Blogayagressão – Blogay http://blogay.blogfolha.uol.com.br A contribuição dos gays, lésbicas e travestis para o mundo Wed, 18 Nov 2015 02:07:18 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Rapaz é agredido na rua Augusta, em São Paulo; suspeita-se de homofobia http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2014/05/31/rapaz-e-agredido-na-rua-augusta-em-sao-paulo-suspeita-se-de-homofobia/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2014/05/31/rapaz-e-agredido-na-rua-augusta-em-sao-paulo-suspeita-se-de-homofobia/#comments Sat, 31 May 2014 22:00:06 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1709 Era para ser uma noite com amigos, diversão e risadas, mas a madrugada de quinta-feira, 29, acabou se tornando um pesadelo para o designer gráfico Danilo Pimentel, 31. Ele levou uma pedrada na cara em plena rua Augusta, foi parar no hospital, teve que fazer uma cirurgia no nariz, fraturou o maxilar e está com escoriações pelo corpo. “Ainda sinto muita dor”, disse para o Blogay por telefone neste sábado, 31. Além disto, ele – e os amigos que o acompanharam na noite da agressão – tem forte certeza que o ataque foi de origem homofóbica.

“Estávamos no Caos (bar que fica na rua Augusta entre as ruas Antônia de Queirós e Marquês de Paranaguá) quando resolvemos ir para um outro bar mais abaixo. Um rapaz de cabeça raspada e tatuagem no pescoço implicou de forma homofóbica com um amigo meu, o Marcelo, os dois brigaram. Ele deu três socos no Marcelo que revidou com um e a gente separou a briga”, relata.

Eles resolveram seguir adiante deixando o agressor de lado, era um grupo de mais ou menos dez pessoas e que tinha meninas também. Todos colocaram o agredido no meio da turma, meio que para protegê-lo. Danilo ficou para trás com outro amigo que o abraçou. E este gesto terno acabou surtindo o efeito contrário do que se espera dele.

“A partir daí, eu não lembro de mais nada. Só os relatos dos amigos, pois eu desacordei. O cara veio com um paralelepípedo e acertou na minha cara. Desmaiei na horae fui de cara no chão. E ele continuou me agredido, chutando. Meu amigo tentou  ajudar, mas acabou sendo agredido, aí vieram os outros para separar a briga. Se estivesse sozinho, tenho certeza que estaria morto a esta hora”, conta.

Danilo acredita que o fato do amigo ter o abraçado provocou a ira do agressor. Ele gritava apontando para Danilo desmaiado e o amigo: “você acha que eles não estão fazendo nada?”

Ele também crê que a agressão homofóbica aconteceu pelo fato do rapaz ser skinhead de vertente de extrema-direita (grupo neonazista que prega o extermínio das minorias) (ler P.S.). “E não é apenas pelo o fato dele ser careca e ter a tatuagem no pescoço. Uma amiga, que estava no grupo e que é DJ na Augusta, conversou, depois do ocorrido, com os seguranças dos bares e boates próximos que garantiram que o rapaz é skinhead e frequenta um bar do grupo que fica ali perto”, disse.

O Blogay tem recebido alguns relatos de agressões a homossexuais exatamente na rua Augusta, na área conhecida como Baixo Augusta, mas sempre muito vagas e esparsas, porque o agredido acaba tendo medo de denunciar. Danilo, ao contrário, fez, neste sábado, B.O., exame de corpo delito e pretende tomar medidas judiciais cabíveis contra o que ocorreu com ele.

“Agressão a homossexuais não deveria acontecer em lugar nenhum, ainda mais na Augusta que é super gay friendly. Não quero ficar com medo de andar na rua, por isto estou denunciando o que aconteceu comigo. E muito menos quero ter medo de abraçar um amigo em um ato de carinho”, finaliza.

A atitude de Danilo é muito importante: denunciar, pois sempre querem calar o agredido através da humilhação da violência física. Agora, também é essencial que a polícia, que tem uma DP na mesma quadra do ocorrido, seja ainda mais presente e investigue a fundo este possível skinhead de vertente neonazista ou possíveis grupos de skinheads com a mesma ideologia que se reúnem na Augusta para vandalizar fisicamente com as pessoas. Esta é a primeira denúncia formal, espero que agredidos por estes grupos na Augusta se manifestem para além do buchicho que acaba chegando até mim.

Danilo Pimental com o rosto inchado, o maxilar fraturado, o nariz quebrado e a boca inchada depois de agressão na rua Augusta, em São Paulo ( Arquivo Pessoal)
Danilo Pimentel com o rosto inchado, o maxilar fraturado, o nariz quebrado e a boca inchada depois de agressão na rua Augusta, em São Paulo ( Arquivo Pessoal)

P.S. : O leitor deste blog Johnny Bigode alertou que nem todo skinhead é neonazista, existe grupos de vertentes bem tolerantes como o RASH ou o SHARP. Alberto Lopes também chamou a atenção para este detalhe importante.

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Militantes marcam protesto contra homofobia em estação de trem http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2014/04/25/militantes-marcam-protesto-contra-homofobia-em-estacao-de-trem/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2014/04/25/militantes-marcam-protesto-contra-homofobia-em-estacao-de-trem/#comments Fri, 25 Apr 2014 11:30:02 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=1679 No começo do mês, o assessor parlamentar Agripino Magalhães, 33, acusou 11 seguranças terceirizados e dois policiais ferroviários de agressão física e homofobia, ocorrido na Estação Palmeiras-Barra Funda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Militantes marcam para esta sexta-feira, 25, às 17h, protesto no mesmo local para chamar a atenção sobre a violência contra homossexuais.

O fato começou como uma discussão no banheiro depois que Magalhães ouviu declarações homofóbicas de um segurança da CPTM e o confrontou. A violência acabou ganhando maiores proporções com e entrada de outros vigias e seguranças. Ao tentarem impedir as agressões, também apanharam dos funcionários, um outro rapaz e uma senhora, que, segundo o assessor parlamentar relatou ao Blogay, acabou também sofrendo agressões. “A interferência dela foi muito importante porque ela nos defendeu muito das agressões dos seguranças”.

A reação de Agripino é exemplar para qualquer tipo de agressão. Ele não abaixou a cabeça. Mesmo o agredido sempre se sentir humilhado psicologicamente, ele, todo machucado, foi à polícia. “Fiz o B.O. na Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano) e vou a processar a CPTM e Gocil (empresa terceirizada para fazer a segurança da estação). O meu advogado é o doutor Ademar Gomes”.

O Blogay entrou em contato com a assessoria da CPTM e eles informaram, por telefone, que “ as providências foram tomadas e que agora o caso é com a polícia”.  Agripino também nos relatou que “segundo a CPTM, os seguranças foram afastados do trabalho até que a empresa Gocil tomasse suas providências. Eu fiquei muito machucado, com várias marcas no meu corpo”.

Perguntado se ele não temia voltar à estação e sofrer represálias, Magalhães deu outra reposta exemplar: “Eu não tenho medo pois se não fazer valer nossos direitos, esses assassinos tomam conta do nosso país, enfrentaria novamente”.

O caso das agressões contra Agripino são emblemáticas. Primeiro, ele não admitiu declarações homofóbicas, que acontecem todos os dias ao nosso redor e muitas vezes nos calamos, ele reagiu contra elas. Depois, mesmo agredido, resolveu tomar as medidas legais contra a violência homofóbica. Ele não caiu no exercício (tacanho) de transformar a vítima em culpada de ser agredida. E, por fim, ele denunciou em diversas instâncias (polícia, imprensa, militância) o fato. Temos muito a aprender com este exemplo.

Agripino Magalhães acusa seguranças da CPTM de agressão homofóbica e militantes marcam protesto (Reprodução/Facebook)
Agripino Magalhães acusa seguranças da CPTM de agressão homofóbica e militantes marcam protesto (Reprodução/Facebook)
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‘Vi a covardia e a coragem brigando na minha frente’, diz testemunha de agressão homofóbica em Pinheiros http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/12/04/vi-a-covardia-e-a-coragem-brigando-na-minha-frente-diz-testemunha-de-agressao-homofobica-em-pinheiros/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/12/04/vi-a-covardia-e-a-coragem-brigando-na-minha-frente-diz-testemunha-de-agressao-homofobica-em-pinheiros/#comments Wed, 05 Dec 2012 01:50:36 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=983 Mais uma agressão com caráter homofóbico na cidade de São Paulo. Na noite de segunda-feira, 3, o estudante de direito André Cardoso Gomes Baliera estava andando a pé quando foi xingado pelo personal trainer Diego Mosca, 29, e pelo empresário Bruno Portieri, 25, segundo informações da PM. Ao responder as ofensas, os dois deixaram o seu carro e agrediram fisicamente o rapaz que é assumidamente gay.

O estudante de direito André Cardoso Gomes Baliera que foi vítima de ataque homofóbico (Eduardo Knapp/Folhapress)

Mas o caso tem contornos muito diferentes de outras violências contra homossexuais ocorridas recentemente na cidade e no país. A mais importante é que não houve um pacto silencioso das testemunhas como em casos anteriores. Agora, muitas diante da violência e da força bruta tentaram impedir de alguma forma e não se incomodaram de testemunhar  para os policiais o ocorrido como ato de homofobia, algo que há pouco tempo parecia tão difícil de se qualificar, quase uma “paranoia de militante”. Percebeu-se pelas pessoas presentes, em suas retinas, e foi exemplificado pelo sangue e a covardia de dois fortões contra um o que é homofobia. Todas as testemunhas que deram depoimento para a imprensa afirmaram ser um ato homofóbico.

Mesmo a imprensa que costuma ser tão estatística e fria ao noticiar estes casos, se posicionou de forma indignada.  E por fim,  mesmo que paradoxal e cheio de preconceitos, muitos leitores e internautas detectaram no homofóbico um traço de homossexualidade enrustida. Apesar do gesto pejorativo e às vezes agressivo como resposta à violência dos dois fisiculturistas,  as pessoas começaram a perceber o valor de uma antiga tese: Que muitos dos homofóbicos têm uma sexualidade mal resolvida, podendo sim esconder uma possível homossexualidade.

Voltando ao primeiro tópico, o mais importante é sem dúvida a reação das testemunhas, estas não mais dentro de um discurso de “isto não é comigo” ou “apanhou porque mereceu (era bicha)”. A educadora Teca Soub estava no momento da agressão e relatou ao Blogay o que viu:

“Passei  no local na hora que os caras estavam começando a bater no André. Não vi as provocações verbais . Eram dois caras ‘musculosos’, sem camisa, correndo atrás de um rapaz e dando porrada sem nenhum temor. Primeiro, derrubaram o pacote que o André levava na mão e gritavam muito: ‘Viado tem que tomar porrada, vem aqui seu merdinha’. O André reagiu bem firme e enfrentou mandando tapa nos caras. Eu não consegui chegar perto deles, só gritava. Uma moça ao meu lado conseguiu ligar para a polícia, eu sai correndo atrás de algum policial que estivesse por perto. Às 18h40, os policiais chegaram e acalmaram a situação.

O André machucou a cabeça e teve ferimentos na mão. Isso tudo você já deve saber, o importante de contar é que ninguém apoiou os caras, todas as pessoas estavam horrorizadas com a enorme truculência . Chegou muita gente perto e fiquei ali, esperando ouvir algum comentário preconceituoso para meter a mão na cara (pior que é verdade, eu tive um ódio que nunca senti), mas, o melhor e mais emocionante, é que não rolou. Todos estavam indignados com a violência gratuita. É claro que só depois que a briga começou é que podemos sacar que era homofobia. Teve uma moça que gritava: ‘Isso tem que parar de acontecer, isso é preconceito’. Um frentista me disse que o policia tinha que ser firme porque ele já tinha visto isso acontecer na Henrique Schaumann muitas vezes.

Os policiais cercaram os dois caras e foram bem duros. André ficou se acalmando, alguém trouxe um banco. Todo mundo testemunhou a favor dele. Fiz questão de ficar por ali, dizendo pra todo mundo que chegava e queria saber o que aconteceu, ‘Não foi uma briga de trânsito, isso é homofobia porra!’.

Só sei que esse André é um cara admirável e eu tô muito impressionada com sua força moral. Foi muito duro, eu passei o dia inteiro lembrando da cena. Os caras são uns animais, só digo isso, aquilo não é gente não. Vi a covardia e a coragem brigando na minha frente. Viva o André!“

O relato prova que algo mudou e foi para melhor, mesmo que para isto – infelizmente – quase uma pessoa quase foi morta.

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Após ser barrada em banheiro feminino, transexual é agredida em boate de Corumbá http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/09/01/ao-ser-barrada-em-banheiro-feminino-transexual-e-agredida-em-boate-de-corumba/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/09/01/ao-ser-barrada-em-banheiro-feminino-transexual-e-agredida-em-boate-de-corumba/#comments Sun, 02 Sep 2012 02:30:54 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=776
Rafaela Morais com a marca da agressão (Arquivo Pessoal)

A transexual Rafaela Morais, 28, foi agredida com uma lata de cerveja jogada em seu rosto, depois de ser impedida de utilizar o banheiro feminino da casa noturna Studium 1.054, em Corumbá, Mato Grosso do Sul, na madrugada de sexta para sábado, 26.

Era a terceira vez que ela ia ao banheiro, mas foi impedida de entrar por uma funcionária da boate que exigiu um documento da transexual que provasse que ela era mulher.

Por ironia do destino, Rafaela estava na casa noturna comemorando a decisão de poder trocar seu nome nos documentos e sua nova certidão de nascimento que alterará seu nome masculino pelo feminino, concedido por um juiz em Brasília.

Ela fez um boletim de ocorrência com o acontecido: por ser vítima de preconceito e não ter sido atendida com os primeiros socorros ainda no local.  Conforme notifica sua assessoria ao Blogay, Rafaela ficou indignada.

“Nunca sofri uma humilhação tão grande na minha vida e está sendo cada dia mais difícil superar o que passei. A mulher não viu um homem na frente dela e, sim, uma mulher. Além disso, eu já havia usado o banheiro duas vezes, porque pedir meus documentos depois?”, pergunta a transexual.

O advogado criminalista Jairo Lopes ressalta: “Somente quem teria competência para exigir documentos de alguém seria uma autoridade pública ou estabelecimentos privados na comprovação de uma idade mínima para o ingresso em uma casa noturna, por exemplo.”

Lopes diz que no caso de Rafaela poderá haver acusações de danos morais e  diversas possibilidades de crimes.

Com a discussão sobre identidade de gênero sendo travada cada vez mais no país,  surgem algumas questões a serem solucionadas e repensadas como qual o lugar dos transgêneros em ambientes que existe a divisão de gênero como banheiros, vestiários, saunas.

Recentemente um evento realizado pelo “revista TPM”, em uma casa em São Paulo, deu uma resposta a esta questão ao colocar ao lado do signo que indicava o banheiro feminino, o retrato da(o) cartunista Laerte. Isto é, o banheiro era de todas que se identificassem com o gênero feminino.

Entrada do banheiro feminino da Casa TPM (Instagram/Vitor Angelo)
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Manifestação pede criminalização da homofobia depois de mais um ataque a gay na região da Paulista http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/07/13/manifestacao-pede-criminalizacao-da-homofobia-depois-de-mais-um-ataque-a-gay-na-regiao-da-paulista/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/07/13/manifestacao-pede-criminalizacao-da-homofobia-depois-de-mais-um-ataque-a-gay-na-regiao-da-paulista/#comments Sat, 14 Jul 2012 02:55:02 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=584 Depois do depoimento no Facebook do blogueiro Evertton Henrique, 24, sobre a agressão que sofreu na região da Paulista nos últimos dias de junho,  militantes, simpatizantes e pessoas indignadas com a violência resolveram fazer uma manifestação contra a homofobia. Ela acontece neste sábado, 14, às 23h, na esquina de Frei Caneca com a Peixoto Gomide, na região central de São Paulo.

O relato de Henrique em nas redes sociais dá uma ideia da violência gratuita que ele sofreu.

Evertton Henrique logo após a agressão (Reprodução / Facebook Evertton Henrique)

“Não existe homofobia no Brasil! Essa é a frase que o deputado Jair Bolsonaro já disse muitas vezes por onde passa. Mas a homofobia existe sim no Brasil. E está literalmente na minha cara. Essa é uma foto que tirei agora a pouco depois que fui atacado por quatro adolescentes ontem na Frei Caneca. Me atacaram de surpresa e sem eu poder reagir. Me bateram muito, me humilharam, quebraram meu celular e depois o jogaram junto com minha carteira no bueiro. Mas eu tive sorte, nessa mesma semana um garoto no Rio de Janeiro foi morto com requintes de crueldade. Eu só fui mais uma bichinha que apanhou na Paulista. O pior é que não fui a primeira e não serei a última. O policiamento é ineficiente e a prefeitura está cagando e andando pra gente, esta é a verdade. Meu corpo inteiro dói, mas nada dói mais do que minha alma. Eu estava apenas andando, sozinho, saindo de uma balada. Eles me disseram que viram eu saindo da “balada de viado sozinho” e resolveram “brincar” comigo. Já chorei muito, já pensei muito, e não existe nada que me tire o medo que estou sentindo. Medo e raiva, muita raiva. Quando você vê algo assim na televisão, você nunca imagina que vai acontecer com você. Um me enforcou por trás, enquanto outros dois se revezavam em dar socos no meu estômago, depois me jogaram no chão e começaram a me chutar e pisar na minha cabeça. Por um milagre, ou coisa que o valha, um segurança de um prédio próximo, apareceu e espantou os marginais. Não olhei para o rosto deles. Eu só sentia medo. Tinha certeza que iria morrer. Algumas pessoas passaram por ali e me viram no chão apanhando e não fizeram nada. Agora a pouco falei com minha mãe pelo telefone e dói muito ouvir sua mãe chorar de preocupação por você. Eu não paro de chorar desde então. Eu sei que isso que aconteceu comigo é horrível, mas poderia ser bem pior. Eu poderia estar morto. Mas agora tenho a chance de contar o que aconteceu comigo e tentar alertar a todos. As providências legais serão tomadas e tomara que alguma coisa aconteça com esses marginais. […] O meu sangue está nas mãos desses bandidos e nas mãos de Malafaia, Bolsonaro, Apolinário, Papa, e de tantos outros que pregam seu ódio aos homossexuais. Agora estou por baixo, mas quando eu levantar, estarei mais forte e com mais gana do que nunca de lutar para que esse mundo seja um lugar onde os gays, lésbicas, travestis, transexuais, homens, mulheres, crianças e todos aqueles que mereçam, sejam respeitados pelo simples fato de existir. Foram só alguns arranhões que em alguns dias vão sumir da minha pele, mas as marcas profundas que deixaram na minha alma nunca serão cicatrizadas, ficarão abertas e expostas e isso me ajudará a fazer o certo sempre. Desculpe-me pelo desabafo, mas precisa colocar para fora todo o sentimento que está dentro do meu peito. E por favor, tomem cuidado, eu tive sorte ontem, e espero que ninguém passe pelo o que eu passei, mas sabemos que eu poderia estar morto agora. Se protejam, não façam igual eu que estava sozinho de madrugada na rua, vamos nos proteger, nos unir… Eu tenho fé que um dia essa minha experiência vá parecer algo tão irracional quanto a escravidão é hoje. Mas sinto que esse dia ainda está muito distante”.

Os manifestantes pedem para que levem velas.

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Irmãos gêmeos são confundidos com homossexuais e um deles é morto http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/06/27/irmaos-gemeos-sao-confundidos-com-homossexuais-e-um-deles-e-morto/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/06/27/irmaos-gemeos-sao-confundidos-com-homossexuais-e-um-deles-e-morto/#comments Wed, 27 Jun 2012 19:30:41 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=537 Um simples abraço foi o motivo para que oito homens agredissem os irmãos gêmeos José Leonardo da Silva e José Leandro da Silva, 22. A ira foi tal que Leonardo morreu no local ao levar diversas pedradas na cabeça, Leandro conseguiu sobreviver, como informa a versão online do jornal baiano A Tarde, nesta quarta-feira, 27.

O crime ocorreu em na madrugada de domingo para segunda, 25, quando os irmãos voltavam do Camaforró, em Camaçari, cidade da Grande Salvador.

“Pensaram que eles fossem um casal homossexual. Os agressores e as vítimas não se conheciam e não tiveram nenhuma briga anterior, por isso acho que a motivação seja a homofobia”, disse a delegada da 18ª DT, Maria Tereza Santos Silva, em depoimento para o jornal. Ela não tem dúvida que trata-se de um crime de homofobia.

Das sete pessoas enviadas à delegacia, três foram indiciadas e estão presas – Douglas dos Santos Estrela, 19, Adriano Santos Lopes da Silva, 21 e Adan Jorge Araújo Benevides, 22 – e um dos assassinos, Diogo dos Santos Estrela, está foragido.

Leonardo deixa mulher grávida de quatro meses.

Eis mais um exemplo de como a homofobia não tem como alvo apenas os gays. Por um abraço camarada de dois irmãos, um deles pagou com a vida. Sempre leio aqui no blog e em discursos de homofóbicos que temos já uma lei contra a agressão, mas esta linha de pensamento, além de falha porque não compreende a totalidade do problema, é perversa porque não quer saber qual o motivo da morte e que este motivo seja criminalizado.

Não é possível mais admitir que alguém acredite que por uma outra pessoa ser ou parecer ser homossexual, ela mereça morrer. É a luta do afeto contra a violência. E, por enquanto, no Brasil, por culpa do Legislativo e do Executivo que se mostram ausentes e desprezam qualquer lei que pretenda criminalizar a homofobia, é que a violência que infelizmente está vencendo neste país tido como cordial.

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O gay feminino: Homossexual que inspirou o personagem Crô em “Fina Estampa” é agredido http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/05/02/o-gay-feminino-homossexual-que-inspirou-o-personagem-cro-em-fina-estampa-e-agredido/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/05/02/o-gay-feminino-homossexual-que-inspirou-o-personagem-cro-em-fina-estampa-e-agredido/#comments Thu, 03 May 2012 02:00:23 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=290
David Alvarez depois da agressão (Reprodução/Instagram)

Foi assim que ficou o cantor David Alvarez depois que apanhou de seguranças na boate Fosfobox, em Copacabana, Rio de Janeiro, na manhã de terça-feira, 1º. Ele inspirou o ator Marcelo Serrado na composição do personagem Crô, na novela Fina Estampa de Aguinaldo Silva.

A situação de uma violência gratuita ganha contornos mais sombrios quando pensamos que a agressão aos homossexuais afeminados é encorajada e bem pouco condenada por uma certa parcela da sociedade.

Há pouco tempo, um deputado federal pedia para pais baterem em seus filhos ao perceberem algum sinal de homossexualidade neles. Oras o que pode ser visto como o tal “traço gay” seria uma certa feminilidade do garoto ou masculinidade da menina, o que não necessariamente os tornariam homossexuais. Aliás, existem muitos gays que não apresentam qualquer conotação feminina, assim como lésbicas nem um pouco masculinizadas.

O que fica claro é que quanto o homem for mais feminino, isto é, com mais símbolos culturais das mulheres, mais ele merece uma surra, pois assim é que no fundo devem ser tratadas as mulheres para os vivenciam esta mentalidade. No caso das mulheres, ao serem mais masculinas, elas entram em uma zona de confronto com o próprio homem e o estupro corretivo muitas verzes é a resposta para os que não suportam a diversidade.

No caso de David Alvarez, – mesmo o motivo sendo torpe e não ter aparentemente relação com homofobia – o fato dele ser montado, dar pinta com um topete imenso e cheio de laquê deve ser pelo menos um dispositivo para que a agressão possa ser feita de maneira mais enfática como a que vendo o rosto do cantor não podemos nos deixar de questionar:  Tudo isso por causa de um cigarro?

Os homossexuais afeminados, os que se montam e atravessam a fronteira da masculinidade estão muito mais na linha de fogo dos homofóbicos que os chamados “discretos”. Aliás, estão também na mira de outros gays que os condenam por sua feminilidade (muitas vezes não percebendo a sua própria afetação).

Eles são em si bandeiras ambulantes contra o machismo. O ator Marcelo Serrado – que compôs intuitivamente de forma fantástica o mordomo Crô – não conseguiu entender a dimensão de seu personagem, maior até do que o ator, ao afirmar que Crô não levantava bandeiras.  Ser Crô ou Daniel Alvarez é levantar bandeiras.

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Deus é gay http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/04/25/deus-e-gay/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/04/25/deus-e-gay/#comments Wed, 25 Apr 2012 22:30:41 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=270 No final dessa semana, uma pichação causou comoção, em Santa Helena, interior do Paraná. Foram três frases como “Deus é Gay”, “Pequenas Igrejas, Grandes Negócios” e “Fuck the religion”. Os autores foram detidos e o assunto foi tratado como um ato de intolerância religiosa.

Veja o vídeo sobre o caso clicando aqui.

As duas últimas frases são claramente agressivas – independente de você acreditar ou não em alguma religião ou ter suspeitas que certas igrejas são corruptas – mas “Deus é gay” só é ofensiva de um certo ponto de vista cultural: a que considera ser gay algo ofensivo e/ou a que não crê que Deus criou todas as coisas.

Muitos dizem que Deus é mais, é tudo, é amor ou como São Tomás de Aquino disse em sua “Suma Teológica”: “Deus est in omnibus rebus”, isto é, Deus está em todas as coisas existentes.

“De duas maneiras se diz que Deus está em uma coisa: Primeiro, como causa eficiente, e nesse sentido ele está em tudo que criou. Segundo, como objeto de uma operação que está naquele que opera, o que é próprio das operações da alma, em que o objeto conhecido está no sujeito que o conhece, e o objeto desejado naquele que o deseja. Por esta segunda modalidade, Deus está de modo especial na criatura racional, que O conhece e que O ama, em ato ou por habitus”, escreveu o filósofo cristão ao aproximar através da razão aristotelismo e cristianismo.

Ora se os gays fazem parte do mundo criado por Deus, para aqueles que acreditam que Deus criou tudo no mundo, como no caso da Igreja Católica, ela não pode se dizer ofendida, pois se tudo que Deus criou, ele lá está, o mesmo deve ocorrer com os homossexuais, pois – segundo as crenças da própria igreja- Deus criou tudo que existe.

Em suma: Deus também é gay.

Deus est in omnibus rebus (Brisa Issa / Arquivo Pessoal)
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Vídeo mostra lésbica sendo barrada em banheiro feminino em Brasília http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/02/28/video-mostra-lesbica-sendo-barrada-em-banheiro-feminino-em-brasilia/ http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/02/28/video-mostra-lesbica-sendo-barrada-em-banheiro-feminino-em-brasilia/#comments Tue, 28 Feb 2012 23:00:57 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11328453.jpeg http://blogay.blogfolha.uol.com.br/?p=95 [youtube bYOSp0nm1lw nolink]

O vídeo postado no dia 22 de fevereiro no YouTube mostra imagens de uma lésbica indo ao banheiro feminino e sendo barrada pelo segurança com violência. Segundo a descrição na rede social: “por volta das 0h, no Carnaval de rua de Brasília, ao tentar usar o banheiro feminino de um shopping (Centro Empresarial São Francisco 102/3 Sul), o segurança me barrou e me agrediu dizendo que eu não poderia entra no banheiro feminino porque, segundo ele, eu era um menino. Enfiou a mão no meu peito me empurrando e chamou reforço. Em nenhum momento, ele me deixou esclarecer o mal entendido”.

Recentemente, tivemos o caso do(a) cartunista  Laerte Coutinho/Sonia Cateruni que foi advertido(a) pelo gerente de um restaurante por ter usado o banheiro feminino. Laerte/Sonia se denomina travesti. E as críticas desse episódio se dirigiam sobre a adequação – seja do entendimento ou da superação – das questões sobre as diferenças entre sexo biológico (macho/intersexo/fêmea) e expressão de gênero (masculino/andrógeno/feminino).

No caso da lésbica barrada no banheiro temos um outro elemento que entra no embate de forma explícita, dessa vez sobre expressão de gênero, sexo biológico e também orientação sexual (heterossexual/bissexual/homossexual).

E mesmo com algumas meninas gritando que ela é menina, o segurança insiste em ser agressivo, como se o fato da lésbica ser masculina fosse para ele uma ofensa. Mas ofensa mesmo parece ser a de que para certos segmentos de gays, lésbicas, travestis  e transexuais não existe banheiro apropriado.

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