Blogayamor – Blogay http://blogay.blogfolha.uol.com.br A contribuição dos gays, lésbicas e travestis para o mundo Wed, 18 Nov 2015 02:07:18 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 ‘Azul é a Cor Mais Quente’: O amor nosso de cada dia bem de perto http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/12/20/azul-e-a-cor-mais-quente-o-amor-nosso-de-cada-dia-bem-de-perto/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/12/20/azul-e-a-cor-mais-quente-o-amor-nosso-de-cada-dia-bem-de-perto/#comments Fri, 20 Dec 2013 18:00:28 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1558 O amor surge e resiste (ou arruína) muito pelo grau de intimidade que se tem com o outro. É estar perto, no sentido metafísico, muito perto do objeto amado. Para tanto em “Azul é a Cor Mais Quente”, o diretor Abdellatif Kechiche usa e abusa dos closes, tudo para que adentremos na pele, na vida e na alma de Adèle, interpretada de forma grandiosa por Adèle Exarchopoulos. O close é nosso grau de intimidade com a personagem. É o nosso ato de amor para com aquela história que todos, em algum momento, já vivenciaram ou vivenciarão: a ascensão e a decadência de uma relação amorosa.

O psicólogo alemão e professor da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Hugo Munsterberg, escreveu no começo do século 20: “O close-up transpôs para o mundo da percepção o ato mental da atenção […] É como se o mundo exterior fosse sendo urdido dentro da nossa mente e, em vez de leis próprias, obedecesse aos atos de nossa atenção”. Estamos todos atentos em Adèle e nas suas descobertas que, por estarmos tão pertos, são nossas descobertas também.

A atriz Adèle Exarchopoulos é a mais nova Falconetti, a atriz do clássico de 1928, dirigido Carl Theodor Dreyer: “A Paixão de Joana D´Arc”. Seu rosto, dentes e pele nos são confidenciados e revelados a cada fotograma, como numa cruzada/guerra em busca de algo tão espiritual como carnal, o amor.

De tão próximos, percebemos que ela sente desejo por outras mulheres e uma, em específico, irá também ficar perto de nós, Emma (Léa Seydoux). Ela será o primeiro amor desta adolescente que está se tornando adulta.

E com planos cada vez mais fechados chegamos a uma das cenas mais polêmicas do filme, a relação sexual do casal. Muitos a acharam exagerada, ou longa demais, ou explícita demais. Mas o que tem de demais é o fato delas nos perturbar e nos maravilhar também. Em uma sociedade falocêntrica como a nossa, o desejo e o prazer imenso entre duas mulheres sem a presença de um pênis é perturbador e maravilhoso. O filme chega a ser educativo neste sentido.

Nesta cena também presenciamos quase que com elas que não existem papéis como ativo e passivo, existe prazer. Aliás, existem papéis que podem ser trocados em uma mesma noite, em um mesmo desejo. É claro que a constatação imagética de que o pênis não é o centro do mundo sexual e que os papéis sexuais (reprodução da questão heteronormativa que muitos héteros questionam) não são fixos deva causar polêmica. Mas isto só é possível, novamente, por causa do close, por estarmos junto delas, por visualmente transarmos com elas, mas não no sentido do fetiche que faz com que as relações entre duas mulheres possam apenas ser a fantasia de um casal hétero, e sim como um ato de amor nosso com aquela história que acaba sendo nossa também. Como São Tomé, a gente acredita porque está vendo.

O amor tem seu componente trágico e o filme não o deixa de fora, mas sempre na chave do cotidiano. A relação acaba, há e não há culpados assim como saímos do cinema com a sensação que somos tanto Adèle como Emma, tamanha nossa intimidade com elas, tamanho o amor que presenciamos.

Emma (Léa Seydoux) e Adèle (Adèle Exarchopoulos) em “Azul é a Cor Mais Quente” de Abdellatif Kechiche (Divulgação)
Emma (Léa Seydoux) e Adèle (Adèle Exarchopoulos) em “Azul é a Cor Mais Quente” de Abdellatif Kechiche (Divulgação)

PS: O filme é repleto do que eu chamo de “o sublime do cotidiano”. Esta cena abaixo é o aniversário da maioridade de Adèle. Ela está amando e não pode contar para ninguém (é outra mulher! É algo novo para ela), mas seu corpo conta para todos o que está acontecendo com ela. Nesta hora, o azul de seu vestido é a cor mais quente.

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Quero ficar em sua visão feito tatuagem http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/11/22/quero-ficar-em-sua-visao-feito-tatuagem/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/11/22/quero-ficar-em-sua-visao-feito-tatuagem/#comments Fri, 22 Nov 2013 19:30:19 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1518 Tatuagem para alguns é um ato de violência com o corpo, já para outros é uma forma de ficar mais sexy. Nela está também um ato de liberdade (o direito sobre seu próprio corpo) e de aprisionamento também (já que é muito difícil, dolorida e onerosa a remoção de uma tattoo). No primeiro longa-metragem de Hilton Lacerda, todos estes ingredientes se encontram presentes em uma discussão muito atual, apesar do filme se passar em 1978, no final da ditadura militar.

A relação amorosa entre o diretor de uma trupe teatral, Clécio Wanderley (Irandhir Santos), e um jovem soldado, Fininha (Jesuíta Barbosa), já mostra o jogo dos contrários entre liberdade e opressão. Os opostos se atraem e o filme também trata disto.

Mas ficar apenas na reflexão sobre o embate dos contraditórios é ver “Tatuagem” de forma simplista. Hiltinho, como é chamado no meio cinematográfico, trabalha a fundo dois temas caros ao cinema e à sociedade contemporânea: a violência e o sexo.

Hoje banalizados, tanto a violência como o sexo, eles se tornam corriqueiros tanto na cinematografia como nos noticiários e na internet. Engraçado é atentar que o que realmente pode “perturbar” é o sexo amoroso longe da heteronormatividade. O diretor chegou a ser apontado de criar cenas de homoerotismo com a intenção de chocar e acabou defendido por outro diretor pernambucano, Kléber Mendonça Filho, como relata sua entrevista para a revista “Samuel”. Sexo como uma extensão do ato amoroso, longe das relações convencionais, na verdade, é o que pode chocar nossa sociedade. Enfim, o amor não convencional ainda perturba.

Ciente disto, “Tatuagem” deixa explícito o amor homossexual e, como numa espécie de teatro naturalista, trata do tema e o representa com total naturalidade. O choque – ou não – é dado para o espectador sentir e refletir. Que sociedade é esta que se choca com um ato amoroso?

Se a chave do sexo (e sua relação com o amor), o filme trata explicitamente, sem rodeios, já não acontece o mesmo com a violência. Glauber Rocha (citado nominalmente no filme) foi um dos primeiros cineastas a apontar e escrever sobre a banalização da violência no cinema. O tiro de um revólver tem que entrar no cérebro do personagem e tudo, inclusive o sangue, deve ser mostrado de forma direta. A morte brutal como entretenimento!

No filme, todo ato de violência é tratado por um recurso de linguagem que o diretor usa com requinte: a elipse (com exceção da cena do corredor polonês, talvez porque a violência psicológica sofrida por Fininha, antes de apanhar dos soldados, tenha sido mais forte).

A elipse é uma técnica narrativa que passa de um período a outro através de um corte de tempo.  Por isto, não vemos o embate (sangrento?) entre os militares e a trupe teatral em um momento chave do filme ou a separação do casal de protagonistas (afinal, a separação também é uma forma de violência).

A violência é silenciada de seu habitual holofote, “Tatuagem” deixa para nós a imaginarmos e assim ela fica mais suavizada. Ela está presente, mas de forma implícita durante todo o filme. Nada mais atual.

Mais do que uma história de amor, “Tatuagem” é a história de amor com o cinema, ou melhor, com um tipo de cinema, aquele que reflete e emociona ao mesmo tempo, algo tão em falta no mercado.

O militar Fininha (Jesuíta Barbosa) e o diretor de uma trupe teatral Clécio (Irandhir Santos) vivem relação amorosa em “Tatuagem”, de Hilton Lacerda (Divulgação)
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A violência da falta de amor e a esperança http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/08/24/a-violencia-da-falta-de-amor-e-a-esperanca/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/08/24/a-violencia-da-falta-de-amor-e-a-esperanca/#comments Sun, 25 Aug 2013 02:40:15 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1370 Apesar do aparente clichê da frase de Criolo: “Não existe amor em SP” , ela acabou adotada, transformada, invertida e divulgada por muitas pessoas porque trazia uma verdade impalpável. O amor como antônimo de solidão é algo difícil de encontrar não só em São Paulo, mas nos grandes centros urbanos e também nos pequenos, enfim, no mundo. A violência provocada pela falta dele está não só na letra do rapper, mas em sintonia com este sentimento podemos ver e ouvi-lo na peça “Desamor”, de Walcyr Carrasco e encenada por Dionísio Neto e também nesta pequena pérola chamada “Dama da Noite”, realizada com força expressiva pelo ator Luiz Fernando Almeida em cima de um texto homônimo de Caio Fernando de Abreu. Dama fica mais um sábado, 31 de agosto, em cartaz em São Paulo no Espaço Cultural Pinho de Riga (R. Conselheiro Ramalho, 599).

Neste monólogo, uma “bicha velha” – como Dama da Noite se auto-intitula -conversa com um “boy”, alguém que ela  poderá pagar uma bebida e ter sexo fácil, mas nunca amor. A sacada é transformar os espectadores no outro, no jovem que a personagem aponta o dedo. Como não há aparente amor, não há delicadeza nem sutileza por parte de Dama da Noite para com seu interlocutor – o que acaba sendo uma experiência profunda e perturbadora no melhor dos sentidos para a plateia – e é neste termo que temos que entender a violência que é gerada pela falta de amor e feita de forma muito talentosa na peça.

Aliás, a personagem é violenta – no sentido de não medir as palavras e os gestos – não só com seu interlocutor, mas consigo e entendemos no final que tudo é porque não existe amor, existe sim a projeção e o desejo que ele floresça. Sem falar da grande confusão contemporânea que a peça também desenvolve entre amor e sexo, apesar de Dama ter alguma clareza sobre esta confusão.

Não é por acaso que a personagem é um homossexual, pois nele está o cerne que esclarece esta confusão entre amor e sexo, muitos vezes percebidas como a mesma coisa. Os gays são aqueles que reivindicam o amor pelo mesmo sexo. A questão de gênero é crucial, pois a atração sexual – um elemento, mas não o único para  a formação do relacionamento amoroso – se dá de forma diferente da dos heterossexuais, obviamente. Enfim, o grito dos gays muito mais do que pelo direito de poder ter relações sexuais com pessoas do mesmo sexo, é por amor. Pois para chegar lá precisamos do sexo também como elemento, mas não o único nem o mesmo. “Ele é de um jeito que ainda não sei, porque nem vi. Vai olhar direto para mim. Ele vai sentar na minha mesa, me olhar no olho, pegar na minha mão, encostar seu joelho quente na minha coxa fria e dizer: vem comigo. É por ele que eu venho aqui, boy, quase toda noite”, diz mostrando que não desistiu do amor.

Enfim, em Dama da Noite, o mais assustador é perceber, através de suas porradas e dedos em riste, que falta mais  amor (agora no sentido amplo da palavra) em nós mesmos, muito mais do que na cidade. Mas não vamos desistir dele, por favor, ele pode alguma hora entrar por alguma porta, quem sabe…

“Dama da Noite”, direção de André Leahun e interpretada por Luiz Fernando Almeida (Divulgação)
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Existe ou não existe amor em SP? http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/01/25/existe-ou-nao-existe-amor-em-sp/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/01/25/existe-ou-nao-existe-amor-em-sp/#comments Fri, 25 Jan 2013 16:00:35 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1048 São Paulo, que completa 459 anos nesta sexta-feira,25, tem maltratado muito seus moradores. Uma cidade com uma polícia agressiva, toques de recolher,  chacinas nunca explicadas, falta de espaços públicos (a morosidade em nome da especulação imobiliária para que uma área na rua Augusta com a Caio Prado vire um parque para toda a população da região central da cidade é um exemplo), episódios quase que diários de homofobia, uma arquitetura contemporânea pavorosa, uma elite mesquinha e uma classe pobre e média conservadora, faz com que se endosse tanto descaso pela vida humana na maior cidade do país.  Quando o rapper Criolo exclama “não existe amor em SP” parece que o músico nos joga na cara o óbvio, o que está evidente e só faltava ser falado (ou cantado).

Durante décadas São Paulo foi odiada pelo resto do país. Frases como a de Vinicius de Moraes que “São Paulo é o túmulo do samba” ou a clássica de Nelson Rodrigues, “A pior solidão é a companhia de um paulista”, não surgem em vão. Existia uma recusa e uma incompreensão com aquilo que destoava da tal “brasilidade”.  A cidade não se encaixava no ideal tropical que é tão evidente, por exemplo, no Rio de Janeiro e em Salvador, que por muito tempo foram a síntese e a ideia de Brasil.

Mas o que era diferente, o estranho,  o fora do lugar (numa metáfora às minorias e aos gays) , começou desde os anos 1980 a ditar comportamentos para o Brasil.  E este ódio pela cidade foi diminuindo um pouco pelos brasileiros que não moram na capital paulista. Mas se existe alguém que critica com veemência, esculhamba e bufa contra São Paulo são os próprios paulistanos e os moradores que aqui vivem (que são considerados também paulistanos) – esta simbiose não existe em nenhuma outra cidade do país como também esta baixíssima autoestima pela cidade por parte paulistanos (isto é, todos que vivem em SP). Como já escrevi uma vez: “São Paulo, te amo odiar, te odeio amar”.

A relação de amor e desamor com São Paulo e da cidade com seus habitantes é um traço vital, é seu yin e yang.  Assim se opera a relação de seus moradores com esta metrópole. Outros habitantes de outras capitais poderiam dizer que também têm este “approach” com suas cidades, mas nunca será algo primordial e intenso como é para quem vive em SP.

Colocadas estas observações, volto ao primeiro parágrafo que diz que a cidade está nos maltratando.  O equilíbrio entre amor e desamor que existe em São Paulo e nela com seus habitantes está em desequilíbrio. Não é à toa que cartazes pela cidade pedem “mais amor por favor” e muitas pessoas rebatem Criolo e a todo momento dizem: “Existe amor em SP”.

O amor é um assunto central na cidade hoje – o atual prefeito Fernando Haddad  (PT) explicitou em seu discurso de posse no começo deste ano esta vontade de amor no debate sobre a cidade, (clique aqui nos 4:00) –  e nos orgulhemos, é um luxo que  um sentimento individual, próprio da individualidade seja tratado de forma coletiva sem autoritarismo e muita poesia. Precisamos reajustar esta balança, mas o sentimento de querermos mais amor já diz muito que este reajuste em breve acontecerá.

Sem pânico em SP, parabéns São Paulo!

Cena de “Cidade Oculta” (1986), de Chico Botelho (Reprodução/Vídeo)
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Xuxa sai em defesa de casal gay que adotou criança http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/08/05/xuxa-sai-em-defesa-de-casal-gay-que-adotou-crianca/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/08/05/xuxa-sai-em-defesa-de-casal-gay-que-adotou-crianca/#comments Sun, 05 Aug 2012 17:00:09 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=692 O TV Xuxa exibido no sábado, 4, dedicou um bloco inteiro para debater sobre a adoção de crianças. Logo no primeiro VT que a apresentadora chama para discutir o tema, temos um casal homossexual, Claudio e Almir, que adotaram Rafael.  O assunto é tratado com muita naturalidade e a questão sobre eles serem homossexuais não é debatida no vídeo, apenas a história de amor entre eles e o filho.

Claudio e Almir com o filho adotivo Rafael em VT do TV Xuxa (Reprodução/Vídeo)

Ao terminar o vídeo, Xuxa agradece os convidados e diz: “Na hora aqui [que estava passando o VT para o auditório], eu ouvi alguém falando aí: ‘Quem é o pai?’”

Firme, a apresentadora responde: “Os dois são os pais. E os dois vão ser as mães também, sabe… Minha mãe fez o papel de pai quando meu pai não estava com a gente. O que a gente tem que ser é acarinhada, amada, é isto que uma criança precisa”.

Sem entrar no discurso militante, Xuxa, nestes poucos minutos, contribuiu para uma parcela de sua audiência enxergassem de forma simples e importante que um casal gay pode adotar e cuidar de uma criança. Além de normatizar (a palavra sempre usada de forma pejorativa, agora ganha qualidades positivas) que os homossexuais podem e devem ter direito à adoção de crianças, ela amplia também não só a discussão sobre a adoção como a dos direitos homossexuais.

Neste momento, Xuxa provou que foi realmente uma verdadeira rainha, e não só dos baixinhos.

Veja o interessante bloco sobre adoção clicando aqui. O depoimento do casal homossexual e a defesa de Xuxa começa aos 7min37s.

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O amor não tem orientação sexual http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/05/11/a-razao-de-existir-do-blogay-a-liberdade-e-o-respeito-a-sexualidade-de-cada-individuo/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/05/11/a-razao-de-existir-do-blogay-a-liberdade-e-o-respeito-a-sexualidade-de-cada-individuo/#comments Fri, 11 May 2012 23:30:18 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=329 [youtube BNEDPYiRa8c nolink]

Este curta acima, “Thirteen and so Minutes” (“Treze Minutos ou Perto Disso”) dirigido por Branden Blinn, em 2010, tem em imagens um pouco dos princípios deste blog: que sim, as orientações sexuais existem e devem ser respeitadas, mas acima de tudo há o amor e este não conhece estas divisões.

Muito das nossas repressões – héteros, bissexuais ou gays – acontecem por aprisionarmos o que tem de engrandecedor em nós mesmos: a capacidade de sermos livres.

Sermos livres das fronteiras das orientações sexuais, de gênero e até do desejo construído. Da mesma forma que é possível que dois caras de orientação heterossexual possam sentir desejo um pelo outro (dentro de um caso específico), o mesmo pode acontecer inversamente.

Eu mesmo sou vítima daquilo que recrimino e que contesto agora, porque eu quero ser feliz em um certo futuro. Já definida a minha orientação sexual, considerando-me homossexual,  apaixonei-me perdidamente por uma garota e não soube lidar com o fato. O resultado é que reagi de forma confusa e equivocada e não vivenciei este amor em sua plenitude.

Muito diferente dos nefastos tratamentos de conversão de gays em héteros propostos por religiosos e psicólogos de formação dúbia, isto não tinha nada a ver com minha orientação sexual. Hoje sei que poderia amá-la (como já vi acontecer com alguns gays) e era independente da minha atração por homens que continuava a sentir, mas no fundo tinha amor era por alguém que não estava dentro da minha caixinha das sexualidades. Esta mulher e seu encanto fizeram com que esta fronteira fosse quebrada. As orientações sexuais estão no campo do desejo, o amor é outra coisa.

Conto esta história pessoal menos como uma forma narcisista e sim como uma correlação ao vídeo acima. Quem sabe no futuro, estes rótulos tenham cada vez menos importância e o amor, acima ou ao lado do desejo – se imponha sempre.

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