Blogaycura gay – Blogay http://blogay.blogfolha.uol.com.br A contribuição dos gays, lésbicas e travestis para o mundo Wed, 18 Nov 2015 02:07:18 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Cura gay gera debate entre pastor e drag em ‘A Liga’ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/07/23/cura-gay-gera-enfrentamento-entre-pastor-e-drag-em-a-liga/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/07/23/cura-gay-gera-enfrentamento-entre-pastor-e-drag-em-a-liga/#comments Tue, 23 Jul 2013 15:30:16 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1323 A cura gay – praticada por algumas igrejas evangélicas – esteve presente aos debates e protestos de junho quando o projeto do deputado federal e religioso João Campos (PSDB-GO) que pretendia que psicólogos tratassem a homossexualidade como doença foi arquivado pela Câmara Federal por pressão das manifestações. O tema volta a ser debatido agora no programa “A Liga”, da TV Bandeirantes, que irá ao ar nesta terça-feira, 23, às 22h30.

Drag Tchaka participa de “A Liga” (Divulgação)

Em uma espécie de reality, esta edição convidou a drag Tchaka e o pastor Robson que se considera um ex-homossexual para conviveram juntos durante alguns dias.

“Eu primeiro passei uns dias na casa dele e depois ele veio conviver comigo”, disse Tchaka ao telefone para o Blogay. “Fui ao culto, conheci a família que foram supersimpáticos, mas logo no começo ele já tentou vir com algumas advertências do evangelho. Minha mãe é evangélica e eu logo deixei claro que ele não iria me doutrinar”.

Ela disse que tudo foi tranquilo na sua convivência com ele até o último dia que alguns religiosos foram conversar com a drag em um centro de reabilitação de ex-gays. “Vieram meio que apontar o dedo na minha cara, uma missionária foi muito agressiva comigo e eu rebati: ‘Eu não vejo Deus em você””.

Tchaka disse que a mulher de Robson sabe de seu passado e o ama e os filhos também, são três, um menino e duas meninas. Ela conta que Robson acredita que é ex-gay mas, para Tchaka, ele ainda é homossexual. “Nem é porque ele é ‘pintosa’, tipo quando as filhas aparecem e não estão bem vestidas, ele grita: ‘volta pro closet que nos vamos combinar direitinho a bolsa com o sapato’ e sim porque é latente o seu desejo, sexualmente ele é homossexual, mesmo ele ficando com sua mulher”.

“Depois, ele veio aqui em casa. Moramos eu, meu marido e minha mãe de 80 anos que é evangélica, e acho que, mesmo inconscientemente, ele entendeu que aqui era uma família também”.  Segundo a drag, ele foi em uma festa que no começo resistiu em entrar, mas acabou entrando, fizeram um jantar e ele acabou fazendo preces juntos com a mãe de Tchaka.

Em momentos de animosidade entre LGBTs e evangélicos (que são colocados todos na mesma barca junto com fundamentalistas),  o programa captou que nem tudo é radicalismo. Tchaka assume que chorou na igreja ao ver os depoimentos de moradores de rua e viciados que eles ajudam. “Esta questão social da igreja é muito importante já que o Estado é ausente em muitas áreas carentes”. E ela acredita também que, de certa forma, o pastor Robson entendeu “um pouquinho” que nossa sociedade é diversa e “que podemos ser felizes sendo sexodiversos, sendo o que somos em essência, sem este lance de cura”.

]]>
18
A homofobia nossa de cada dia http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/05/17/a-homofobia-nossa-de-cada-dia-2/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/05/17/a-homofobia-nossa-de-cada-dia-2/#comments Fri, 17 May 2013 17:30:33 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1271 A data de 17 de maio, considerado o Dia Internacional de Combate à Homofobia, ganha importância maior em nosso país em tempos que a Comissão dos Direitos Humanos e Minoria da Câmara quer aprovar um projeto de lei de “cura gay”.  Exatamente há 23 anos, a Organização Mundial de Saúde retirou a homossexualidade de seu catálogo de doenças.

O projeto do deputado João Campos (PSDB-GO), líder da bancada fundamentalista no Congresso Nacional, quer permitir que psicólogos voltem a fazer tratamentos reversivos em pacientes homossexuais.

A farsa é clara, os interessados querem arrancar mais dinheiro de pessoas que sofrem com os ataques homofóbicos incentivados por estes mesmos que dizem quererem curá-las. Mas a sabedoria popular que pergunta: “Você já viu cabeça de bacalhau, enterro de anão e ex-gay?” é a resposta a tanto obscurantismo. Algo no próprio senso comum percebe o engodo. Homossexuais bem resolvidos não precisam de tratamento, precisam apenas que tenham direitos iguais aos dos héteros, nem mais nem menos.

Protesto contra a homofobia e a transfobia convocado pela Comunidade Athos em frente ao Congresso Nacional (Divulgação/Facebook)

Sim, no dia de combate à homofobia – e não só nele – temos que perceber a homofobia institucionalizada no nosso Congresso ao propor que um projeto deste porte tramite com vigor pela casa. Mas não só o Legislativo transborda intolerâncias, talvez tão perigoso quanto é o silêncio nada inocente do Executivo. Dilma Rousseff, presa política, torturada e que teve apoio dos defensores dos direitos humanos, agora se cala. Os avanços dos direitos LGBT parecem só encontrar eco no Judiciário com a aprovação recente de que todos os cartórios devem realizar o casamento igualitário.

Mas esta briga entre os poderes mostra com clareza o Brasil que vivemos hoje. Um país que faz estudantes – de todas as orientações sexuais – vestirem saia em apoio ao colega que recebeu ofensas de cunho homofóbico e machista em rede social e os que enxergam nestes estudantes os desocupados. Este é o retrato de um país que balança entre o solidário e o mais mesquinho, que vomita picuinhas reacionárias. O Brasil que grita ‘viado’ como ofensa e o que fala ‘ô viado’ para o amigo como camaradagem.

É um momento delicado, os LGBTs não têm muito o que comemorar, mas sabemos que estamos no centro e no desenho do que no futuro poderá ser os cidadãos deste país.

Enquanto isso, na ONU:

[youtube lpNE7D5avXo nolink]

]]>
229
Psicologia versus fundamentalismo http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/11/29/psicologia-versus-fundamentalismo/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/11/29/psicologia-versus-fundamentalismo/#comments Fri, 30 Nov 2012 00:00:57 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=976 Nesta semana foi debatido no Congresso Nacional um projeto de decreto legislativo 234/11, do deputado João Campos (PSDB-GO), dentro da Comissão de Seguridade Social e Família. O que pretende este PDL? Alterar a Resolução 1/99 do Conselho Federal de Psicologia e retirar dois parágrafos que são:

Art. 3º – Parágrafo único – Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.

Art. 4° – Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.

Se a OMS (Organização Mundial da Saúde) já despatologizou a homossexualidade desde 1990, o que se pretende este PDL? Mais do que propor uma cura aos gays, a ideia é voltar a ter um discurso de preconceito que, mesmo com o aval científico contrário a esta ideia, ainda insiste em ver os homossexuais como perversos, doentes e com desvios de todas as ordens. Aliás, é criar um aval científico contra os LGBTs.

Um olhar mais atento logo percebemos que o projeto – utilizando a falácia de liberdade individual de “psicológos” que se veem impedidos de curar gays por causa desta resolução – tem o mais puro caráter autoritário como é de se esperar por quem está por trás disto. Quem coloca este projeto como algo urgente e importante a ser discutido é a bancada fundamentalista, sempre contrária aos direitos dos homossexuais. Campos é pastor e chefe desta falange no Congresso, que na audiência desta semana ainda teve uma forte presença de muitos pastores como Silas Malafaia e Marcos Feliciano, este também deputado federal (PSC-SP).

O grau de pedantismo destes senhores é tão grande e suas argumentações são contraditórias.  Eles querem interferir em uma decisão de um conselho que tem autonomia e que foi uma resolução tomada não por um grupo, mas um colegiado de órgãos ligados ao exercício da psicologia. Com certeza, eles detestariam que existisse um PDC que, por exemplo, proibisse o dízimo que tanto sustenta suas igrejas. Ou ainda, que não pudessem mais falar em suas igrejas o nome de Deus, pois fere o direito ou a liberdade individual daqueles que não acreditam em Deus – dentro do pensamento estafúrdio utilizado por estes fundamentalistas. Esta intromissão de uma área a outra mostra como esta bancada é perigosa e não respeita limites entre ciência e religião.

Pois sabemos que em muitas destas igrejas são oferecidos processos de cura de homossexuais e promovem estas terapias de conversão sem a menor culpa, mesmo que cientificamente elas já terem sido provadas como ineficazes. A psicologia e os cientistas nunca foram nestas igrejas criar caso, até porque se tem pessoas que acreditam que esta cura possa acontecer por milagre e força de Deus, que o faça, está aí a liberdade individual.

Mas o obscurantismo destes senhores não percebe o quanto esta ação deles no fundo mostra a sua própria falta de fé. Não basta a fé, que eles “acreditam” ser capaz de curar os gays – já que em suas igrejas fazem estes processos de reversão com os que não são héteros -, é preciso da ciência, eles precisam da ciência. Eles querem o aval da ciência contra os gays pois a fé deles é pequena, falha, tacanha. Não é suficiente para o ódio contra os homossexuais que eles trazem dentro deles. Nem Freud, Jung, Klein, Lacan, Reich explicam, ou talvez expliquem até demais…

Jean Wyllys se colocou neste bisonho debate de forma muito explícita:

[youtube XQLZOC8XJiU nolink]

Veja também clicando aqui a sessão inteira e principalmente a fala do presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Humberto Cota Verona.

Por fim, com tanta hostilização, nada melhor que o humor:

]]>
29
Alan Turing, 100 http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/06/24/alan-turing-100/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/06/24/alan-turing-100/#comments Sun, 24 Jun 2012 21:30:28 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=516
Cartaz comemorativo do centenário de Alan Turing (Divulgação)

Neste final de semana comemora-se o centenário do matemático Alan Turing. O inglês completaria 100 anos no sábado, 23.  Sua Máquina de Turing foi princípio de toda a computação, por isto é dele a paternidade do invento mais importante dos últimos tempos.

Além disto, ele foi o responsável pela quebra de diversos códigos nazistas durante a Segunda Guerra através do computador Colossus.

Mas o gênio era homossexual, algo combatido na Inglaterra. Para não ser preso, ele foi submetido a tratamentos de cura, tomou injeções de hormônio feminino. Humilhado e não aguentando as pressões, Turing tomou cianureto e morreu aos 42 anos.  O suicídio foi questionado pela sua mãe que acreditava ter sido uma morte acidental.

Só em 2009, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown  pediu desculpas formais do governo pelo tratamento e pela dor que causaram a Alan Turing.

Por isto , você troll homofóbico, que muitas vezes usa pseudônimo e se esconde no armário da intolerância,  protegido pela liberdade – esta que você não quer para os outros mas a usa fartamente – da internet, saiba que esta máquina que você está usando foi imaginada e projetada por uma desta bichas, deste viados que você tanto odeia e condena como algo anormal. Tapa na cara da sociedade!

O Google prestou homenagem a Alan Turing.

[youtube jIv4Ch5Cx8E nolink]

]]>
52
“Cura gay” existe ou é um retrocesso? http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/02/27/cura-gay-existe-ou-e-um-retrocesso/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/02/27/cura-gay-existe-ou-e-um-retrocesso/#comments Tue, 28 Feb 2012 02:50:40 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=91 Se hoje, no Ocidente debate-se a despatologização das travestis, transgêneros e transexuais, isto é, tirar o caráter de doença ainda ligada a esse segmento, no Brasil, podemos regredir algumas décadas e voltar a acreditar que existe uma “cura gay”.

Deputado federal João Campos (PSDB-GO) (Divulgação)

O projeto de autoria do deputado federal João Campos (PSDB-GO), líder da Frente Parlamentar Evangélica, pretende sustar os efeitos da resolução nº 001 de 1999, do Conselho Federal de Psicologia que proíbe tratarem a homossexualidade como transtorno como informa a Folha.

Contra essa decisão, o projeto afirma que o Conselho nega “o direito da pessoa de receber orientação profissional”. Mas a sensação é que fundamentalistas querem passar por cima de anos de luta feitas pelos homossexuais (basta lembrar do Grupo Gay da Bahia e seu empenho para que o extinto INAMPS tirasse a homossexualidade de sua lista de doenças) para que a sociedade entenda que a questão da orientação sexual não é doença nem merece cura, e sim tolerância.

Até porque, se honestamente, o grande contingente de gays e lésbicas percebesse que pudesse ter “cura” e assim se livrar da exclusão, do preconceito e de um possível assassinato, é claro que todos se submeteriam a um possível tratamento.

Desde o século 19, muitos cientistas tiraram a homossexualidade da esfera do pecado e a colocaram no da doença. Desde então, foram feitos testes em gays como cobaias humanas, tanto no Brasil de Vargas como na Alemanha nazista, sem chegar a nenhum resultado de fato que indicasse uma cura.

Em 1973, a Associação Americana de Psiquiatria reconheceu que a homossexualidade não era doença. Na mesma época, o médico americano George Weinberg escreveu no livro “A Sociedade e o Homossexual Sadio”: “Ser gay é ser livre  de vergonha, culpa e remorso de ser homossexual. […] Ser gay é vislumbrar sua sexualidade como o heterossexual sadio enxerga a dele”.

A Assembleia-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da sua lista de doenças mentais no dia 17 de maio de 1990. Então, se não é doença não tem cura. E para quem interessa novamente patologizar a homossexualidade? E porque?

Diante tanto rancor em relação aos homossexuais, o humor tem sido uma das saídas. Essa eu li em algum fórum pelos direitos gays da internet: “Se a homossexualidade é uma doença, então deveríamos avisar diariamente no trabalho: ‘Oi. Não posso trabalhar hoje, ainda estou gay’”.

P.S.: Leia entrevista com um fundador de grupo de “cura de homossexuais” que se assumiu gay.

]]>
219