ficando apertado para o grupo de travestis pois terá a presença de políticos como Marta Suplicy, Jean Wyllys e o governador Geraldo Alckmin que virá com uma comitiva de oito pessoas.

Ele também afirma que “em nenhum momento a Parada resolveu impor uma certa vestimenta para as travestis. E que cada um vá vestido como bem entender. Importante frisar é que a orientação para se vestirem como profissionais de várias áreas atende a uma demanda levantada por nosso grupo quinzenal de TTs [travestis e transexuais], que é a inserção delas no mercado de trabalho. Portanto, virem fantasiadas de médica, comissária de bordo, professora etc é um protesto alegórico pelo o reconhecimento das TTs como capazes de executar qualquer função. Porém, nenhuma delas é obrigada a acatar essa orientação e podem se vestir da forma que quiserem.”

Sobre uma posição  de transfobia da Parada , ele alega que em seus quadros têm as travestis Greta Star, tesoureira do evento, e Adriana da Silva.

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Namorado de Ariadna grava vídeo em defesa da transexual http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/02/26/namorado-de-ariadna-grava-video-em-defesa-da-transexual/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/02/26/namorado-de-ariadna-grava-video-em-defesa-da-transexual/#comments Mon, 27 Feb 2012 02:00:23 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=82
Ariadna e o namorado Gabriele Benedetti (Reprodução/Twitter)

Gabriele Benedetti não gostou do modo como trataram sua namorada Ariadna e saiu em sua defesa.

[youtube e_CHWpsFyVc nolink]

“Acabei de assistir a um vídeo na Internet de um tal de Bola, Bolinha, não sei o nome dele [integrante do Pânico na TV que a produção acabou fazendo uma brincadeira no programa sobre uma possível relação entre os dois para desgosto de Bolinha], e vi que tratarem de um jeito muito ofensivo minha mulher. Gostaria de falar para quem fez esse programa que pode ser divertido para alguém que não tem o que fazer, mas na verdade tratar de alguns assuntos desse jeito ofensivo não é certo nem legal. Nosso mundo já tem muito preconceito”, disse o empresário italiano em vídeo publicado no dia 21 de fevereiro no YouTube.

Nele, Benedetti também diz que não é gay. Esta declaração vem para reafirmar – mesmo com o ar de dúvida dos mais ignorantes – que são os heterossexuais os mais interessados sexualmente pelas transexuais, como já escrevi aqui. Mas dentro de uma lógica perversa, o hétero que assumi abertamente que não tem problemas em se relacionar com trans, pois o que está em jogo é o desejo pela figura feminina, pode também ser alvo de zombaria.

“Gostaria de falar pra todo mundo que não sou gay, mas se fosse não teria nenhum problema. Queria falar que minha mulher é mulher. Se alguém tem curiosidade, ela é uma mulher que fez uma operação total pra ficar mulher. E muita gente não sabe quanto esse percurso é muito complicado e difícil. Por isso, admiro muito a minha mulher.[…] Eu entendo que seja muito curioso saber como é namorar uma mulher que tem a história da Ariadna. Mas gostaria de falar de coisas mais lindas, como o sentimento que eu tenho por ela e o carinho ue tenho por ela.[…] Gostaria de agradecer aos milhões de fãs dela que apoiam nossa história”, termina o namorado de Ariadna, a primniera transexual do BBB.

O que é mais louvável nesse vídeo é a coragem que Benedetti tem de mostrar a cara, de dizer seus sentimentos em relação a Ariadna, e de ser um homem de verdade ao defender o que ama.

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Escolha de Claudia Leitte para madrinha da Parada de Salvador cria polêmica entre gays http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/02/23/escolha-de-claudia-leitte-para-madrinha-da-parada-de-salvador-cria-polemica-entre-gays/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/02/23/escolha-de-claudia-leitte-para-madrinha-da-parada-de-salvador-cria-polemica-entre-gays/#comments Thu, 23 Feb 2012 10:00:49 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=62 A notícia caiu como uma bomba no meio LGBT. O combativo GGB (Grupo Gay da Bahia) escolheu a cantora Claudia Leitte para madrinha da Parada Gay de Salvador. Para uma boa parte da militância, a escolha soa equivocada já que a cantora de axé nunca esclareceu de forma assertiva seu depoimento sobre ter um filho gay feito em uma entrevista para a transexual Léo Áquila e também nunca teve um posicionamento claro na defesa dos direitos homossexuais.

Em resposta a isso, um abaixo assinado já começa a circular pela internet pedindo para o GGB reconsiderar o convite feito a Claudia Leitte. “Neste ato, nós militantes em defesa da plena cidadania e igualdade de direitos LGBTs, envolvidos na luta pelo combate a homofobia e a transfobia, solicitamos ao prof. dr. Luiz Mott e demais representantes do GGB (Grupo Gay da Bahia), pessoas com admirável histórico de luta, de reconhecido esforço e incansáveis na defesa dos direitos humanos dos homossexuais no Brasil, que repensem a escolha da cantora Claudia Leite para ser a madrinha da 11ª Parada LGBT da Bahia”, começa o texto.

“Como muitos sabem e podem verificar em vídeo amplamente divulgado durante uma entrevista concedida a um programa de TV em rede nacional, Claudia Leitte e seu marido declararam que NÃO gostariam que o filho fosse gay , mas que fosse MACHO (sic)”, prossegue.

[youtube MPSlSnS9NYk nolink]

“E embora a cantora tenha buscado retratar-se em seu blog, retratação apenas reafirmou sua posição diante da questão LGBT, o que nos faz ficar certos de que a cantora não tem nenhum envolvimento com a causa LGBT. […] Solicitamos que elejam como madrinha da 11ª Parada LGBT da Bahia uma pessoa que de fato represente este movimento, cuja figura pública seja agregadora na luta contra o preconceito e a discriminação que tanto sofremos, que seja um ícone para darmos visibilidade a causa na defesa e garantia de direitos civis LGBT, que seja a figura pública solidária do respeito a vida. E se eu ainda pudesse ter um filho, eu só iria desejar que ele fosse feliz!”, finaliza o texto do abaixo-assinado.

Esmiuçando o texto de esclarecimento de Claudia Leitte podemos perceber que não é clara sua posição e ainda parece conter, além de homofobia, uma certa transfobia, ao descrever a repórter transexual. “O que você deveria dizer a Leo Áquila, vestido de rosa, rindo bastante, insinuando coisas que poderiam ser depreciativas do seu trabalho e do seu caráter, caso ele te fizesse essa pergunta? O quê? Aquilo não era uma piada?”, inicia o texto da cantora depreciando sim o trabalho de Áquila como algo sem seriedade por vestir rosa e fazer piadas. Ela porém também coloca: “Se eu errei, ou magoei alguém, lamento, e em nome do meu marido também. Essa jamais foi a nossa intenção”.

Essa dubiedade do texto ainda traz algo sedimentado em uma sociedade machista e misógina: que é uma desgraça ter um filho gay, fato que ela não se desculpa, nem desconstrói pois se o fizesse seria oportunista como ela assume no título do texto.

O antropólogo e fundador do GGB Luiz Mott, ao ver em sua página do Facebook inúmeros ataques e questionamentos por parte dos homossexuais, postou: “Acordem para a realidade. Perguntem para sua irmã grávida, pra sua vizinha grávida, pra qualquer grávida do mundo: Você gostaria que seu filho fosse gay? Qual é a resposta? Sem hipocrisia, please!”

A militante Juliana Novais, que deve conhecer o movimento Mães Pela Igualdade – mães de homossexuais que perderam filhos em atos homofóbicos e/ou se orgulham de ter filhos homossexuais – , questionou Luiz Mott: “Eu lamento muito você só conhecer grávidas homofóbicas, e lamento mais ainda você justificar o comentário de Claudia Leitte baseado na ignorância alheia. Mãe que é mãe de verdade, consciente do seu papel, consciente do significado da maternidade e do seu amor incondicional, NUNCA responderia uma pergunta no sentido do quer que o filho seja, porque NÃO importa. Não importa se ele vai nascer mais moreno ou mais branco, não importa se ele vai nascer menino ou menina, assim como não importa se ele vai nascer gay ou hétero. O que importa é que venha com saúde. Pelo menos são assim as mães que eu conheço, e posso te apresentar, já que pelo visto você não conhece nenhuma que pense assim”.

Aos inúmeros comentários negativos, Luiz Mott novamente interveio: “Para os que continuam jogando pedras em Claudia Leitte e criticando o GGB por tê-la escolhido como madrinha da próxima Parada Gay, no dia 9 de setembro, sugiro que consultem bons marqueteiros, experts em midia, marketing, oscambau e todos dirão que nossa escolha é um golpe de mestre, usar uma ex opositora para se tornar nossa garota propaganda. Serão milhões de fãs de Claudinha que ouvirão ela dizer que é contra a homofobia! Acorde gente intolerante. Abra teu bestunto para incluir quem nos apoia”.

Não satisfeitos, logo veio uma resposta para Mott: “Consultei amigos formados em publicidade e marketing e todos disseram que a escolha é um golpe de mestre sim, para Claudia Leitte, e não para a manifestação do movimento gay, que não precisa dela para nada. E só para deixar claro, o problema não é o convite para ela participar da parada, mas ela ser eleita madrinha? Com tantas pessoas que participam ativamente do movimento de combate a homofobia, famosas e não famosas que merecem ser madrinha, e ela é a escolhida? Uma artista que teve um comentário homofóbico jamais deveria ser madrinha e ter lugar de destaque em um evento gay. Isso não acontece em lugar nenhum do mundo!”

E a discussão só está começando… E você, o que acha de Claudia Leitte ser madrinha da Parada Gay de Salvador?

Danilo Verpa / Folhapress

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