Blogayblogay – Blogay http://blogay.blogfolha.uol.com.br A contribuição dos gays, lésbicas e travestis para o mundo Wed, 18 Nov 2015 02:07:18 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Férias http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/06/02/ferias-2/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/06/02/ferias-2/#respond Sun, 02 Jun 2013 14:00:00 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1298 Este blog está de férias e volta depois do dia 02 de julho. Até mais!

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Restaurante solta comunicado e se desculpa sobre episódio de beijo lésbico http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/12/12/restaurante-solta-comunicado-e-se-desculpa-sobre-episodio-de-beijo-lesbico/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/12/12/restaurante-solta-comunicado-e-se-desculpa-sobre-episodio-de-beijo-lesbico/#comments Wed, 12 Dec 2012 14:00:29 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=996 O Blogay relatou no domingo, 9, o incidente que ocorreu em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo quando um casal de lésbicas resolveu deixar um restaurante – bastante frequentado por gays – depois do maitre condenar beijo. A assessoria do grupo Mercearia do Francês mandou um comunicado ao blog, na noite de terça-feira, 11, se desculpando pelo ocorrido.

Leia a íntegra:

“Cara Daniela e amigos,

Gostaríamos de nos desculpar pelo incidente na unidade de Higienópolis do Grupo Mercearia do Francês. Tratou-se de um fato isolado, que não reflete o padrão de atendimento da casa, que atende todas as pessoas sem discriminação de qualquer espécie. Nos comprometeremos a fazer um treinamento mais severo de equipe para assim evitar que incidentes como este se repitam.

Atenciosamente,

Grupo Mercearia do Francês”

Atitudes assim como a deste restaurante são extremamente bem-vindas,  vivemos uma época que a homofobia introjetada está saindo do armário e, muitas vezes, sem querer, por automatismo repete-se erros de uma vivência – de todos nós – marcada por um machismo e um preconceito contra homossexuais ensinados desde a infância como algo natural. O exercício de expurga-los é saudável e um pedido de desculpas é sempre um excelente sinal.

Sobre o beijo gay em publico só queria ressaltar alguns pontos:

– É uma manifestação de carinho e deve ser encarada como o beijo hétero em público.

– As crianças que assistirem a um beijo gay não ficarão traumatizadas, nem terão sua orientação sexual desviada por terem visto este ato, segundo psicólogos.

– Do mesmo modo que casais interraciais eram vistos como escandalosos  e despudorados na décadas de 1950 e 60 e por consequência seus beijos, o mesmo acontece hoje com os casais homossexuais.  Com o tempo, o beijo gay será visto com mais naturalidade, até por gays que condenam os beijos em público.

– Desculpem intolerantes, os gays não irão deixar de se beijar em público, pois para eles não é um ato de ódio ou de revolta, é simplesmente uma forma de demonstrar amor!

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Férias http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/10/20/ferias/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/10/20/ferias/#respond Sat, 20 Oct 2012 11:00:29 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=952 Este blog entra em recesso e só volta depois do dia 5 de novembro.

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Casal gay presta depoimento sobre agressão homofóbica em Salvador http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/13/casal-gay-presta-depoimento-sobre-agressao-homofobica-em-salvador/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/13/casal-gay-presta-depoimento-sobre-agressao-homofobica-em-salvador/#comments Tue, 13 Mar 2012 18:00:14 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=147
Vítima de agressão homofóbica em Salvador (Arquivo Pessoal)

O que era felicidade se tornou brutalidade. O que era abraço se transformou em tortura. Um jovem casal gay foi espancado em Salvador na noite de sábado, 10. Eles prestam depoimento nesta terça-feira, 13, na 11ª Delegacia Territorial (DT/Tancredo Neves).

Porém, Thyago Souza, 24, contou o ocorrido nas redes sociais neste final de semana. “Ontem à noite, eu e meu amor passamos por momentos terríveis de medo, pavor e desespero. Fomos perseguidos e espancados na estação Pirajá. Meu amor teve a cabeça aberta por um objeto que eles o acertaram com tamanha brutalidade. Todos estavam com facas”, escreveu no Facebook.

Segundo ele, os dois estavam voltando de um festa no Rio Vermelho e ao descerem na estação Pirajá, Thyago encostou a cabeça no ombro do namorado. Bastou isso para uma gangue armada com pedaços de madeira e faca aparecesse gritando: “Bate nesses viadinhos. Bate nesses gays mauricinhos”.  Seu namorado levou 10 pontos na cabeça.

O delegado Guilherme Machado é o responsável pelas investigações. O casal passou por três delegacias de Salvador, nos bairros de Cajazeiras, São Caetano e Pau da Lima, mas só consegui fazer o B.O. na de Tancredo Neves.

Além da negligência das delegacias, o boletim de ocorrência registra lesão corporal, segundo informações da unidade policial. Oras, se a gangue estava armada com faca não pode ser só esse o delito, não?

Com o desdém por parte de algumas autoridades, entrou no jogo o componente família e medo, totalmente compreensíveis e que devem ser respeitados. Thyago escreveu: “Atenção, infelizmente não iremos mais expor o ocorrido em rede nacional. Sem o apoio da família não podemos. Iríamos fazer gravações inclusive para o Jornal Nacional e diversos outros jornais. Mas a família não apoia a nossa briga. Agradeço ao apoio de todos e todas as mídias que estão nos ligando e cedendo espaços em todos os jornais. Faremos o que tiver ao nosso alcance respeitando a vontade de nossas mães”.

Percebemos nesse episódio como a violência contra os homossexuais além de físico, passa por um estágio psicológico bem pesado.

***

O casal se abraça antes da tortura (Arquivo Pessoal)

Thyago descreveu assim essa foto: “Momentos antes do espancamento ocorrido na estação Pirajá por ato de homofobia. Estávamos taã felizes mas não imaginaríamos que horas depois iriamos ser brutamente espancado e agredidos por pessoas que não tem amor e que acham que gays devem ser banidos da sociedade. Aí pergunto: quem deve ser banido da sociedade, esse lindo casal ou os monstros que realizaram o brutal espancamento?”

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Morrissey canta na nova cidade dos párias http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/11/morrissey-canta-na-nova-cidade-dos-parias/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/11/morrissey-canta-na-nova-cidade-dos-parias/#comments Mon, 12 Mar 2012 02:55:46 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=141
Morrissey em São Paulo (Adriano Vizoni/Folhapress)

Morrissey se auto-intitula rei dos párias. Um antimonarquista que veio da terra da realeza mais poderosa do mundo: pária. Um homossexual que recusa-se a entrar nos cremes e exercícios físicos do modo de vida gay: pária. Um homem que até alguns anos atrás se dizia celibatário no mundo hiper sexualizado: pária. Um artista que insiste no discurso político em seus shows para uma crítica nervosa que só quer analisar entretenimento: pária.

Neste domingo, 11, o cantor se apresentou em São Paulo, talvez a mais nova cidade dos párias. Aqueles que andam de bicicleta como meio de transporte são párias em São Paulo. Os viciados em crack. que foram expulsos da Cracolândia em um ato supostamente mais político do que ligado à saúde pública e não tem nem centro especial para se tratarem, são párias em São Paulo. Os gays, que apanham de gangues covardes na Paulista ou em qualquer outra região da cidade, são párias em São Paulo. Quem é artista de rua, aqui na capital paulista, virou marginal e pode ser preso, eles são párias em São Paulo. Os que são contra a especulação imobiliária, que parece ser de grande interesse da prefeitura, e lutam para que finalmente seja implantado um parque na rua Augusta com a Caio Prado, são párias. E você que hoje bebe sua cerveja na calçada pode se preparar, você pode ser o mais novo pária a entrar nessa turma de excluídos da cidade de hoje.

A vinda do rei dos párias lotou o Espaço das Américas de párias – simbólicos, é claro, porque os párias de natureza profunda nunca entram em lugar nenhum, só são expulsos. Mas ali, naquela 1h30 de show, os párias puderam se sentir menos isolados e desprotegidos dessa cidade que parece entrar em um triste ocaso.

Mas nem tudo é desesperança, o próprio Morrissey nos faz cantar em plenos pulmões: “Há uma luz que nunca se apaga”, mesmo e porque você é um pária, isto é, um sobrevivente.

[youtube 39KgT7r2V74 nolink]

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A homofobia nossa de cada dia http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/09/a-homofobia-nossa-de-cada-dia/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/09/a-homofobia-nossa-de-cada-dia/#comments Sat, 10 Mar 2012 02:50:47 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=139 [youtube BEXz7iwB2ls nolink]

O vídeo acima chamado de “Machão” faz parte da campanha Diga Não à Homofobia e foi lançado esta semana pelo Voz das Comunidades. O coletivo encomendou para a produtora 11:21 Simplicidade Criativa e é uma criação de Gustavo Bastos, Paulo Franco, Leandro Barbosa, especialmente para combater o preconceito dentro da comunidade do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. O ator Marcio Ehrlich é quem interpreta o homofóbico.

O que é interessante nestes 30 segundos é como de uma forma aparentemente simples é construído um discurso bem complexo. Se por um instante, ele aponta para o homofóbico como um suposto homossexual, o texto também aponta para os gays que ao discriminarem os afeminados estariam repetindo não só reforçando a divisão binária macho/fêmea, bofe/bicha, ativo/passivo, como também estariam exercendo homofobia.

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Gays nas Forças Armadas: 63% dos brasileiros aprovam, diz pesquisa http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/08/gays-nas-forcas-armadas-63-dos-brasileiros-aprovam/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/08/gays-nas-forcas-armadas-63-dos-brasileiros-aprovam/#comments Thu, 08 Mar 2012 20:30:40 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=129
O sargento do Exército Laci Marinho de Araújo (à esq.) e seu companheiro, Fernando Alcântara de Figueiredo (José Varella/Folhapress)

É muita “viadagem” – para colocar essa expressão pejorativa em embate com seu próprio significado – o problema das Forças Armadas com os homossexuais, como se eles fossem menos capazes de defender o país ou ter menos bravura em combate que um hétero. E uma contestação a esse pensamento acreditando que gays podem muito bem estar no Exército, Marinha ou Aeronáutica é compartilhado e defendido por 63, 7% dos brasileiros, segundo pesquisa divulgada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, em fevereiro deste ano.

Os dados revelam que 59,3% dos homens e 68,1% das mulheres são favoráveis à participação dos homossexuais na vida militar do país. O número cresce ainda mais quanto maior a escolaridade do entrevistado: são 73,6% dos que fizeram graduação ou pós que aprovam os gays nas Forças Armadas.

Entre as regiões do Brasil, é a Sudeste que vê menos problemas em relação a esta questão: 68,7% concordam com homossexuais no Exército. Já a região Sul é a única que vence por 59,4% os que não querem o segmento LGBT como militares.

Isto mostra um avanço da sociedade civil brasileira em relação a um tabu, os homossexuais nas Forças Armadas, o que não podemos afirmar com toda a certeza se este avanço é acompanhado pelos militares.

No ano passado, os Estados Unidos aboliram a política “Don’t ask, don’t tell” (“Não pergunte, não conte”) que bania das Forças Armadas militares assumidamente gays, quebrando um tabu que acredita que os homossexuais seriam mais fracos no campo de batalha.

Para quem estuda os famosos exércitos de Esparta, cidade-Estado da Grécia clássica, é conhecido o incentivo de que os militares espartanos tivessem relações sexuais entre si para que na hora da guerra, o combatente não só defendesse a sua própria vida, mas também de seu amado. É famosa também a passagem de “A Ilíada” de Homero que o furioso Aquiles se vinga da morte de amante Pátroclo, castigando Heitor com uma morte violenta.

Isto mostra o quanto mais do que uma verdade universal, os gays nas Forças Armadas fazem parte de uma mudança de mentalidade, de uma mentalidade mais igualitária.

Aquiles cura Pátroclo - Detalhe de vaso em técnica de cerâmica vermelha 500 a.C. (Reprodução)
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Comunismo e homofobia: o gay invisível http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/07/comunismo-e-homofobia-o-gay-invisivel/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/07/comunismo-e-homofobia-o-gay-invisivel/#comments Wed, 07 Mar 2012 23:30:07 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=118
Che Guevara (Montagem)

Dois fatos recentes em países que pertenceram ao chamado bloco comunista chamam a atenção. Primeiro: O presidente de Belarus Alexander Lukashenko disse: “Melhor ser um ditador a ser gay”, em resposta ao ministro do Exterior alemão, Guido Westerwelle, homossexual assumido, que disse ser Belarus a última ditadura da Europa. Segundo: Políticos de São Petersburgo, na Rússia, aprovaram uma lei que “ações públicas dirigidas à propaganda da sodomia, lesbianismo, bissexualidade e transgeneridade entre menores” serão punidas com multas.

Apesar de situações distintas, elas têm o mesmo fundo, a homofobia construída por muitas décadas de comunismo, muito mais do que a alardeava pressão da Igreja Ortodoxa ou de um suposto ultranacionalismo (não que esses elementos também não colaborem para a homofobia desses países que um dia foram comunistas). Os países que pertenciam à antiga União Soviética tinham como política a visão que os homossexuais significavam a decadência do capitalismo e era um mal a ser combatido.

Claro que nem sempre foi assim, logo após a Revolução Comunista, Lênin aboliu a lei anti-sodomia, em 1918. Ali existia o ideal contra todas as opressões, principalmente contra as mulheres e as orientações sexuais. Os anos 1920 foram de certa tolerância, segundo relatos, mais para lésbicas do que para travestis e homens gays. Até que, em 7 de março de 1934, uma lei fixava pena de no mínimo três anos de prisão por relações sexuais entre homens. As ditaduras comunistas tornaram-se mais ditaduras e menos comunistas em certo sentido.

E esse modelo – que prega que os gays são agentes do capitalismo para a corrupção e subversão dos valores do proletariado – foi o seguido por todos os países que aderiram ao regime comunista autoritário. Diferente dos nazistas que tiveram bem documentados os presos com o triângulo rosa (símbolo dos homossexuais nos campos de concentração), essa mesma perspectiva não se tem em relação aos gays que foram enviados aos gulags da Sibéria e aos porões de Pequim, Havana e outros centros comunistas. Pouco se sabe sobre eles. Eles são quase que apagados da História de seus países. São jogados à invisibilidade.

Em Cuba, graças aos livros e depoimentos de Reinaldo Arenas, pode-se tentar construir a cena que milhares de homossexuais foram presos pelo simples fato de não serem héteros. Mas ele aponta para um outro ponto importante: Os homossexuais que sobreviveram nos regimes comunistas sem serem presos. O escritor Lezama Lima e o músico Bola de Nieve são dois exemplos. Este último, Arenas ironizou: “Ele era o cocheiro da revolução”.

Homossexuais, Lezama e Bola poderiam não ser incomodados enquanto sua sexualidade permanecesse invisível. Mas mesmo assim, isto teria um preço. Lembro que, em 1994, em uma viagem para Cuba, procurei durante dias pelas ruas de Havana o romance “Paradiso” de Lezama Lima e álbuns de Bola de Nieve em vão. Achei dois LPS em péssimo estado do cantor genial, muito diferente dos inúmeros livros e discos de Nicolás Guillén, mais adequado ao sistema de Castro na época. Isto quer dizer, a invisibilidade dos dois continuou presente mesmo depois deles mortos e reconhecidamente patrimônios da cultura cubana.

[youtube MXcIRwsmwuw nolink]

Mesmo com o importante mea-culpa de Fidel Castro em 2010, responsabilizando-se pela perseguição aos homossexuais nos anos 1960 e 70, mesmo com a China descriminalização a homossexualidade em 1997, o traço homofóbico dos regimes comunistas não se apagará de uma hora pra outra, por isso, é mais importante que nunca que os gays se tornem cada vez mais visíveis, aliás não só nesses países como também no nosso que nunca foi comunista, mas sempre foi autoritário.

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Em relação à Rússia e a lei de São Petersburgo, a organização All Out fez um vídeo, pedindo para mandar mensagens para o dirigente da cidade pedindo para que essa lei não seja implementada. Assista (legendas em português precisam ser ativadas):

[youtube Hmucr0l1wUA nolink]

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José Dirceu, ABGLT e os movimentos sociais http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/04/jose-dirceu-abglt-e-os-movimentos-sociais/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/04/jose-dirceu-abglt-e-os-movimentos-sociais/#comments Mon, 05 Mar 2012 02:50:41 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=109
José Dirceu e Lula (Lula Marques/Folhapress)

No final de fevereiro, a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) soltou nota por e-mail elogiando o petista José Dirceu.

“Como profissional de direito, articulista e político, você foi muito feliz ao defender a laicidade do Estado e o direito das pessoas à individualidade, à autonomia, à dignidade, à igualdade. Estamos perplexos com certos posicionamentos do governo federal que não estão de acordo com as bandeiras históricas do PT – que tem uma trajetória de compromisso com os direitos humanos e com o combate à homofobia”, diz uma parte da nota.

A referência é pelo texto no blog de Zé Dirceu do dia 16 de fevereiro: “O PT e não o governo precisa assumir disputa política contra a direita”. Diz um trecho: “O governo não precisava entrar nessa disputa. Estes temas – aborto, questões ideológica, homossexualidade – ainda que dividam inclusive a nossa bancada, precisam ser enfrentados não pelo governo, mas pelo PT, por suas bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, nas assembleias legislativas e nas câmaras municipais”.

E continua: “Debater sem patrulhamento e com respeito ao caráter laico do Estado.[…] Vamos ao combate e ao debate, então – o partido, não o governo. Cabe aos que no PT, no Parlamento e na sociedade defendem o fim do preconceito e da violência contra os homossexuais, o direito da mulher decidir sobre seu corpo, e que o aborto tem que ter um tratamento como questão de saúde pública, travar essa batalha”.

O elogio da associação não caiu bem entre alguns militantes. O Diversidade Tucana, ligado ao PSDB, logo soltou nota dizendo que: “se em seu proselitismo político, o deputado cassado José Dirceu deu declarações consideradas pela ABGLT e Toni Reis merecedoras de reconhecimento, não nos oporemos. Mas fazer um documento que chama o corrupto de ‘companheiro de tantas lutas’ e rasga menções elogiosas a seu partido, dizendo que o PT é ‘depositário das esperanças dos movimentos sociais’ é um escandaloso desrespeito à pluralidade ideológica e partidária do Movimento LGBT”.

Mesmo tendo o teor de briga partidária, o escritor Ricardo Rocha Aguieiras lamenta a menção da entidade a José Dirceu em entrevista ao Blogay: “Penso que nem toda visibilidade ou apoio é bom para a causa, alguns podem ser muito nocivos, inclusive. Penso que há um monte de gente que nunca foi devidamente reconhecida em sua luta e que mereceriam serem parabenizadas, como o João Silvério Trevisan ou a Miriam Martinho”.

Já Luís Arruda do grupo Ato Anti-homofobia pontua: “Fiquei feliz por uma pessoa importante dentro do PT aparecer defendendo a laicidade do Estado. Quanto à nota em si, acho que pelo Zé Dirceu ser uma figura de grande antipatia atualmente, com sérias acusações de corrupção e até de coisas piores, atrelar a imagem das LGBTs a ele talvez não seja a melhor estratégia…”

“Dirceu não tem histórico de apoio à causa LGBT. É uma forma sutil da entidade se posicionar de forma critica ao governo e ainda se mostrar aliada do petismo/lulismo”, analisa Marcelo Gerald do site Eleições Hoje.

Gerald nos dá uma pista para o realmente está acontecendo com os movimentos sociais. Muitos deles, de base petista, começaram a apontar, nos últimos meses, uma certa indignação com o governo Dilma Rousseff. Mas como criticar um governo que o PT está à frente?

A solução para alguns petistas é desmembrar a imagem de Lula (José Dirceu estaria ligado a essa nova imagem do lulismo e do PT) com a de Dilma (governo). Seria uma forma (mesmo que esquizofrênica) de continuar ligado ao PT mas fazendo críticas duras ao governo federal.

É assim que muitas entidades petistas ligadas aos movimentos sociais prometem sair às ruas em abril e maio. Na 3.ª Marcha Nacional Contra a Homofobia que acontecerá no dia 17 de maio, em Brasília, o governo Dilma Rousseff  será alvo de “repúdio à homofobia institucional que vem dominando o governo federal”, como anuncia as convocatórias para a passeata.

Mas até quando essa estratégia funcionará para ainda ligar o PT aos movimentos sociais que criticam veemente o governo (petista)?

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Se todos fossem iguais a você, George Clooney http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/02/se-todos-fossem-iguais-a-voce-george-clooney/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/03/02/se-todos-fossem-iguais-a-voce-george-clooney/#comments Fri, 02 Mar 2012 22:03:09 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=103 O mundo precisa de mais Georges Clooneys. E não é nem no quesito beleza, nem fortuna, mas na questão de gente bem resolvida. Ok, não existe gente totalmente bem resolvida, mas o que tem de gente que quer se resolver julgando os problemas dos outros e acreditando que isso é um caminho para se tornar uma pessoa melhor, “mais próxima de Deus” estando certamente muito mais perto do Diabo, não é brincadeira. Principalmente, neste Brasil fundamentalista nosso de cada dia.

É preciso ser muito bem resolvido para declarar que nunca se preocupou em desmentir os boatos se era ou não gay.  “Acho engraçado, mas a última coisa que você jamais vai me ver fazer é dizer: ‘Isto são mentiras!’ Seria injusto e cruel para os meus bons amigos da comunidade gay. Eu não vou deixar ninguém fazer parecer que ser gay é uma coisa ruim. Minha vida privada é privada, e eu estou muito feliz com ela”, disse o George Clooney, 50, em entrevista para a revista “Advocate”. “Eu estarei morto há muito tempo e ainda haverá pessoas que dirão que eu era gay. Eu não dou a mínima”.

Homem que se garante, diriam muitas amigas minhas. E homem que se garante não precisa provar nada pra ninguém, só pra si mesmo. Mas para além da autoconfiança, o que Clooney avança é atentar sobre o padrão cultural que certas verdades prontas como macarrão instantâneo se formam, perceber com clareza as armadilhas de pensamentos solidificados que parecem fórmulas universais imutáveis, mas são só produto de seu tempo como “ser gay é algo ruim” ou a balela que “toda mãe não quer ter um filho gay”.

Frases como estas acima cristalizadas no panorama cultural parecem – mas não são – uma verdade universal que Clooney sabe bem o fundo ao defender o casamento gay. “É o mesmo tipo de argumento que eles [os conservadores] fizeram quando eles não queriam negros para servir nas Forças Armadas, ou quando eles não queriam que os negros se casassem com brancos. Um dia, a luta pelo casamento igualitário parecerá tão arcaica quanto impedir alguém de ir à universidade por ser negro”.

O ator fará junto com Brad Pitt, Martin Sheen, Kevin Bacon, Jane Lynch, Matthew Morrison, Jamie Lee Curtis e Rob Reiner a leitura de uma peça sobre o casamento gay no YouTube, ao vivo do Ebell Wilshire Theatre, em Los Angeles, Califórnia, às 19h45 (14h45 no horário de Brasília). A peça, escrita pelo vencedor do Oscar de melhor roteiro por “Milk – A Voz da Igualdade”, Dustin Lance Black, é um relato de um caso apresentado pela Fundação Americana para os Direitos da Igualdade (AFER) no Tribunal Distrital dos EUA em 2010 para derrubar a Proposição 8, uma emenda constitucional que eliminou os direitos dos casais do mesmo sexo a casar-se no estado da Califórnia.

Engajado na luta pelos direitos dos gays, Clooney mostra generosidade acima de tudo, em um mundo cada vez mais mesquinho, que fundamentalistas sujam Cristo de sangue (coitado!) para impedir outras pessoas que não tem nada com as suas vidas de serem felizes. Incomodam-se tanto com os gays que esquecem de olhar para dentro de suas próprias vidas e viverem em conformidade com o que pregam, confundindo amor com ódio.

Claro que, ao invés de olhar a sua própria sexualidade que deve ser problemática para se incomodar tanto com a dos outros, devem comentar como ratos e com um ar de maldade a sexualidade do ator que segundo o F5 “foi casado de 1989 a 1993 com a atriz Talia Balsam–, namora a lutadora Stacy Keibler, 32, e milita em prol do casamento gay”.

Ah, se todos fossem iguais a você, George!

George Clooney com a namorada, Stacy Keibler (Mario Anzuoni/Reuters)
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