Blogayintolerância – Blogay http://blogay.blogfolha.uol.com.br A contribuição dos gays, lésbicas e travestis para o mundo Wed, 18 Nov 2015 02:07:18 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Da intolerância da militância http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2014/03/30/da-intolerancia-da-militancia/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2014/03/30/da-intolerancia-da-militancia/#comments Sun, 30 Mar 2014 22:00:59 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1641 As conquistas de boa parte dos direitos das minorias não ocorreria sem a ajuda e a luta da militância, ela é fundamental para denunciar, defender, debater e esclarecer assuntos que são propositalmente colocados para debaixo do tapete da sociedade para negar melhor qualidade de vida para algumas parcelas desta mesma sociedade. Porém, existe um certo exercício de acusar, apontar dedos quase de forma irascível de uma parte da militância, para tudo e todos que não fazem o seu discurso e estão fora do seu quadrado, que é cheio de ódio e rancor e violência, os mesmos valores que estes militantes acreditam estar combatendo. Recentemente, um importante militante LGBT, Ricardo Rocha Aguieiras, fez aquilo que é importante para uma militância séria crescer: fez uma autocrítica da militância sobre este cartaz de uma declaração da atriz Glória Pires que foi espalhado nas comunidades gays nas redes sociais.

(Reprodução/Facebook)
(Reprodução/Facebook)

“Vejo pessoas militantes LGBT e mesmo líderes atacando a fala de Glória Pires mostrada no cartaz acima. Acho ilusório o que exigimos das pessoas não homossexuais e não LGBTs. Mas gente, ela não é militante LGBT, não tem o nosso discurso. Acho que o que ela disse é positivo, sim. Ela não se mostrou homofóbica em seu comentário, pelo contrário. Ao exigir demais, podemos é afastar pessoas aliadas. Tenho a absoluta certeza de que bastaria uma conversa com ela e ela entenderia. E ainda existem, no nosso discurso mesmo, muitas contradições. Em cima da fala de Simone de Beauvoir, a “não se nasce mulher, torna-se”; tem boa parte defendendo que com homossexuais é a mesma coisa. Afinal, ao se esconder num armário, um enrustido ou enrustida não estaria vivenciando sua homossexualidade, estaria? E tem ainda teóricos queers que falam que homossexualidade não existe, é apenas um rótulo cooptado. Então, se nem entre nós há concordâncias para levarem a um discurso único, como posso exigir isso de quem não é LGBT e está de fora dos nossos debates? ilusão acharmos que atingimos o mundo todo…”, escreveu Ricardo.

Um ponto muito importante colocado na entrelinhas do texto de Aguieiras é a soberba que muitas vezes a própria militância  se alimenta. Exigir que todos pensem como ela (a “cartilha LGBT” diz que deve ser assim e não assado), que sigam a mesma conduta e que tenham o mesmo grau de conhecimento e discurso passa muito mais por uma atitude autoritária do que democrática.

Aguieiras coloca clara uma certa intransigência que permeia muito o pensamento dos militantes, como existisse uma verdade única e tudo o que fosse contrária a ela, automaticamente seria inimigo da causa.  No fundo é o mesmo espelho da intolerância que os LGBTs sofrem, não existe margem para as áreas cinzas, é tudo preto no branco. Estar atento a si, em primeiro lugar, antes de apontar o dedo com tanta raiva para os outros deveria ser a primeira lição que os militantes deveriam ter, exatamente como Ricardo fez. Seria muito bom que a militância fosse cada vez mais diversa e menos intolerante, afinal é por diversidade e o respeito a ela que militamos.

Temos que tomar cuidado para não nos tornarmos tão intolerantes como contra aqueles que lutamos.

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Visibilidade trans: “Somos forçados à invisibilidade, porque denunciamos que há outras sexualidades”, diz o psicólogo João Nery (parte 4) http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/02/22/visibilidade-trans-somos-forcados-a-invisibilidade-porque-denunciamos-que-ha-outras-sexualidades-diz-o-psicologo-joao-nery-parte-4/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/02/22/visibilidade-trans-somos-forcados-a-invisibilidade-porque-denunciamos-que-ha-outras-sexualidades-diz-o-psicologo-joao-nery-parte-4/#comments Fri, 22 Feb 2013 23:00:32 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1092 Pai orgulhoso, psicólogo, autor de livros como “Viagem Solitária”, casado e de certa forma realizado. Esta é uma descrição justa para João W. Nery.  Mas para isto, ele teve que se impor contra a intolerância e o preconceito ao não se sentir confortável no corpo de mulher que nasceu.

Capa do livro “Viagem Solitária”, de João W. Nery (Reprodução)

Nery é o primeiro transexual ou transhomem brasileiro, isto é, aquele que teve a coragem, as possibilidades e o entendimento do que estava se passando consigo. Esta experiência, ele não só compartilha com outros através de seus livros como é um ativista que luta, entre outras coisas, pelo fim da despatologização dxs transexuais, isto é, a transexualidade não mais como doença.

Em entrevista para o Blogay, Nery fala sobre as questões dos lugares públicos binários, as políticas para transexuais e para transhomens como ele, além de como educou uma criança a ser tolerante, a deixou brincar com bonecas para que pudesse expressar sua afetividade e como isto não afetou a orientação sexual de seu filho que é hétero.

Blogay – Como você lida com a questão do banheiro, o vestiário ou dos espaços binários públicos?

João W. Nery – Trans é a pessoa que não se identifica com seus genitais biológicos (e suas atribuições socioculturais) podendo, às vezes, se submeter à cirurgia de readequação sexual, procurando chegar ao sexo oposto, para se sentir mais adequado ao gênero psicológico, construindo uma expressão de gênero em consonância com o seu bem estar biopsicossocial e político, ou seja, em direção ao que se sente mais apropriado, a fim de chegar ao seu bem estar psicológico. Quanto ao uso do banheiro, eu, que me identifico com o gênero masculino, geralmente vou naquele destinado aos homens, mas se este estiver fechado, entro no feminino. Acho um absurdo os banheiros não serem unissex. Também sou contra a criação de um terceiro banheiro. Acho essa medida segregacionista e discriminatória. Há, inclusive, leis municipais que proíbem banheiros unissex.

Você já teve problemas ou sofreu preconceito em algum destes espaços?

Sim, várias vezes, sobretudo antes da cirurgia [João definitivamente deixou Joana para trás em 1977, em uma cirurgia clandestina na época] quando aparentava uma figura andrógina e, era discriminado ao frequentar banheiros – tanto femininos quanto masculinos.

Quais são as demandas dos chamados transhomens (uma tradução de female-to-male, isto é mulheres que se sentem inadequados em seu corpo e se sentem homem), as questões são as mesmas que as transmulheres (nome social, cirurgia de redesignação sexual – popularmente conhecida como cirurgia de mudança de sexo)) ou há outras? Quais?

Os transhomens não são considerados um grupo de risco e por isso não tem apoio financeiro como tem as ONGs que trabalham com DST/AIDS e grupos de transmulheres e travestis. São também mais invisíveis, mesmo dentro do movimento LGBT. Basicamente, as demandas são as mesmas, com variações insignificantes. Citarei algumas das quais você não falou:

Mudança do modelo psiquiatrizante às pessoas transexuais e travestis, que patologiza as identidades trans, submetendo–@s a processos cientificamente questionáveis e moralmente reprováveis de diagnóstico de suas identidades para poder se operar; multiplicação de unidades ambulatoriais capacitadas para o acolhimento; formação de banco de dados fidedigno acerca do perfil da população atendida no Processo Transexualizador; atendimento integral, considerando procedimentos cirúrgicos que não se restrinjam à cirurgia de transgenitalização; garantindo a implantação de próteses de silicone mamária e penianas em pacientes que assim desejarem, como também de bombas clitorianas (importantes para a realização de metoidioplastia que consiste na soltura do clitóris já aumentado pela testosterona, transformando-o num pênis)) e a retirada da barba com laser; fim de tempo padrão de dois anos para desenvolvimento de parecer, da obrigatoriedade de terapia (exceto quando solicitada essa ajuda profissional pelos/as usuários/as); redução da idade mínima para realização das cirurgias de 21 anos para 18 anos; criação de um programa de serviço de banco de sêmen e óvulos para trans que quiserem se tornar pais/mães biológic@s depois da cirurgia, através de uma inseminação assistida, como já existe para a vasectomia ou nos tratamentos médicos que causem infertilização; legislação específica que proteja a pessoa transexual de discriminação por identidade de gênero em qualquer ambiente (importante: a criminalização da transfobia e da homofobia, vêm juntos no PLC 122/2006, projeto de lei ainda não aprovado); permissão da retificação de prenome e gênero no registro civil (e demais documentos subsequentes) de forma automática, para quem já viva no gênero identificado, sem obrigatoriedade de cirurgias ou laudos psiquiátricos (importante: um projeto de lei de identidade de gênero foi protocolado esta semana no Congresso do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), baseado  nas leis argentinas); ampliação do mercado de trabalho para trans e implantação de cursos de formação e capacitação para profissionais que lidam dentro desta área.

Você é pai. Conte um pouco esta experiência. Adoção de criança por trans tem mais dificuldades do que por um heterossexual?

A minha adoção foi aceitar a força da criação e transcender o fato da minha mulher ter engravidado de outro homem à minha revelia. Concordamos e aceitei a paternidade com uma exigência, que o pai biológico não ficasse sabendo da existência da criança. Adoção para homossexuais é complicada, e para trans é duplamente porque, primeiro, é preciso que trans troquem o nome e o gênero em seus documentos, o que demanda outro processo e que, pelas leis brasileiras, obriga-se a realização da cirurgia como condição preliminar. A adoção também está muito atrelada à questão da conjugalidade na nossa sociedade, o que confunde mais ainda, quando se trata de um casal trans. Quem é o pai, quem é a mãe?

O desafio da paternidade é a quarta parte do meu livro “Viagem Solitária”. Criar um menino de uma forma a não se tornar um ser naquele estereótipo machista, já implica em colocá-lo hierarquicamente em uma posição inferior na nossa sociedade. Ele já passou por situações homofóbicas, por não gostar de futebol ou por usar camisa cor de rosa. Permiti a ele o espaço emocional, que é considerado um privilégio feminino. Dei boneca de borracha para ele dar banho e vestir, desenvolvendo a capacidade de cuidar e ampliar a afetividade, tão importante num futuro pai. Recusei os “Kens” e robôs. Que criança pode ser pai de um boneco barbado ou um monstro metálico? Nunca exerci a força física, quer fosse na palmada ou no grito, para ensinar. Recusei-me a dar armas de brinquedo. Tentei fazer dele um homem que preze a paz, o meio ambiente e a respeitar a diversidade que existe por aí. Ele hoje está com 25 anos, apaixonado, casado e feliz.

Existe uma grande dificuldade de entender que identidade de gênero não é orientação sexual, por isto é possível ter trans homossexuais, bissexuais e heterossexuais, mas no senso comum a identidade de gênero continua sendo confundida com orientação sexual e não conseguindo ter um debate mais autônomo. Você arriscaria uma opinião porque isto ocorre?

Basta ser feminino para já ser visto como uma ameaça concreta ao poder falocêntrico. Não importa se é gay, travesti, transexual, transgênero, queer ou qualquer outro rótulo. Nas próprias faculdades de Ciências Humanas, ainda está para se criar no currículo obrigatório, a cadeira de Gênero e Sexualidade. A família, a escola, a mídia, as instituições são atravessadas por um bio-poder que, em nome da ordem, não fazem mais do que fortalecer este próprio poder heteronormativo. Não há interesse por parte da sociedade neste tipo de esclarecimento. A quem interessaria? Interessaria, talvez, a poucos acadêmicos e aos próprios “diversos” que sofrem as generofobias.

Se as trans femininas hoje têm hormônios, próteses e a cirurgia de mudança de sexo, em que passo está o arsenal para ajudar um trans homem (a cirurgia de redesignação sexual é algo muito recente e em estudo para os trans masculinos)?

O SUS (Sistema Único de Saúde) não oferece nenhuma prótese para trans. A neofaloplastia (construção de falo) é considerada ainda uma cirurgia experimental, mas só para os transhomens. A técnica foi mais desenvolvida a partir da Segunda Guerra Mundial, mas continua em pesquisas. Não há um protocolo específico para a metoidioplastia (consiste na soltura do clitóris já aumentado pela testosterona, transformando-o num pênis) e neofaloplastia. Não há protocolo específico para mastectomia (retirada das mamas)  nem para a pan-histerectomia (retirada total do útero) em transhomens. Além disso, deveria se mudar o nome de mastectomia para mamoplastia masculinizadora, já que é considerado um procedimento estético e não uma ablação como no caso de câncer mamário (entre outros aspectos técnicos, não se coloca o mamilo).

Lea T, na comentada entrevista recente ao Fantástico, disse que não se sente 100% mulher mesmo depois da cirurgia de redesignação sexual e você, se sente 100% homem? Se sim ou não, por quê?

Será que a diferença sexual é puramente biológica, física? É preciso pensar no status, nos efeitos do “sexo”. O caráter que o “sexo” assume não pode ser pensado fora das relações sociais, fora de marcações discursivas, que materializam esse “sexo”. O que é ser homem ou mulher? Seria o corpo o parâmetro de avaliação? Ou o gênero, esta outra variável sócio-histórica. O corpo sexuado só toma sentido depois do discurso, que o define e ao mesmo tempo, o materializa através de práticas regulatórias repetitivas, criando as subjetividades. Essa materialização é imposta e é também, através dela, que a “pessoa” se torna viável. Sem linguagem não há significação para nomear ou construir objeto algum. A nossa cultura impõe uma definição linear e coerente entre corpo, gênero, desejo e práticas sexuais hegemônicas, centradas em condutas heterossexuais compulsórias. Esse é o top. O resto é inferiorizado e @s trans são forçados à invisibilidade, porque denunciam que há outras sexualidades, além do binarismo macho e fêmea. O discurso da Lea demonstra esta resistência. Todo mundo nasce nu, o resto é montagem, drag ou performance, o mesmo valendo para os heteros. Cirurgia não muda gênero de ninguém, só faz a readequação do corpo para facilitar a articulação social. Poderá uma transmulher mostrar os peitos na praia, tendo um pênis no biquíni? Pode um transhomem ir de sunga sem pênis, mostrar os peitos, antes de uma mamoplastia masculinizadora? Serão presos, em prisões que não respeitarão o seu gênero. Infelizmente, a sociedade ainda vê e se baseia na afirmação fatídica de Freud: “Anatomia é destino”. Tradicionalmente, não há direito à singularidade de cada um, ser e viver como se sente. Cada vez mais, modernamente, se faz necessário discutir a questão das sexualidades disparatadas, periféricas, dos gêneros múltiplos e de suas desconstruções críticas a fim de evoluirmos para um mundo melhor e mais justo.

O escritor e psicólogo João W. Nery (Reprodução/Facebook)
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24 horas contra a intolerância e a homofobia http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/11/23/24-horas-contra-a-intolerancia-e-a-homofobia/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/11/23/24-horas-contra-a-intolerancia-e-a-homofobia/#comments Fri, 23 Nov 2012 22:00:54 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=971 Os eventos organizados que acontecem na cidade de São Paulo nesta sexta-feira, 23, e sábado, 24, têm sido chamados de 24 horas de manifestações contra a intolerância.

Estava marcado para hoje, um protesto na frente da editora Abril, em sua sede em Pinheiros, contra o texto de J.R. Guzzo na revista Veja sobre a homossexualidade, além de encerrar amanhã o protesto virtual contra o artigo, considerado por militantes como um texto que prega o ódio e a intolerância contra uma minoria.

Ao meio-dia de sábado, começa uma concentração na frente do Teatro Municipal, no centro contra a homofobia. A manifestação é organizada por grupos punks e skinheads que fazem questão e marcar posição e na página convocatória do Facebook escreveram: “Ato em defesa da diversidade e da liberdade sexual e de gênero. Pela CRIMINALIZAÇÃO da homofobia no Bra$il”. Depois, o ato fará uma passeata pelas ruas centrais.

Já às 15h,  uma concentração no Masp, na avenida Paulista , pedirá também que o PLC 122 – o projeto de lei que, entre outras coisas, criminaliza a homofobia – seja aprovado no Legislativo. O ato é um repúdio contra o assassinato do militante Lucas Cardoso Fortuna, 28, encontrado morto na praia de Gaibu, no Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco.  A morte do jovem tem sinais ser um crime de ódio, já que ele era abertamente homossexual.

“Pela maneira como o corpo estava, com a figura do rosto comprometida pelas marcas de espancamento, e com o celular e a carteira, nos levam a essa suspeita. Lucas é conhecido nacionalmente e várias pessoas com quem falei por telefone no País acreditam que o crime foi de homofobia”, afirmou o amigo do jovem e também militante, Luciano Freitas.

Os dois atos vespertinos combinam de se encontrar na praça Roosevelt, que se tornou palco de muitas manifestações na cidade ultimamente.

Já à noite, junto com a Vídeo Guerrilha que acontece desde quinta-feira na cidade, um dos artistas da ação, o cadeirante Wilton Azevedo que é poeta multimídia e professor de Semiótica no Mackenzie, fará uma cadeirata, marcado para descer a rua Augusta do trecho da Matias Ayres até a praça Roosevelt.

“Como cadeirante, Azevedo  tem observado que o desrespeito às necessidades especiais a que tem direito (vagas especiais e acessibilidade em geral) tem origem no fato de que algumas pessoas enxergam esses direitos como privilégios. Assim, inicia-se um comportamento fóbico em relação aos portadores de necessidades especiais, que ele batizou com o neologismo cadeirantofobia. [… ] Baseando-se nisso, seu trabalho para a Video Guerrilha desse ano é inspirado no “mundo do cadeirante”: uma colagem de cenas subjetivas/objetivas das dificuldades e barreiras no cotidiano de quem se locomove sobre rodas”,  escreveu uma das divulgadoras do evento Tatiana Bianconcini na convocação do ato.

Neste sentido, os cadeirantes sofrem das mesmas acusações que os homossexuais quando pedem por direitos iguais, a de quererem privilégios.  Exatamente por isto,  militantes homossexuais participarão da cadeirata com faixas pró PLC 122, que também prevê proteção para idosos e portadores de necessidades especiais.

Aproveitando que todos eventos ocorrem na região central da cidade, o Comitê Aliados do Parque Augusta, que há mais de 15 anos pede a preservação da última área verde do centro também estará presente.

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Funcionários brasileiros do Google apoiam casamento igualitário http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/05/31/funcionarios-brasileiros-do-google-apoiam-casamento-igualitario/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/05/31/funcionarios-brasileiros-do-google-apoiam-casamento-igualitario/#comments Fri, 01 Jun 2012 00:00:19 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=406 A exemplo dos empregados do estúdio de animação Pixar que, em 2010, nos Estados Unidos, fizeram um vídeo contra o bullying homofóbico para o Trevor Project, funcionários do Google no Brasil entraram na campanha pelo casamento igualitário. O vídeo foi postado no dia 29 de maio.

[youtube bOIX_mRGp0M nolink]

Além do belo apoio de casais heterossexuais. “Por que eu posso me casar com minha namorada e ele não pode se casar com o namorado dele?”,. diz um. ‘Saber que eu tenho este direito e pessoas muito próximas a mim não tem, me incomoda profundamente. O meu amor não é melhor do que o de ninguém”, diz outra.

O problema do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo tem como entrave os religiosos fundamentalistas. O direito do cidadão que deve ser dado pelo Estado, ganha conotação de Inquisição, mesmo com todos sabendo que ninguém vai casar em igreja que condena o casamento igualitário, nem impor isto. A imposição e o meter-se em um assunto que não te pertence – pois se trata de coisas profundamente terrenas,  a legalidade civil – vem exatamente daqueles que se dizem espiritualizados.

Aqui nos comentários, vejo que sempre tem gente que manipula a Bíblia para propagar ignorância. “Deus fez Adão e Eva e não Adão e Ivo” ou “A Bíblia condena”, vociferam os fundamentalistas.

O que mais me impressiona é a soberba destes comentários.  Pois, primeiro, tem muitas religiões que não seguem a Bíblia e ela não é o livro sagrado para todo mundo, há outras que não acreditam em Deus e ainda pessoas que acreditam na Bíblia mas não compactuam com esta leitura.

A religiosidade verdadeira é algo de foro íntimo, se assim não fosse não teriam tantas religiões. Querer impor a sua visão de mundo para os outros está longe do que pensam aqueles que acreditam que estão pregando ou catequizando, eles estão simplesmente sendo totalmente totalitários, arrogantes e, no fundo, totalmente anti-cristão.

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Escola e homofobia: os casos de Campinas e Rio de Janeiro http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/04/05/escola-e-homofobia-os-casos-de-campinas-e-rio-de-janeiro/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/04/05/escola-e-homofobia-os-casos-de-campinas-e-rio-de-janeiro/#comments Fri, 06 Apr 2012 01:30:51 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=210 A cidade do Rio de Janeiro viveu um debate tenso depois que o vereador Carlos Bolsonaro (PP) apresentou um projeto de lei que proíbe distribuição de materiais didáticos sobre a diversidade sexual em escolas públicas municipais.

Depois de um abaixo-assinado contra o projeto e protesto de várias entidades ligadas aos direitos dos homossexuais e aos direitos humanos, o projeto de lei 1082/11 saiu da pauta da Câmara dos Vereadores e não existe data definida para uma próxima votação.

Em Campinas, o professor de história José Carlos Rocha foi procurado por três alunas heterossexuais, em 2004, pois estavam preocupadas por casos de homofobia contra alunas lésbicas que frequentavam o período da noite. Desde esta data, a Escola Estadual Culto à Ciência oferece palestras contra o preconceito e a homofobia.

[youtube 6elrBFULqD8 nolink]

A pergunta que fica é: qual o medo de esclarecer e educar contra a homofobia? Existe má fé profunda ao assumir o título “kit gay” para um material que na verdade é mais um kit contra a intolerância. Além disso, é mentiroso dizer que o projeto quer transformar as crianças em homossexuais como os Bolsonaros tanto insistem nesta mesma tecla desafinada e que ilude os mais incultos em relação ao tema. Ninguém se transforma em homossexual, nasce-se homossexual – pelo menos acredito nisso -, o que o projeto contra a homofobia nas escolas pretende é ensinar o respeito às diferenças e com isso diminuir tanto o suicídio de jovens homossexuais que são pressionados por bullying homofóbicos nas escolas e também em seus lares.

Na verdade, ao pregar contra um material didático contra a intolerância é desejar que mais pessoas permaneçam em suas ignorâncias para mais fácil manipulá-las.

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Polícia Federal prende autores de site que incitava crimes de ódio e intolerância http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/22/policia-federal-prende-os-autores-de-site-que-incitava-crimes-de-odio-e-intolerancia/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/22/policia-federal-prende-os-autores-de-site-que-incitava-crimes-de-odio-e-intolerancia/#comments Thu, 22 Mar 2012 21:00:09 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=185 “Matem um gay, eu já fiz isso e a polícia não me prendeu”, “lésbicas merecem a penetração corretiva”. Frases como estas, além de textos contra negros, judeus, nordestinos, crianças e animais eram fartamente encontradas no site “Silvio Koerich”. Seus autores, Emerson Eduardo Rodrigues e Marcelo Valle Silveira Mello, foram presos nesta quinta-feira, 22, pela Polícia Federal na chamada Operação Intolerância.

Polícia Federal vasculha casa de um dos autores do site (Divulgação/PF)

Os dois atuam há tempos nas redes sociais e já tinham ameaçado de morte tanto a presidente Dilma Rousseff como o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ). “Eu fiz duas representações contra o site na PF e mobilizei os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Maria do Rosário (Direitos Humanos). E me mobilizei contra o site criminoso não só porque ele planejava me matar, mas sobretudo porque ofendia a dignidade de minorias”, postou o político no Twitter ao saber da prisão dos autores do site.

Trechos do site (Divulgação/PF)

A indignação, porém, não era só dos homossexuais, ela veio de diversos segmentos da sociedade. Grupos ligados à defesa dos animais já tinham se pronunciado sobre um texto que o título era: “Cão imundo que se ferrou foi tarde”, assim como o movimento negro já tinha se manifestado contra texto que dizia que a raça negra era inferior à branca.

Trechos do site (Divulgação/PF)

“O nome Sílvio Koerich foi apropriado indevidamente por Rodrigues em represália a uma terceira pessoa que rejeitou as declarações preconceituosas, homofóbicas e intolerantes postadas em um fórum de debates feminista”, explica a agência de notícias da Polícia Federal.

O site pregava, além de ideias intolerantes, práticas de violência. Os criminosos estão sendo ainda investigados por uma possível ligação com Wellington Menezes de Oliveira, que praticou a chacina de alunos na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na cidade do Rio de Janeiro, em 2011. Oliveira teria procurado os dois antes de cometer os assassinatos, mas nada ainda está provado.

De acordo com o jornal “A Tribuna do Paraná”, nas buscas feitas nos apartamentos do dois, um em Curitiba e o outro em Brasília, foram achados mapas de uma casa perto do campus da Universidade de Brasília e que eram feitas festas de estudantes de Ciências Sociais, considerados “esquerdistas” e com isso inimigos dos blogueiros. Um possível ataque estava sendo planejado segundo a PF.

Também vai ser investigado os R$500 mil encontrados na conta corrente de Mello, que é desempregado.  A Polícia Federal acredita que pode haver tenham mais gente envolvida no caso.

A mobilização dos ofendidos pelo site foi vital para a prisão de seus autores, foram quase 70 mil denúncias. Não se calar diante a intolerância foi fundamental para estas prisões.

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Para denúncias de intolerância na rede:

Safernet  – http://www.safernet.org.br/site/denunciar

Polícia Federal – crime.internet@dpf.gov.br

[youtube nh2FpSFmGHE nolink]

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Milícias perseguem e assassinam emos e gays no Iraque http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/15/milicias-perseguem-e-assassinam-emos-e-gays-no-iraque/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/15/milicias-perseguem-e-assassinam-emos-e-gays-no-iraque/#comments Thu, 15 Mar 2012 16:40:32 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=154
Jovens emos iraquianos se escondem na fumaça do narguilê para esconder suas identidades (AP Photo)

Mais de 58 jovens iraquianos considerados emos foram espancados até a morte no mês passado. Segundo o jornal “The Guardian”, milícias xiitas espalham por Bagdá panfletos com o nome e endereço das próximas vítimas. Nenhum suspeito foi preso até agora.

As milícias avisam nos panfletos: “Se você não parar este ato sujo dentro de quatro dias, então o castigo de Deus cairá sobre você nas mãos dos Mujahideen  [muçulmanos que fazem a luta religiosa (jihad)]”.

Se no Ocidente, o termo emo – uma abreviação de “emotional hardcore” – diz respeito aos jovens que gostam de bandas de som pesado mas com letras mais sensíveis, podem usar maquiagem e um corte de cabelo com uma grande franja, no Iraque, essa tribo é associada como uma subcultura satânica por muitos religiosos.

O jornal “Daily Telegraph” cita um trecho de um texto encontrado em um site do governo iraquiano: “O ‘fenômeno emo’ ou culto do demônio está sendo perseguido pela polícia moral que tem a aprovação para eliminá-los o mais breve possível, uma vez que os emos podem negativamente afetar a sociedade, tornando-se um perigo”.

Além de acusados de satanistas, os emos – assim como no Ocidente – são apontados como gays ou que aparentam ser homossexuais. Mas se aqui a ação não passa de uma lamentável chacota , no Iraque as consequências são bem mais terríveis. Emos e gays entram no mesmo bojo dos grupos de extermínio iraquianos.

Ali al-Hilli, presidente de uma associação LGBT iraquiana com sede em Londres, revela que a onda de violência está sendo encorajada por clérigos muçulmanos conservadores. “A polícia não fornece proteção para eles [emos e gays]”, disse ele ao “CBS News”.

Com a omissão das autoridades e o aumentos da violência contra emos e gays, muitos acabam tendo que cortar o cabelo para dissimular seu gosto musical ou se escondendo em suas próprias casas.

No meio de tanta intolerância,  o legislador iraquiano Khalid Shwani, acredita que a onda de extyermínio é um ato contra os direitos civis. “Essas pessoas são livres para escolher o que vestir ou em que acreditar, ou como escolhem suas roupas ou a forma como pensam”, disse o político de origem curda  que já pediu formalmente aos parlamentares de seu país para tratar da questão.

***

Tomada as devidas proporções, o quanto o que acontece no Iraque também não está ocorrendo no Brasil também com a omissão do governo federal nos assuntos ligados aos LGBTs, uma certa intolerância fundamentalista e um considerável aumento da violência homofóbica? A pensar.

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