Blogaymilitância – Blogay http://blogay.blogfolha.uol.com.br A contribuição dos gays, lésbicas e travestis para o mundo Wed, 18 Nov 2015 02:07:18 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Da intolerância da militância http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2014/03/30/da-intolerancia-da-militancia/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2014/03/30/da-intolerancia-da-militancia/#comments Sun, 30 Mar 2014 22:00:59 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1641 As conquistas de boa parte dos direitos das minorias não ocorreria sem a ajuda e a luta da militância, ela é fundamental para denunciar, defender, debater e esclarecer assuntos que são propositalmente colocados para debaixo do tapete da sociedade para negar melhor qualidade de vida para algumas parcelas desta mesma sociedade. Porém, existe um certo exercício de acusar, apontar dedos quase de forma irascível de uma parte da militância, para tudo e todos que não fazem o seu discurso e estão fora do seu quadrado, que é cheio de ódio e rancor e violência, os mesmos valores que estes militantes acreditam estar combatendo. Recentemente, um importante militante LGBT, Ricardo Rocha Aguieiras, fez aquilo que é importante para uma militância séria crescer: fez uma autocrítica da militância sobre este cartaz de uma declaração da atriz Glória Pires que foi espalhado nas comunidades gays nas redes sociais.

(Reprodução/Facebook)
(Reprodução/Facebook)

“Vejo pessoas militantes LGBT e mesmo líderes atacando a fala de Glória Pires mostrada no cartaz acima. Acho ilusório o que exigimos das pessoas não homossexuais e não LGBTs. Mas gente, ela não é militante LGBT, não tem o nosso discurso. Acho que o que ela disse é positivo, sim. Ela não se mostrou homofóbica em seu comentário, pelo contrário. Ao exigir demais, podemos é afastar pessoas aliadas. Tenho a absoluta certeza de que bastaria uma conversa com ela e ela entenderia. E ainda existem, no nosso discurso mesmo, muitas contradições. Em cima da fala de Simone de Beauvoir, a “não se nasce mulher, torna-se”; tem boa parte defendendo que com homossexuais é a mesma coisa. Afinal, ao se esconder num armário, um enrustido ou enrustida não estaria vivenciando sua homossexualidade, estaria? E tem ainda teóricos queers que falam que homossexualidade não existe, é apenas um rótulo cooptado. Então, se nem entre nós há concordâncias para levarem a um discurso único, como posso exigir isso de quem não é LGBT e está de fora dos nossos debates? ilusão acharmos que atingimos o mundo todo…”, escreveu Ricardo.

Um ponto muito importante colocado na entrelinhas do texto de Aguieiras é a soberba que muitas vezes a própria militância  se alimenta. Exigir que todos pensem como ela (a “cartilha LGBT” diz que deve ser assim e não assado), que sigam a mesma conduta e que tenham o mesmo grau de conhecimento e discurso passa muito mais por uma atitude autoritária do que democrática.

Aguieiras coloca clara uma certa intransigência que permeia muito o pensamento dos militantes, como existisse uma verdade única e tudo o que fosse contrária a ela, automaticamente seria inimigo da causa.  No fundo é o mesmo espelho da intolerância que os LGBTs sofrem, não existe margem para as áreas cinzas, é tudo preto no branco. Estar atento a si, em primeiro lugar, antes de apontar o dedo com tanta raiva para os outros deveria ser a primeira lição que os militantes deveriam ter, exatamente como Ricardo fez. Seria muito bom que a militância fosse cada vez mais diversa e menos intolerante, afinal é por diversidade e o respeito a ela que militamos.

Temos que tomar cuidado para não nos tornarmos tão intolerantes como contra aqueles que lutamos.

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O que aconteceu no encontro de Celso Russomanno com o empresariado LGBT de SP http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/09/23/o-que-aconteceu-no-encontro-de-celso-russomanno-com-uma-parte-do-empresariado-lgbt-de-sao-paulo/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/09/23/o-que-aconteceu-no-encontro-de-celso-russomanno-com-uma-parte-do-empresariado-lgbt-de-sao-paulo/#comments Mon, 24 Sep 2012 00:00:43 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=856
Manifestantes distribuem panfleto na porta da The Society, em São Paulo (Reprodução/Facebook)

Uma manifestação ocorreu no sábado à noite, 22, organizada pelos Setoriais LGBT do PT, PSDB, PSOL, a Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo e militantes independentes, na porta da The Society. Por volta de 60 pessoas, segundo os organizadores, distribuíram folhetos na entrada do clube pedindo explicações para André Almada, dono do boate, sobre a reunião na casa noturna entre o candidato à prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno (PRB), líder nas pesquisas eleitorais e ligado a alguns líderes políticos e religiosos conhecidamente homofóbicos, e alguns setores do empresariado LGBT.

Na carta aberta que eles entragavam aos frequentadores da casa, os militantes levantaram alguns pontos que os leitores deste blog também me cobraram. O que foi discutido? Quais as propostas feitas pelo candidato do PRB?

O Blogay também interessado na discussão enviou algumas perguntas simples para o empresário que respondeu via assessoria:

“Sobre questões referentes ao bate-papo com o candidato Celso Russomanno, no clube de The Society, viemos a público elucidar os principais pontos, observados em fóruns de redes sociais.

Novamente reiteramos que a iniciativa partiu do PTB, do deputado Campos Machado, partido do qual o empresário André Almada é filiado desde 3 de outubro de 2009, quando recebeu convite para presidir o Departamento da Diversidade, sem no entanto ter ocupado o cargo nem ter sido atuante político. Acima de tudo, sua função social como empresário de entretenimento é dar todo o apoio necessário, independentemente de candidato ou partido, para políticas públicas que vão ao encontro do interesse da sociedade como um todo.

Abrimos espaço para que o candidato se apresentasse à classe LGBT. Além disto, sua visita a um clube gay, com a presença de personalidades e empresários do meio, inclusive o próprio Almada, mostra o comprometimento do candidato com o público, caso seja eleito.

Muito se tem questionado o porquê de não divulgarmos as propostas apresentadas. Em nenhum momento esse foi o objetivo do evento, que serviu para uma aproximação com o público gay. O próprio convite, feito pelo André Almada, deixou claro que se tratava de um bate-papo informal, sem cunho político ou necessidade de ampla divulgação pela mídia.

Quanto à sugestão de promovermos um debate com a presença de todos os candidatos, consideramos muito válida a ideia. Acreditamos que esse papel cabe à militância, não a um grupo empresarial, como o nosso. No entanto, colocamo-nos à disposição como apoiadores, cedendo espaço para a realização do evento relacionado”.

Apesar de esclarecedor em diversos aspectos, o comunicado oficial da assessoria não responde às perguntas – simples – que fiz ao empresário (como foi a conversa com o Russomano? Quais foram as propostas dele para o segmento LGBT?; como foi a reação dos convidados?; quem participou desse encontro?). Neste momento, ao qual Almada está sendo atacado por tantos segmentos ligados à militância de promover um debate às escondidas, tudo deveria ter mais transparência. O trecho que “era um bate-papo informal, sem cunho político” foi mostrado para alguns jornalistas ligados à cobertura de política que disseram que isto não existe, ainda mais de um candidato que está em plena campanha eleitoral.

O encontro

Convite do evento ( Reprodução)

O Blogay apurou e descobriu alguns fatos que aconteceram neste encontro que ocorreu na sexta-feira, 14, mas só veio a publico quase uma semana depois. Como são comuns nesta época eleitoral, alguns candidatos convidam empresários para conversar, mostrar ideias e foi um pouco nesta base que aconteceu o encontro. Mas diferente do habitual, havia uma forte presença de militantes do PTB – partido da base de apoio de Russomanno. Tinha-se a impressão da presença de uma certa imprensa pois tinham fotógrafos, pessoas com vídeo, mas realmente conhecida do público LGBT só estava o Mix Brasil. Pesquisa feita mostra que não se noticiou nada sobre o encontro em nenhum jornal relevante ou mesmo no site ligado aos homossexuais que estava presente. Todos os jornalistas amigos deste blog disseram que um evento desta envergadura – do provável prefeito da cidade de São Paulo ligado aos líderes da Igreja Universal (forte opositora dos direitos homossexuais) com o empresariado gay seria notícia de destaque em qualquer jornal, mesmo que a discussão fosse feita na base da informalidade.

Os discursos que antecederam o de Celso Russomanno foram todos feitos com muita cautela e elogiosos tanto sobre a casa noturna como do debate que estava acontecendo. O empresário Alberto Hiar, o Turco Loco, dono da grife Cavalera, estava sentado na plateia e foi convidado para subir à mesa de debate. Ele pode ter subido por ser talvez o mais famoso presente no encontro ou por muitos comentarem que ele faz parte da campanha de Russomanno e foi às reuniões de Campos Machado (PTB), realizados todas as segundas-feiras, para traçar diretrizes da candidatura a prefeito de Celso. Hiar foi contactado pelo blog, mas ainda não respondeu.

Por fim, Celso Russomanno chegou mais de 40 minutos atrasado e com um outro compromisso na agenda. Pediu desculpas pelo atraso, e foi realmente o único a falar sobre os LGBTs de forma mais direta. Disse que é contra a discriminação, que não é homofóbico, e teve uma funcionária que era transexual, e – o mais importante de sua fala – que ele ira escutar os gays, pois ele governará uma cidade para todos. Foram abertas para as perguntas, mas deu tempo apenas para duas , uma delas feita por uma moça que disse ser de um blog desconhecido falava sobre os cadeirantes, algo fora de foco para um debate específico. O candidato se despediu rapidamente pois já tinha outro encontro na sua agenda política.

Conclusão

Não foi discutido nada mais profundo, por isto a dificuldade deste blog de entender o mistério em volta deste encontro – importante sim – não podemos subjugar o potencial político nele contido em todas as suas nuances.

Dois pontos a ressaltar: os gays conhecem o discurso do “não sou homofóbico, tenho um primo, um cabeleireiro, uma funcionária que é  gay” para camuflar a homofobia… Mas, no caso, esta funcionária citada por Russomanno no encontro existe. Chama-se Maria Eduarda Borges, é transexual, e trabalhou para o deputado durante oito anos na Câmara Federal. Ela escreveu para o blog dizendo que nunca sentiu preconceito por parte do deputado.

Pois bem, o Russomanno pode até não ser homofóbico, mas em política, aprendemos rapidinho que este valor conta pouco. As forças que o apoiam e o financiam são – boa parte vinda dos líderes da Universal. Para não ir muito longe, temos o caso de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais, que no primeiro turno disse acreditar que o aborto é um caso de saúde pública. Era explícito que ela tinha um posição mais flexível em relação ao assunto. No segundo turno, as alianças que fez, inclusive com o atual ministro da Pesca, Marcelo Crivella – também ligado à Universal – fez com que recuasse sua posição para o lado inverso. Então, Celso pode até não ser homofóbico, mas se quem deu o dinheiro de sua campanha pressionar como fizeram com Dilma, ele nada poderá fazer a favor dos LGBTs.

Exatamente por isto, por mais burocrático que possa parecer o “vou governar para cidade e quero dialogar com os gays” ganha aqui uma outra conotação, muito mais importante e política. Se estas linhas tivessem sido publicadas ou assumidas por aqueles que estiveram no evento e tanto disseram que não aconteceu nada demais, poderíamos, mesmo que frágil, ter um argumento em uma hora de uma possível repressão por parte de uma provável gestão Russomanno: “Prefeito, você encontrou conosco, por que quer tirar a parada da Paulista? Ou por que quer fechar o Cads? Ou qualquer ato que poderá prejudicar gays, bissexuais e transgêneros.” Isto é algo de cunho político em essência.

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10 argumentos que gostaríamos que os cristãos entendessem sobre a homossexualidade http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/09/02/10-argumentos-que-gostariamos-que-os-cristaos-entendessem-sobre-a-homossexualidade/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/09/02/10-argumentos-que-gostariamos-que-os-cristaos-entendessem-sobre-a-homossexualidade/#comments Mon, 03 Sep 2012 01:00:11 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=786 Volta e meia, usam o nome de Jesus e a Bíblia aqui nos comentários do blog para mostrar o lado mais negro, perverso e intolerante da humanidade. Pessoas que falam em nome de Deus  (tamanha prepotência) para justificar atitudes e mentalidades satânicas. O discurso deles é uma repetição do que escutam nos cultos e missas de seus superiores. É uma espiritualidade triste que está muito longe das lições de amor do cristianismo, a crença que julgam seguir.

Talvez uma atitude para combater as sandices pregadas e destiladas aqui e em diversos lugares só um outro discurso religioso. O reverendo Jim Rigby é pastor da Igreja Presbiteriana de Santo André em Austin, Texas, e um ativista de longa data dos movimentos sociais e de uma maior justiça econômica. Ele defende os direitos dos negros, gays e de diversas minorias.

Abaixo ele escreveu dez argumentos que gostaria que os cristãos entendessem sobre a homossexualidade:

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Marca de cosméticos retira produtos da editora de Silas Malafaia de seu catálogo http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/06/27/marca-de-cosmeticos-retira-produtos-da-editora-de-silas-malafaia-de-seu-catalogo/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/06/27/marca-de-cosmeticos-retira-produtos-da-editora-de-silas-malafaia-de-seu-catalogo/#comments Wed, 27 Jun 2012 14:10:17 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=531 A Avon, conhecida internacionalmente como empresa friendly ( amiga dos homossexuais), tinha em seu catálogo nacional livros de teor homofóbico publicados pelo pastor Silas Malafaia, autodenominado inimigo nº 1 dos homossexuais. Desde a semana passada, os produtos não constam mais na lista de vendas da empresa.

A notícia foi festejada por gays e militantes que, desde o início do mês de abril, fizeram pressão através de abaixo-assinado e cartas para a sede da Avon, em Nova York, nos Estados Unidos, denunciando que pastor homofóbico estava sendo promovido pela empresa no Brasil. Soube que ´pessoas liagadas á moda recusaram trabalhos com a emrpesa ao saber que ela compactuava com Malafaia.

O que os homossexuais questionavam era se fossem livros racistas ou antissemitas ou de pessoas ligadas a estas políticas, a Avon teria estes livros no seu catálogo ou se divulgariam nomes de líderes da Ku Klux Kan ou neonazistas.

Silas Malafaia em seu site  contradiz esta vitória da pressão dos militantes LGBTs dizendo que uma Bíblia do pastor está sendo oferecida: “O atual livro que está neste catálogo é a Bíblia de leitura diária com devocional, do pastor Silas Malafaia. É importante esclarecer que em algumas quinzenas não sai propaganda do nosso produto. Isto é comum neste catálogo. Temos programação para até o final do ano, portanto, mais uma mentira e safadeza de ativistas gays, o que é bem peculiar do caráter deles”.

A empresa foi procurada algumas vezes através de sua assessoria pelo Blogay desde a semana passada para esclarecer o posicionamento da empresa e até agora não se pronunciou sobre o caso.

Mesmo que seja uma medida decorativa da empresa de cosméticos, ou melhor dizendo, algo temporário para acalmar os ânimos dos militantes, o evento indica que a pressão dos homossexuais quando organizados pode surtir efeitos e pequenas vitórias como esta.

Catálogo da Avon ainda com livros do pastor homofóbico Silas Malafaia (Reprodução)
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A Parada Gay, números e o Datafolha http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/06/15/a-parada-gay-numeros-e-o-datafolha/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/06/15/a-parada-gay-numeros-e-o-datafolha/#comments Fri, 15 Jun 2012 23:00:45 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=487 A divulgação dos números de participantes da Parada Gay de São Paulo pelo Datafolha, na última  segunda-feira (11), gerou controvérsia entre os organizadores do evento e militantes. Foram contabilizados 270 mil participantes.

“Fiquei sabendo não pelo jornal, mas pelo Silas Malafaia [famoso opositor do movimento gay], comemorando os números. Ele não teve o pudor de desmerecer a Parada e chamá-la de grande mentira. Para quem serve esta pesquisa afinal?”, disse Luís Arruda, um dos coordenadores do grupo Mães Pela Igualdade para o Blogay.

A festa de Malafaia com os números da Parada fizeram com que uma avaliação científica [que não por isto não possa ser questionada] caísse no terreno das ideologias. É o que aponta o ex-DJ Marcos Morcef e hoje autointitulado agitador político: “Foi declarado um jogo entre o subestimado [Datafolha] versus o superestimado [Parada Gay]. Cabo de guerra fail [fracassado] e ambos fora da realidade. Falta sensibilidade para o real movimento social, mas é inegável que o Datafolha cumpriu, mesmo sem querer, um papel positivo para os ultramegaconservadores”.

A associação da Parada soltou uma nota na quarta-feira (13), e a Folha publicou não só a nota como também alguns esclarecimentos apontados pela organização do evento.

Mesmo assim, uma matéria publicada pela Folha sobre o lixo produzido na Parada trouxe outros questionamentos.  “Folha diz que na Parada havia apenas 270 mil pessoas, por outro lado  deixaram 117 toneladas de lixo na rua, que dizer, cada pessoa deixou 0,433 kg de lixo, ou seja, cada LGBT produz quase meio quilo de lixo, o que é um número quase impossível ou somos muito porcos mesmo”, protestou ironicamente Ivone Pita, moderadora do Grupo Todos contra a Homofobia, Lesbofobia e Transfobia .

A matéria do lixo na Parada também trouxe indignação do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ). Mas por outro motivo. “Estou esperando as estatísticas da Folha sobre o próximo Carnaval: a quantidade de lixo produzido, de garrafas apreendidas… Começa-se com a Parada Gay, termina-se com o Carnaval… Só sobrarão as Marchas para Jesus, que são corretas e virtuosas, não é?”, escreveu em seu Twitter questionando a pauta.

Mensagem de agradecimento dos organizadores da Parada de São Paulo (Divulgação)
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Paradas, Caminhadas e Marchas http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/05/24/paradas-caminhadas-e-marchas/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/05/24/paradas-caminhadas-e-marchas/#comments Fri, 25 May 2012 02:55:34 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=372
Parada do Orgulho Gay de São Paulo em 2011 (Caio Guatelli/Folhapress)

Nos últimos anos, o Brasil viu diminuir o número de paradas gays. Segundo dados da ABGLT, a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros, se em 2010, foram 201 eventos do orgulho gay, o número caiu para 160 em 2011 e neste ano acontecerão apenas 64 paradas.

Estes dados representam que ongs andam com dificuldade para captar  recursos para estes eventos, mas também uma mudança de foco da militância que tem preferido marchas e caminhadas menores, descentralizadas, com um alto teor de politização.

1ª Caminhada LGBT da Zona Sul de São Paulo (Divulgação)

Um exemplo foi a marcha que aconteceu no domingo, 20, na zona sul de São Paulo. A participação está bem longe dos milhões da parada da Avenida Paulista. Foram apenas 60 pessoas, mas todas muito conscientes e dando visibilidade às principais bandeiras do movimento gay, até a que pretende se firmar como aliada de outros movimentos sociais. “A nossa luta é todo dia, contra o machismo, racismo e a homofobia!” foi um dos gritos dos manifestantes.

1ª Caminhada LGBT da Zona Sul de São Paulo foi organizada por membros do Grupo ELES, Diversou, 5ª Diversidade e 4 Elemento com divulgação feita principalmente nas redes sociais. Este novo elemento parece ser agora um dos pontos centrais das militâncias e quanto mais as ongs conseguirem lidar bem com elas, melhor para toda a militância.

1ª Caminhada LGBT da Zona Sul de São Paulo (Divulgação)
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Livro conta a trajetória da imprensa gay no Brasil http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/28/livro-conta-a-trajetoria-da-imprensa-gay-no-brasil/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/28/livro-conta-a-trajetoria-da-imprensa-gay-no-brasil/#comments Wed, 28 Mar 2012 23:30:31 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=194
Capa do livro (Reprodução)

O jornal, diferente da máxima que diz que no dia seguinte só servirá pra embrulhar o peixe, é utilizado amplamente por pesquisadores acadêmicos como importante documento histórico. No caso do “Imprensa Gay no Brasil”, de Flávia Péret,  vencedora do prêmio Folha Memória (iniciativa da Folha com patrocínio da Pfizer que financia pesquisas sobre a história do jornalismo brasileiro), o jornal não serve só de registro histórico, é através do  próprio jornal – feito e direcionado em grande parte aos homossexuais – que legitima-se os anseios destes segmentos na sociedade brasileira. O livro vai além do delicioso registro histórico feito em forma de reportagem, ele também trabalha duas questões vitais para a chamada imprensa alternativa: a visibilidade e o diálogo entre militância/idealismo e jornalismo/consumo.

Sobre a visibilidade, o livro não só historiciza e contextualiza a chamada imprensa homossexual, informando que ela surge nos anos 60, mais precisamente em 1963 com a publicação de “O Snob”, e vive principalmente, nos dias de hoje, sob a tutela da internet. De certa forma, Péret tira do armário a história da imprensa gay brasileira, a torna visível em um primeiro estágio.

Em outro estágio se dá a visibilidade do próprio modo de vida gay, se é que podemos usar este termo no singular. Por exemplo, em um número do “Snob”, publicado em 1964 , encontra-se o (tão aludido) sarcasmo gay nos “Dez Mandamentos da Bicha”: “1. Amar todos os homens. 2. Nunca ficar com um só. 3. Beijar todos os bofes. 4. Evitar falar no futuro…”

No pequeno trecho acima, torna-se visível um dos diversos modus operandi dos homossexuais. Entende-se um modo de vida diferente do que é o estabelecido para a maioria da sociedade na época, mas o mais importante, registra-se,  torna documento histórico a existência de um grupo que assim pensava ou questionava de forma irônica uma sociedade completamente conservadora e que se disfarçava como monogâmica.

Já a segunda grande contribuição do livro deflagra um dos embates que os jornais enfrentam todos os dias: militância/idealismo x jornalismo/consumo. O próprio Manual de Redação da Folha diz sobre o termo objetividade: “Não existe objetividade em jornalismo. Ao escolher um assunto, redigir um texto e editá-lo, o jornalista toma decisões em larga medida subjetivas, influenciadas por suas posições pessoais, hábitos e emoções. Isso não exime, porém, da obrigação de ser o mais objetivo possível.”

Se pensarmos que a militância é cheia de paixão e subjetividade procurando a objetividade de ser melhor compreendida e apreendida, fica claro que a discussão torna-se muito mais visível quando se trata da imprensa alternativa. Ela surge da necessidade de militar em certa causa e ao mesmo tempo ela necessita de um espectro de leitores que consumam suas informações.

A autora do livro busca na história da imprensa gay brasileira o exemplo clássico deste embate: o jornal gay “Lampião da Esquina”, que circulou entre 1978 e 1981. Formado por intelectuais, escritores e jornalistas, o periódico já dizia ao que vinha em seu primeiro editorial: “Mas um jornal homossexual, para quê? É preciso dizer não ao gueto e em consequência sair dele. O que nos interessa é destruir a imagem padrão que se faz do homossexualismo, segundo  a qual ele é um ser que vive nas sombras, que encara sua preferência como uma espécie de maldição.”

O Lampião sofreu fortes pressões do regime militar, dos conservadores, mas o que realmente fechou suas portas foi a dificuldade de manter a tensão entre militância/idealismo e jornalismo/consumo vivas.

O autor de novelas Aguinaldo Silva, que era o editor do Lampião, queria que a publicação fosse mais jornalística, popular enquanto o escritor João Silvério Trevisan queria que o tom ativista predominasse. O embate acabou se tornando inconciliável e o fechamento do Lampião foi inevitável.

Não à toa, de forma muito arguta, Péret termina o livro com duas excelentes entrevistas exatamente com os protagonistas desta tensão: Aguinaldo Silva e João Silvério Trevisan. Tensão esta que se impõe até hoje em todas as publicações gays e que este blog não está nem um pouco de fora dela.

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Se todos fossem iguais a você, George Clooney http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/02/se-todos-fossem-iguais-a-voce-george-clooney/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/02/se-todos-fossem-iguais-a-voce-george-clooney/#comments Fri, 02 Mar 2012 22:03:09 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=103 O mundo precisa de mais Georges Clooneys. E não é nem no quesito beleza, nem fortuna, mas na questão de gente bem resolvida. Ok, não existe gente totalmente bem resolvida, mas o que tem de gente que quer se resolver julgando os problemas dos outros e acreditando que isso é um caminho para se tornar uma pessoa melhor, “mais próxima de Deus” estando certamente muito mais perto do Diabo, não é brincadeira. Principalmente, neste Brasil fundamentalista nosso de cada dia.

É preciso ser muito bem resolvido para declarar que nunca se preocupou em desmentir os boatos se era ou não gay.  “Acho engraçado, mas a última coisa que você jamais vai me ver fazer é dizer: ‘Isto são mentiras!’ Seria injusto e cruel para os meus bons amigos da comunidade gay. Eu não vou deixar ninguém fazer parecer que ser gay é uma coisa ruim. Minha vida privada é privada, e eu estou muito feliz com ela”, disse o George Clooney, 50, em entrevista para a revista “Advocate”. “Eu estarei morto há muito tempo e ainda haverá pessoas que dirão que eu era gay. Eu não dou a mínima”.

Homem que se garante, diriam muitas amigas minhas. E homem que se garante não precisa provar nada pra ninguém, só pra si mesmo. Mas para além da autoconfiança, o que Clooney avança é atentar sobre o padrão cultural que certas verdades prontas como macarrão instantâneo se formam, perceber com clareza as armadilhas de pensamentos solidificados que parecem fórmulas universais imutáveis, mas são só produto de seu tempo como “ser gay é algo ruim” ou a balela que “toda mãe não quer ter um filho gay”.

Frases como estas acima cristalizadas no panorama cultural parecem – mas não são – uma verdade universal que Clooney sabe bem o fundo ao defender o casamento gay. “É o mesmo tipo de argumento que eles [os conservadores] fizeram quando eles não queriam negros para servir nas Forças Armadas, ou quando eles não queriam que os negros se casassem com brancos. Um dia, a luta pelo casamento igualitário parecerá tão arcaica quanto impedir alguém de ir à universidade por ser negro”.

O ator fará junto com Brad Pitt, Martin Sheen, Kevin Bacon, Jane Lynch, Matthew Morrison, Jamie Lee Curtis e Rob Reiner a leitura de uma peça sobre o casamento gay no YouTube, ao vivo do Ebell Wilshire Theatre, em Los Angeles, Califórnia, às 19h45 (14h45 no horário de Brasília). A peça, escrita pelo vencedor do Oscar de melhor roteiro por “Milk – A Voz da Igualdade”, Dustin Lance Black, é um relato de um caso apresentado pela Fundação Americana para os Direitos da Igualdade (AFER) no Tribunal Distrital dos EUA em 2010 para derrubar a Proposição 8, uma emenda constitucional que eliminou os direitos dos casais do mesmo sexo a casar-se no estado da Califórnia.

Engajado na luta pelos direitos dos gays, Clooney mostra generosidade acima de tudo, em um mundo cada vez mais mesquinho, que fundamentalistas sujam Cristo de sangue (coitado!) para impedir outras pessoas que não tem nada com as suas vidas de serem felizes. Incomodam-se tanto com os gays que esquecem de olhar para dentro de suas próprias vidas e viverem em conformidade com o que pregam, confundindo amor com ódio.

Claro que, ao invés de olhar a sua própria sexualidade que deve ser problemática para se incomodar tanto com a dos outros, devem comentar como ratos e com um ar de maldade a sexualidade do ator que segundo o F5 “foi casado de 1989 a 1993 com a atriz Talia Balsam–, namora a lutadora Stacy Keibler, 32, e milita em prol do casamento gay”.

Ah, se todos fossem iguais a você, George!

George Clooney com a namorada, Stacy Keibler (Mario Anzuoni/Reuters)
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